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10 de janeiro de 2008

Venho contestar-te, Luis

Comprar casa não passava pela cabeça de nenhum jovem das minhas relações quando pensavam em casar, alugava-se casa e pequenina, porque os ordenados eram em contos de muito pouco reis.

Hoje não é assim é inconcebível um jovem citadino, não ter um carro ou comprar casa quando se casa. Percebe-se que o valor dos arrendamentos versus prestação da casa em compra é equivalente.Parece tudo melhor e mais confortável.

São estas as afirmações que não estou de acordo contigo

No tempo em que falas, os ordenados eram em contos e eram poucos os contos.
O que é preciso também afirmar, apesar de me considerar uma privilegiada principalmente nesses tempos, é que as casas também custavam pouquíssimos contos, que a vida em geral, o preço dos bens era barata.
A minha casa em Lisboa com quatro assoalhadas, não muito grandes, tinha a renda de dois contos ou seja 2.000$oo.
Tinha dois empregos, mas ganhava 6 contos.
As casas eram, em proporção com os ordenados, muitíssimo mais baratas do que são hoje.
Mas ainda me lembro de alguns preços:
Cabrito - 90$00 kg
café do melhor - 48$00 kg
perdiz verdadeira, dos bens mais caros - 48$oo cada
carne de bife - 78$00 kg
bica - 1$50 = quinze tostões
Português Suave - 2$50 = vinte cinco tostões.

No tempo em que falas, ninguém comprava casa, a não ser as pessoas excepcionalmente ricas.
Quem comprava casa, nem sequer eram andares, compravam o prédio inteiro, para rendimento, e era com o dinheiro das rendas que viviam, ou que pelo menos, punham o dinheiro a render. Uma espécie de juros.

Incrível que dês a entender que os jovens compram casa porque o querem fazer, em vez de te "atirares" às políticas de arrendamento que vêm a ser seguidas, não dando nenhuma hipótese aos proprietários de sequer poderem fazer obras de manutenção.
As poucas casas que há para alugar, são caríssimas, porque exactamente há poucas.
A maior parte das famílias então endividadas até à ponta dos cabelos, por não haverem políticas de jeito, para que houvesse mercado de arrendamento florescente.

Comprar casa é a maior estupidez, não fosse o arrendamento não existir.
Quem é que quererá ter os encargos dos cond0mínios e as obras de manutenção para fazer, quando o pagamento da casa ainda estiver a meio? se pudesse arrendar sem ter todos esses encargos?

Comprar casa é melhor e mais confortável? desde quando? qual é a tua visão da coisa?
Saberás o que se está a passar com as famílias portuguesas, ou pura e simplesmente, quando ouves falar no seu endividamento, pensas que é por gastarem demais?

Já alguma vez te deste ao trabalho de comparares políticas de habitação com outros países?

O jovem citadino, só compra casa porque não tem mais nenhuma alternativa.

6 comentários:

Luís Maia disse...

Minha querida e muito estimada Maria Faia, onde leste que eu estava a atirar-me aos jovens que optam por comprar casa em vez de alugarem ?

Nunca disse isso apenas constatei uma realidade que aliás corroboras,a diferença entre os "nossos tempos" e o dos jovens de hoje.

Claro que o mercado de arrendamento é o que é porque existe especulação imobiliária logo ao nível do custo dos próprios terrenos e como sempre o investidor português investe hoje 100 e quer ter 200 amanhã no bolso.

Os jovens não têm culpa.

Quando casei em 65, fui viver para a Porcalhota, uma renda que alugámos por 650$00, sendo que o ordenado dos 2 era de 3.500$00. Altamente prejudicado o meu porque como não tinha tropa feita, tive que me contentar com 1.000$00 mês e já foi bom arranja-lo

Quanto a isto acho que dissemos os dois a mesma coisa.

Afirmei que os jovens optam por comprar, porque o valor mensal a despender, com a compra é equivalente ao do arrendamento, logo compram.

Aproveito para introduzir outro dado novo, que poderia levar a que equacionassem o arrendamento, que é o carácter volátil de hoje, da instituição casamento ou lá o que lhe queiram chamar, porque uma vez dissolvida a relação fica o problema da casa que assumiram os dois pagar até aos 70 anos.

Quanto à vida dos jovens actualmente disse que a vida deles PARECE tudo melhor e mais confortável.

Disse só que parece não disse que era.
Parece porque vive rodeados de tudo o que é moderno, mas cravados de dividas e com empregos precários, quando há.

Claro que as pessoas vivem todas acima daquilo que podem, novos e velho.

As famílias estão super endividadas.

Aqui é que podemos estar em desacordo, acho que ninguém se inibe de nada, mesmo dando como desculpa a força da pressão da publicidade.

Lembro bem que durante muito tempo eu e a minha jovem mulher, íamos ver, como muita gente, a Tv ao café, não compramos logo um aparelho pura e simplesmente porque não podíamos.

