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30 de janeiro de 2008

Assassinado pelo bloco central


Decorre no sábado o centenário do regicído de D.Carlos I e de seu filho mais velho e herdeiro do trono, o meu homónimo Luís Filipe.

Não é o sítio nem o local para descrever todos os factos quer da ocorrência, quer das causas que motivaram, esse facto que se adivinhava na altura e tinham alguns como inevitável.

Fala-se hoje se a eventualidade da abdicação no seu filho poderia eventualmente evitar esse derramamento do sangue, eu direi peremptoriamente que não.

A crise era já longa, profunda e decorrente do evoluir das novas ideias, que emanavam do liberalismo, já então na sua evolução republicana e igualmente radicalizada pelas teorias anarquistas.

As culpas próprias inerentes ao seu diletantismo, no agravar dessa crise foram inquestionáveis, culminando no seu apoio directo a ditadura de João Franco, tida como a causa próxima do desenlace fatal.

Importa também referir o quanto D.Carlos foi igualmente vítima de ser rei dos portugueses. Primeiramente da estultícia imbecilóide de alguns políticos portugueses, País onde a maioria do povo passava fome, que não se desenvolvia, se cravava de dívidas, que não tinha indústria, pretender ser dona de meia África, só porque se mandava um punhado de exploradores valentes atravessá-la de costa a costa.

A isso se achavam com direito, políticos de um País que não tinha dinheiro sequer para criar uma carreira regular marítima para a Guiné.

Era este país de se achava no direito de afrontar a poderosa Inglaterra no apogeu do seu imperialismo encabeçado por Cecíl Rhodes.

Foi esta gente, essa corja de políticos que o rodeavam, que perante o definitivo e impaciente Ultimatum de 1890, proposto por uma Inglaterra fartíssima de os aturar, que sempre se refugiou atrás dum pseudo patriotismo, deixando ao rei o libelo acusatório de traição à Pátria e de colaboracionismo com os ingleses, quando toda a gente sabia que não havia outro caminho a seguir senão ceder.

Se por natureza D.Carlos nunca foi um rei popular, eventualmente por timidez, pois na intimidade parece que era muito simpático, esse acontecimento em definitivo arrasou a sua popularidade e viria a feri-lo de morte.

A queda da monarquia era inevitável, mas afirmo convictamente que mais do que os tiros da pistola carbonária que o matou foi a habitual mentalidade dos políticos portugueses, que preferem os seus próprios interesses partidários aos do País, que "preparam" a morte do rei.

Nesse tempo o conluio político-partidário chamava-se rotativismo, pois também já havia bloco central esses sim os verdadeiros regicidas qua armaram a mão de Buiça.

26 de janeiro de 2008

As Teias e as Aranhas



Claro que cada um tem a sua maneira de ver e sentir o amor.
Alguns sentem a sua força, comparável a uma teia de aranha.
A imagem pode não ser bonita assim escrita, mas se pensarmos numa teia cheia de gotículas



de orvalho, como a da imagem em cima, percebemos a beleza que pode ser, tal como o Amor.

As aranhas são exímias tecedeiras, tal como o Amor tece os seus desígnios.

Os fios das aranhas são cinco vezes mais fortes que o aço, tal como os laços do Amor

A teia pode esticar mais de quatro vezes o seu tamanho, o Amor cresce muito mais do que isso.

Se o fio da aranha tivesse a grossura de um lápis, podia parar um Boeing 747 em pleno vôo, tal como o Amor pode parar investidas de outros, interessados em o destruir.

Pescadores da Polinésia usam fio de aranha como linha de pesca, assim como o Amor pode “pescar” quem quiser.



As aranhas produzem fios em quantidade e espessura adequadas para construírem as suas teias, assim como nós deveríamos produzir cumplicidades para construir o nosso Amor.

Algumas aranhas, constroem no centro da teia outra pequena espiral, ou uma rede de malhas, que funciona como "refúgio", assim como nós deveríamos construir “refúgios” para o nosso Amor.

As aranhas reparam constantemente as suas teias, tal como nós deveríamos ter o cuidado de o tratar.


Há aranhas cujos fios são tão finos, que não são vistos por olhos humanos, a não ser orvalhados, assim deveria ser o nosso Amor orvalhado por mel.

