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5 de fevereiro de 2009

A greve na Marinha Grande

Casa Comum, 31 de Janeiro de 1934

Cara Severa

Para muita gente que julga que somos uma gente amorfa e sem capacidade de luta, eis o desmentido, a reacção ao "pacote corporativo" que o Salazar inventou, para domesticar o povo em geral e os trabalhadores em particular.

Eis pois essa insurreição nacional em 18 de Janeiro de 1934 que resulta indirectamente de um longo processo de luta social e sindical , e como contestação à ofensiva corporativa contra os sindicatos livres, por força do recém-publicado “Estatuto do Trabalho Nacional e Organização dos Sindicatos Nacionais” em Setembro do ano passado.

A ideia de domesticar a luta de classes, poderá ter passado pela cabeça do coimbrão, mas ele não pode contrariar o curso da história, poderá só atrasa-lo pela força.

A colaboração das classes sociais com vista à harmonia do capital e do trabalho, sob a bandeira do “interesse nacional”, leia-se "interesse patronal", tem como objectivo o controlo dos sindicatos pelo Governo, que tem ainda poderes de fiscalização, intervenção e orientação de toda a actividade sindical e da contratação colectiva do trabalho.

Para a grande parte das organizações sindicais era impensável a dependência do Estado e a perda de autonomia e liberdade, bem como a colaboração entre patronato e classe operária, num equilíbrio extremamente desigual de forças.

Esta realidade acabou por gerar elos de união entre os sindicatos, a Confederação Geral do Trabalho (anarco-sindicalista), a Federação Autónoma Operária (socialista) a Comissão Intersindical (comunista) em torno do objectivo da greve geral revolucionária de 18 de Janeiro de 1934, a qual deveria ter irrompido em simultâneo com uma sublevação militar republicana ,que não chegou a acontecer, como sempre minha cara, em virtude da velha pecha nacional, chamada desorganização.

Registaram-se greves gerais de carácter pacífico em Almada, Barreiro, Sines, Silves, e manifestações operárias, mais ou menos um pouco violentas na Marinha Grande, Seixal, Alfeite, Cacilhas e Setúbal.

O centro industrial vidreiro da Marinha Grande foi onde a greve foi mais bem organizada e resistente sob a direcção dum tal José Gregório, um militante comunista, mas a força militar acabou por levar a melhor o número de detidos na Marinha Grande teria ascendido no mínimo, a 130 pessoas, por enquanto, e não auguro lhes aconteça nada de bom, porque segundo já ouvi dizer o Salazar, está a pensar mandar construir uma prisão, em Cabo Verde, donde escapar com vida, se tornará por certo impossível.

No passado dia 28, na sessão do "desagravo" no Teatro São Carlos quando da apresentação da Acção Escolar de Vanguarda, promovida por João Ameal e Manuel Múrias sob a Presidência de Carmona o ditador discursa referindo que o comunismo é a grande heresia da nossa idade.

Como a questão da greve geral, fosse uma jornada de luta pela implantação duma sociedade bolchevique e não estivesse em causa, como motivo primeiro as deploráveis condições de trabalho, que se apresentam aos trabalhadores, com horários de 12 horas por dias nas fábrica e o sol a sol nos campos, em em ambos os casos tudo em extrema precariedade.


A minha sugestão musical para hoje (até pode parecer que é por acaso), é a audição da abertura do Sonho duma noite de verão de Mendelssohn.

21 de agosto de 2008

A Liga de Paris precisa de asas para voar


Enquanto os sinais de reforço dos poderes ditatoriais continuam a acentuar-se em Portugal e no resto da Europa, acrescente-se, se torna evidente a clivagem entre as forças pró-ditatoriais e os resistentes republicanos.

A luta continua aberta, embora desigual, começando o ataque à imprensa livre afecta ás forças republicanas, como o ataque às instalações do jornal a Batalha, o jornal propriedade da União Operária Nacional de tendência anarquista, na sequência aliás da ofensiva contra o sindicalismo de esquerda, já que dias antes também a Confederação Geral do Trabalho havia sido dissolvida.

Em contra-partida o governo de Vicente de Freitas diz querer transformar o 1º de Maio numa Festa do Trabalho a ser "comemorada em serenidade, paz e harmonia social". É este o conceito das forças da ditadura, tentar governamentalizar o movimento sindical autónomo, por forma a que pela utilização de frases queridas aos ouvidos de toda a gente, colocar um orgão criado para defesa dos interesses dos trabalhadores ao seu serviço.

A Liga de Defesa da República, foi criada em Paris em torno de Afonso Costa, constituida por nomes como Álvaro de Castro, José Domingues dos Santos, Jaime Cortesão e António Sérgio, disseram-me que se propõe lançar dali as bases da luta contra a ditadura instalada no poder

Naturalmente que tenho algumas dúvidas, que essa luta dirigida do exterior possa ter uma acção preponderante, razão provável para que tenham considerado importante aceitar uma ligação à CGT por terem ligações com os comunistas e visto a República dever encaminhar-se para a esquerda, apoiando-se nas classes operárias, segundo a visão expressa por Afonso Costa,

Os sonhos de Afonso Costa e da Liga de Paris precisam de ganhar asas para poder voar. Voar como Charles Lindbergh, um jovem de 25 anos, que ontem conseguiu o feito brilhante e ousado de fazer a ligação a Paris por avião por sobre o Atlântico apenas em 33 horas e 31 minutos , tripulando o The Spirit of Saint Louis.

Casa Comum,22 de Maio de 1927

31 de julho de 2008

O morte de Monet


A arte é intemporal, refiro a verdadeira a que nos aquece por dentro, não a passageira a fútil que não passa duma moda qualquer.

Foi a morte de Monet a 5 de Dezembro que me trouxe a ideia do "conforto" que a sua pintura me induz, particularmente nestes tempos pintados por cores tão negras.

Sou um apaixonado pelos impressionistas, cuja pintura ao mesmo tempo bela e delicada nos temas, é igualmente fugaz, deixando-nos um rasto de imprecisão de menos rigor tranquilizante.

Monet não quis ser um académico, a sua escola acabou por ser o experimentalismo com Auguste Renoir e outros ensaiando a técnica de pintar o efeito da luz com rápidas pinceladas,e que mais tarde seria conhecido como impressionismo.

Tantas dificuldades passou para impor a sua obra, que praticamente só começa a ser apreciada exactamente com a série os Nenúfares, reconhecimento tardio diga-se, mas que, apesar de tudo não deixou de acontecer ainda em vida dele.

Acabou assim o ano de 1926, sombrio com a nuvem negra do governo de ditadura militar, que a rebelião de Chaves de 11 e Setembro sob o comando do capitão Alfredo António Chaves, não conseguiu por cobro.

A ocupação da sede da Confederação geral dos Trabalhadores, meses depois do assalto ao jornal A Batalha , falando-se intensamente na criação duma polícia política, que me fazem temer pelo fim dos ideais republicanos.

Acabou o ano com a preocupação da resolução do encargo nacional para com a Inglaterra, traduzido na enorme dívida contraída por Afonso Costa, para fazer face à ridícula intervenção militar na guerra 1914-18. Deveria ter sido paga em 2 anos, terminado o conflito, mas anda por lá agora Sínel de Cordes a tentar renegociar esse encargo, conseguirá ?

Temas e Instituições