Eu adoro trocar ideias, mas tu lês muito depressa minha querida.

Beijinhos

xistosa, josé torres disse...

O mercado de arrendamento, pura e simplesmente volatilizou-se.
Em 72, como lidava com a construção civil, já depois de alugar uma casa, porque pretendia casar, apareceu-me uma pechincha, de quem posteriormente e até aos dias de hoje se tornou num grande amigo.
Um T3, com garagem individual, por 425 contos.
Eu ganhava, 5150$00 e a mulher estava a acabar o curso.
Foi o meu euromilhões.
Paguei para mim ...
Mas hoje, as mensalidades equivalem-se, ou até são inferiores aos alugueres.
Os jovens endividam-se ...
Quando tudo corre bem ... BEM!
Mas o pior é que querem telemóveis do último grito, pois a última geração será brevemente, daqui a poucos anos.
Querem um carro para cada, porque o andar é longe do emprego e tem que levá-los à porta do emprego.
Não há planeamento de despesas e distribuição de tarefas.
Ninguém anda a pé ... e se andar, como eu, sou criticado, não cruxificado.
Moro a cerca de 20 Km do meu antigo emprego, que ficava num palacete, com uma quinta enorme, onde não falta estacionamento, mas ... meto-me no metro, (são cerca de 30 minutos a "pedalar" bem) e aí vou eu.
Talvez a velhice nos coarcte alguns
neurónios que só agem até determinada idade.
Mas alguém tem que animar o mercado do aluguer ... não sei como, nem quem, nem quando, mas não é possível sermos todos donos de uma habitação.
Depois há os empréstimos ...

Como mínimo, cabe falar de IMPRUDÊNCIAS!

Das instituições financeiras, que não avisaram com suficiente ênfase aos seus clientes o risco que assumiam e o próprio Estado, que tolerou e tolera o abuso, que não limitou o risco e que não impôs a obrigação de proporcionar aquela informação.

Talvez um dia tudo se modifique ...

maria faia disse...

E meu querido Luis, onde leste que eu tw acuso de te estares a atirar aos jovens que compram casa?

a frase escrita é:

"Incrível que dês a entender que os jovens compram casa porque o querem fazer, em vez de te "atirares" às políticas de arrendamento que vêm a ser seguidas,..."

e nela nem vislumbro o que dizes.
O "PARECE" da maneira como o puseste, dá a entender que é.

Não contesto o facto de ler depressa, mas tu és mais rápido ainda do que eu.

maria faia disse...

Estou de acordo com tudo o que dizes.

Mas o que vejo dos jovens que gravitam à minha volta é que estão endividados sim, mas por causa da casa e da falta de planeamento familiar.
Querem dois filhos e têm-nos, sem fazerem contas primeiro.

Não vou falar das políticas de arrendamento, porque teria de falar mais uma vez de partidos, para os quais todo o bicho careta que é proprietário, é um filho da puta, e não me apetece.

Fica bem

Anónimo disse...

Pois é... toda a gente aqui fala muito bem, cada qual com o seu argumento. Mas também ainda ninguém reparou que por causa dos arrendamentos serem altíssimos os jovens preferem (burri-se, pois já cheguei a conclusão que mesmo altas é melhor alugar, porque se aumentarem muito a sempre hipóteses de mudarmos para outra) comprar casa, mas infelizmente como nas instituições bancárias também a corruptos e só querem é clientes, enganam os jovens e escondem os podres dos empréstimos bancários para comprar uma casa, e graças a eles e não há minha falta de orientação monetária estou com a corda no pescoço, a 3 anos que quero andar com a minha vida para a frente e não posso porque o ordenado já nem para comer dá, e como isto anda nem para vender casas está fácil... E como disse não é por falta de orientação nem querer luxo e ter as ultimas novidades do século, mas sim porque os bancos vendem de uma maneira e com o passar dos meses vamos a ver que porcaria de credito temos, isso sim é triste, porque acabam por desgraçar a vida dos jovens, e desgraçam mesmo, porque são jovens e infelizmente nós não nascemos a saber tudo e há quem se aproveite disso.

maria faia disse...

Olá Anónimo


Sim, acontece muito, infelizmente.

mas os jovens, todos os jovens de todos os tempos, sempre tiveram de aprender com a experiência, mesmo que venham os pais dizer que é disparate....
falo por experiência própria.

Cuidado, já agora, com essa ideia de vender a casa, pergunte primeiro ao banco no que incorre se quebrar o contrato.

Mais outro conselho.
Vá ter com a DECO. Eles costumam ser capazes de renegociar as dívidas com os credores, depois de analizarem as suas dívidas, e de verem quanto é capaz de pagar por mês.
Não deixe de ir à DECO. Garanto-lhe que é um bom conselho.

O melhor para si, e que tudo comece a correr bem

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