O Amor constrói-se pela vida fora, hora a hora e dia a dia.

23 de janeiro de 2008

Que amor não me engane

O céu, a terra, o vento sossegado...
As ondas, que se estendem pela areia...
Os peixes, que no mar o sono enfreia...
O nocturno silêncio repousado...

O pescador Aónio, que, deitado
Onde co vento a água se meneia,
Chorando, o nome amado em vão nomeia,
Que não pode ser mais que nomeado:

- Ondas – dezia – antes que Amor me mate,
Tornai-me a minha Ninfa, que tão cedo
Me fizestes à morte estar sujeita.

Ninguém lhe fala; o mar de longe bate;
Move-se brandamente o arvoredo;
Leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita.
-
-
Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
-
"Para fazer amor, para mim, é sempre necessário amor e paixão, e por isso mesmo é fazer sexo, duro e puro, selvagem de preferência." - escreve a Maria Faia dois posts abaixo.
Para comentar esta afirmação, escolho começar com dois poemas de Camões: um, o primeiro, que eu não hesito nunca em colocar na lista dos dez mais belos poemas da língua portuguesa; outro - "Amor é fogo que arde" - que não hesito nunca em colocar na lista dos dez mais infelizes poemas da literatura universal.
Um verbo os separa e qualifica: o verbo ser.
Em "O céu, a terra, o vento sossegado" o verbo ser aparece uma vez, uma única vez, na forma negativa e para declarar que o nome amado não pode ser mais do que nomeado, que nomear o nome do Amor é deitar ao vento a voz que o vento há-de levar.
Inversamente, o segundo e infeliz soneto está saturado do verbo ser, saturação que o oxímoro que sempre se lhe segue não logra atenuar.
Um verbo, qualquer verbo, é sempre uma entidade demasiado concreta para poder ser usada ao falar do amor (por isso, o verbo é sistematicamente omitido no primeiro soneto; também por isso, ele é tão belo). O verbo ser é o mais concreto de todos os verbos e, por consequência, o pior para alcançar esse êxtase diáfano, transcendente, indefível que ocorre quando digo "AMO".
E talvez esteja aí, no "AMO", a linha ténue da fronteira entre o amor, a paixão, o sexo e o fazer amor, fazendo sexo.
"AMO" - grita desesperado ao vento o pescador Aónio, nomeando o nome amado que, à morte sujeito, não pode ser mais do que nomeado. "AMO" - chora o pescador Aónio, sabendo que o seu verbo nunca se fará sexo, nunca devirá fúria orgásmica, nunca chegará a ser "AMO-TE".
Mas, quando alguém fala de AMOR, nunca sabe do que fala.

22 de janeiro de 2008

Quando for grande quero ser como o Robin


A atracção pelo meu baú de recordações, não para de apelar à minha atenção.
Nem me apetece negar que isso seja um sinal de velhice, admito perfeitamente que sim.
Também não acho que esse sintoma seja um sinal de saudosismo que penso, ser maleita que não me aflige.

Confesso que gosto de rever algumas imagens, porque também acho que vistas com olhos de ver, que neste caso só eu sei descortinar, podem também ser reveladora de certa maneira do que são os traços do nosso carácter.

Tudo isto para explicar, como se vê, que estou mascarado de Robin dos Bosques.

Lembro-me ainda hoje perfeitamente, que era um fã dessa história passada nos bosques de Sherwood, no tempo do usurpador João, que se havia apoderado do trono de Ricardo coração de leão, que envolvido nas cruzadas havia sido aprisionado.

Alguém me lera essa história, que me apaixonara e provavelmente desde essa altura e ao longo da minha vida tenha sempre preferido o lado dos que lutam pela liberdade, pelos mais desfavorecidos e abomine usurpadores, traidores e respectiva corte.

Relembro que nesse tempo não havia a industria de máscaras de Carnaval já feitas, pelo que toda ela foi confeccionada pela minha mãe, (menos s botas claro). O arco, as flechas e o respectivo suporte para as ditas, tudo feito por um tio meu que na altura connosco vivia.

Não explico por não saber a razão porque apareço mascarado de "canhoto", segurando o arco ao contrário da minha tendência natural de dextro.

Talvez contudo, também aí possa haver um sinal que tenha ficado para a vida, esta mania de ser "esquerdalho empedernido."

Como eu desejo ainda hoje ,quando for grande, vir a ser como o Robin Hood.

16 de janeiro de 2008

Fazer Amor versus Sexo


Gostei imenso do post da Isabela, mas não estou nem um bocadinho de acordo com o post do Luís Maia

Fazer amor não é é estar todos os dias em todas as ocasiões ao lado de quem se ama, segurar a mão quando o outro sofre, sentir que a nossa vida não é nada se um dia ficarmos sós. Fazer amor é tudo isso que se pode fazer e sentir. ”

Fazer amor, para mim, não tem rigorosamente nada a ver com o que Luis Maia diz.

Mas antes de dissertar sobre o que para mim é fazer amor, gostaria de dizer que estou completamente de acordo com texto da Isabela, desde que possa inferir que o nosso desejo pode ser igualmente irracional, desalmado, feito de fogo e fúria, de raiva sem objecto e que também pode ser, tão rasteiro, tão cão e tão puro.

Há palavras mais bonitas do que outras, e às vezes nada têm a ver com o seu significado, mas sim com a agressividade do som, com a aspereza.

“Fazer amor” é uma maneira de dizer “ter sexo” ou “fazer sexo”, pelo menos para mim.
É uma questão de socialmente correcto (e aparece-me de imediato um sorriso trocista, porque nem quero acreditar que estou a assumir que sou socialmente correcta), e de maior delicadeza, ou de palavras mais belas e menos agressivas do que sexo.

Por isso, para mim, fazer amor é de certeza fazer ou ter sexo.
Nada tem a ver com o pegar da mão, ou coisa do género.

“Sexo é outra coisa e acho óptimo que nunca se confunda”

Com esta frase, é que me virei do avesso.
Esta frase podia ter sido dita pelo meu avô, que teria agora mais de cem anos.
É uma frase altamente machista.

Amor é dar a mão ao ser amado, quando ele sofre, é estarmos ao pé dele em todas as ocasiões, é sentirmos que a vida nada vale se ficarmos sem ele…… mas SEXO, é para ser feito com outra, que não seja a de todos os dias, foi a elação que tirei, poderá não estar correcta, mas foi o que de imediato associei , mal li esta frase

Fazer amor, sem amor, é talvez o sexo de que o Luís Maia fala. Aquele que se faz com outra, aquele que não se faz com a mulher.

Para fazer amor, para mim, é sempre necessário amor e paixão, e por isso mesmo é fazer sexo, duro e puro, selvagem de preferência.
Por isso, também não é egoísta, nunca o poderia ser.
Porque ao desejo do homem de tal maneira intenso, corresponde o desejo da mulher de igual intensidade e é nessa troca de prazeres, de intensidades, de paixões e de amores, que se perde o egoísmo.

14 de janeiro de 2008

DE PEQUENINO, DE MUITO PEQUENINO

Há muito e muitos anos, há tantos que nem deles há memória nos livros, numa pequena aldeia cheia de sombras e frescuras de uma farta linha de água que aos animais dava bebida e aos homens permitia o abastecimento dos poços dos seus quintais, viva só, em sua casa e nas memórias cheias de negrume, um velho tão velho que já a ninguém ocorria a recordação de quando fora moço e como mal falava com os seus vizinhos, dado passar os dias na sua busca de alimento esmolado e nas orações que, a seu ver, lhe permitiriam resgatar a culpa perante Ele, nem mesmo os de mais avançada idade, ninguém era capaz de dizer se ele ali havia nascido e sempre habitado ou se, como tantas vezes sucede, teria vindo de alhures para estabelecer a sua vida e dos seus. Fosse como fosse, pouca importância isso tinha, pois não lhe conheciam família e, se por acaso ela existisse, o pobre homem também dela não falava.
Um dia seguia ele pelo caminho de uma outra aldeia das redondezas onde deveria obter uma recompensa por um trabalho de oleiro em que outrora foram mestre, quando lhe apareceu pela frente um bando de homens de cara tapada que logo o rodearam com a evidência de propósitos assustadores.
“-Nada temas, velho homem.” –Disse-lhe aquele que parecia ser o chefe e que de imediato se mostrou interessado em saber pormenores a seu respeito.
Que mal tinha ele feito para andar por ali, com aquela idade, ainda forçado a ganhar o sustento de todos os dias?
Ora se ele não tinha quem lhe valesse, a não ser um filho, o seu único filho que tanto alegrara a união com a sua Sara que Deus já levara deste mundo, mas que um dia saíra de casa zangado com ele e a mãe, praguejando e ameaçando não mais voltar, como de facto veio a acontecer, pois em tais circunstâncias como poderia ele deixar de levar a cabo a sua labuta?
Do filho não mais tivera novidades e tantos anos tinham passado sobre a sua ida que, se o visse, jamais seria capaz de o reconhecer e tudo aquilo se passara, afinal, devido à sua casmurrice de o querer obrigara aprender o mesmo ofício a que o rapaz se mostrava avesso, doido que viva pelas brincadeiras e namoricos. E, para falar com verdade, nem ele nem a sua Sara tinham feito o que quer que fosse para que o miúdo tivesse aprendido, nem mesmo os mandamentos ele sabia e de tão preocupados que estavam com o trabalho e as agruras de todos os dias, nunca tinham tido qualquer preocupação séria de que ele aprendesse princípios e sabedorias, engenhos e capacidades.
O arrependimento era já muito antigo mas, tal como o meliante lhe disse então, nada restava que pudesse ser feito e de pouco lhe serviria dizer que se voltasse atrás agiria de modo diferente.
“-Pois é, meu bom homem.” –Falou o chefe da quadrilha, dando-lhe para a mão um molhe de feixes de salgueiro ainda jovens e frescos, ao mesmo tempo que lhe perguntou: “-Serias tu capaz de fazer um cesto a partir destas varinhas?”
Claro que seria, como não o fazer se a matéria-prima estava boa e moldável, mesmo prontinha a ser alterada pelas mãos de um cesteiro ainda que ele não o fosse?
“-Pois então tenta lá dobrar este ramo.” –E em acto contínuo passou-lhe para a mão uns quantos ramitos secos e velhos da mesma árvore.
O velho deixou as lágrimas caírem-lhe, horrorizado por não poder apagar o tempo passado e ali acabou por morrer chorando, com o saco de moedas que o outro lhe deixara na mão.

Não se faz amor de madrugada

Pelo menos pedi desculpa à Isabela, por transcrever aqui, este seu texto, que com o título Come-me, publicou no seu magnífico blogue O Mundo perfeito.

Diz ela o seguinte

No desejo dos homens não há moral nem culpa nem censura, mas bruteza e urgência e um desespero estrangeiro. O desejo dos homens é cego e surdo-mudo. Cheira como um cão, e abocanha, e morde no escuro, guiado pelo faro e lambuzado de saliva; é a besta perdida e esfomeada da matilha. O desejo dos homens é uma faca aquecida na forja; terra inculta, ignorante. Os homens não fazem amor connosco de madrugada: puxam a nossa carne, sonolentos e loucos, agarrando-se ao naco mais quente, suado, o qual montam, irracionais, desalmados, comendo-nos com fogo e fúria e raiva sem objecto. E é por esse desejo tão rasteiro, tão cão, tão puro.

Não tendo por hábito, nem por vocação nem por princípio ser crítico literário, gosto de comentar as ideias que os textos que leio os blogues por onde passo todos os dias e que aprecio.

Neste caso acho que o ponto de vista que a Isabela defende é o meu ponto de vista e curiosamente aprendi-o com uma mulher.
Uma mulher superior, com quem me relacionei e que com clareza idêntica ao aqui expresso pela Isabela, considerava que o sexo é um acto de egoísmo puro. Recíproco acrescente-se, embora neste texto não seja dito a menos que o facto da autora o deixar subentendido, quando se não lê em nenhuma
passagem deste texto, qualquer tipo de animosidade contra a entidade HOMEM, na sua vertente animal, afinal como ela diz, assumindo o seu desejo
tão rasteiro, tão cão, tão puro.

Realmente fazer amor como delicadamente de diz, não é o mesmo que fazer sexo. Fazer amor é estar todos os dias em todas as ocasiões ao lado de quem se ama, segurar a mão quando o outro sofre, sentir que a nossa vida não é nada se um dia ficarmos sós. Fazer amor é tudo isso que se pode fazer e sentir.

Sexo é outra coisa e acho óptimo que nunca se confunda





10 de janeiro de 2008

Venho contestar-te, Luis

Comprar casa não passava pela cabeça de nenhum jovem das minhas relações quando pensavam em casar, alugava-se casa e pequenina, porque os ordenados eram em contos de muito pouco reis.

Hoje não é assim é inconcebível um jovem citadino, não ter um carro ou comprar casa quando se casa. Percebe-se que o valor dos arrendamentos versus prestação da casa em compra é equivalente.Parece tudo melhor e mais confortável.

São estas as afirmações que não estou de acordo contigo

No tempo em que falas, os ordenados eram em contos e eram poucos os contos.
O que é preciso também afirmar, apesar de me considerar uma privilegiada principalmente nesses tempos, é que as casas também custavam pouquíssimos contos, que a vida em geral, o preço dos bens era barata.
A minha casa em Lisboa com quatro assoalhadas, não muito grandes, tinha a renda de dois contos ou seja 2.000$oo.
Tinha dois empregos, mas ganhava 6 contos.
As casas eram, em proporção com os ordenados, muitíssimo mais baratas do que são hoje.
Mas ainda me lembro de alguns preços:
Cabrito - 90$00 kg
café do melhor - 48$00 kg
perdiz verdadeira, dos bens mais caros - 48$oo cada
carne de bife - 78$00 kg
bica - 1$50 = quinze tostões
Português Suave - 2$50 = vinte cinco tostões.

No tempo em que falas, ninguém comprava casa, a não ser as pessoas excepcionalmente ricas.
Quem comprava casa, nem sequer eram andares, compravam o prédio inteiro, para rendimento, e era com o dinheiro das rendas que viviam, ou que pelo menos, punham o dinheiro a render. Uma espécie de juros.

Incrível que dês a entender que os jovens compram casa porque o querem fazer, em vez de te "atirares" às políticas de arrendamento que vêm a ser seguidas, não dando nenhuma hipótese aos proprietários de sequer poderem fazer obras de manutenção.
As poucas casas que há para alugar, são caríssimas, porque exactamente há poucas.
A maior parte das famílias então endividadas até à ponta dos cabelos, por não haverem políticas de jeito, para que houvesse mercado de arrendamento florescente.

Comprar casa é a maior estupidez, não fosse o arrendamento não existir.
Quem é que quererá ter os encargos dos cond0mínios e as obras de manutenção para fazer, quando o pagamento da casa ainda estiver a meio? se pudesse arrendar sem ter todos esses encargos?

Comprar casa é melhor e mais confortável? desde quando? qual é a tua visão da coisa?
Saberás o que se está a passar com as famílias portuguesas, ou pura e simplesmente, quando ouves falar no seu endividamento, pensas que é por gastarem demais?

Já alguma vez te deste ao trabalho de comparares políticas de habitação com outros países?

O jovem citadino, só compra casa porque não tem mais nenhuma alternativa.

7 de janeiro de 2008

Abaixo a "sensura"


Confesso que entrei este ano, falando muito mais do passado do que o habitual.

Não me considero um saudosista, ou aquele tipo de pessoa que anda sempre a dizer "no meu tempo é que era". Também porque acho mesmo que no meu tempo é que NAO era.


Talvez um pouco porque elegi a Casa Comum como o sítio para falar de mim, ao ter descoberto, que dos 17 blogues que tenho em funcionamento, não havia nenhum onde concretamente isso acontecesse.

Tenho os blogues das músicas diversas, os da história o da refilísse política o das coisas das vidas actuais e das passadas, enfim tudo menos um poiso para falar do EU.

Talvez essa seja a razão porque falo mais do passado, do tempo mais activo da minha vida já que o presente, depois de reformado, se passa num tempo mais lento, muito mais previsível e eventualmente mais desinteressante para terceiros.

Há dias no baú das memórias vi uma foto minha, junto ao meu velho Volkswagem, (toda agente da minha geração teve um VW), o meu primeiro carro e confesso que me comovi, porque me lembrei desses tempo em que tive o meu VW.

Um já velho carro em segunda mão, que consegui comprar em prestações, a letras como se dizia nesse tempo.
As aventuras que com ele passei talvez possam ficar para outro dia.

Hoje o que me lembrei foi de como era difícil ter um carro nesse tempo, já tinha 32 anos a caminhar para meio cota como agora dizem.15 anos antes eram raros os amigos que tinham carro e curiosamente os pais dos meus amigos também não.

Comprar casa não passava pela cabeça de nenhum jovem das minhas relações quando pensavam em casar, alugava-se casa e pequenina, porque os ordenados eram em contos de muito pouco reis.

Hoje não é assim é inconcebível um jovem citadino, não ter um carro ou comprar casa quando se casa. Percebe-se que o valor dos arrendamentos versus prestação da casa em compra é equivalente.Parece tudo melhor e mais confortável.


Naquele tempo podia dar-se por feliz, quem conseguisse ter ordenado todo o mês, para muita gente sobrava fome e privações. Ninguém tinha nada de seu, mas também não havia dívidas, não havia cartões de crédito, financiamento bancários populares, nada, nenhuma ajuda para além do prego.


E o meu velho VW, ali esteve sempre firme, na sua fraca exigência em servir-me, nada mais que umas mudanças de óleo uns platinados ou uns calços de travões de vez em quando e sempre fiel a pegar à primeira, mesmo no Inverno.


Naquele tempo percebia-se o grunhido resmungão dos mecânicos da unha suja, nada era electrónico como hoje e o sensor do não sei quantos, diz não sei o quê e quem afina o carro é ela a máquina que a gente nunca vê.


Ingrato, um dia troquei o meu velho carro VW e hoje tenho pena de não o ter conservado, com a certeza que ele me continuaria a exigir a factura do costume, velas e platinados (se calhar os fabricantes com inveja dele deixaram de os fabricar).

Talvez o meu azedume de hoje se deva ao facto, de amanhã pela 5º vez em menos dum mês, tenha que ir com o meu carro à oficina, para ver se desta vez conseguem resolver o problema duma luz amarela que um sensor qualquer insiste em manter acesa no meu tablier.


Abaixo a "sensura", quero o unha suja de volta.

4 de janeiro de 2008

Religiosamente e Moralmente Incorrecta





Não sou fundamentalista de quase nada e não aprecio fundamentalismos. O quase é só para ressalvar alguém que ache que o sou (sorriso irónico).

Sempre apreciei o facto de alguém dar a vida pelos seus ideais, tanto politicamente, como por fé nas suas religiões, e não excluo ninguém.
P0sso pôr em causa os actos que levam a isso, mas a fé, essa aprecio.

O que critico na Igreja Católica, para além de outras coisas que hoje me não apetece falar,
- é a abertura para deixar pessoas que a não praticam, a poderem-se chamar católicos;
- é a abertura para continuar a casar pela Igrja, quem sabem que não é católico, apenas por ser uma tradição;
- é a abertura para medirem o rebanho, pelos que sabem não fazer parte do mesmo;
- é a abertura para, por dinheiro, anularem casamentos, para que esses possam mais uma vez casar pela Igreja;
- é a abertura de, por dinheiro, se poder deixar de fazer a abstinência, as chamadas "Bulas";
- é a abertura de ser Ela própria um mundo de hipocrisia;
- é o facto de ter medo de ter poucos adeptos;
- é o facto de ter medo de desaparecer;
- é o facto de ser economicamente pedinchona, quando é estruturalmente rica;
- é o facto de ser a primeira a abandalhar, e dar maior importância aos bens materiais do que aos bens espirituais.
- é a estupida ostentação.

Para mim, todos estes itens é que farão com que a Igreja possa desaparecer num futuro, quando o poder material e político se passar definitivamente para o oriente.

Aparvalha-me a constatação que os católicos queiram que a Igreja tudo lhes ature, que ainda se abandalhe mais e não percebam que já está a entrar em decadência não, por não se "abrir" ainda mais, mas porque os católicos são os primeiros a quererem que o materialismo financeiro, a ostentação, e o consumismo, valham mais que os poderes ditos espirituais.

Há umas entradas a baixo perguntava o que se passaria se Jesus voltasse agora.

Retiro a pavra Jesus e ponho Cristo.
Que pensariam os católicos se Cristo fizesse hoje o Sermão da Montanha?
Ou pensarão os católicos que Cristo não repetiria a frase " é mais difícil a um rico entrar no Reino de Meu Pai, do que um camelo passar pelo fundo de uma agulha"?

Há anos sem fim, que os Bispos espanhois vinham a pedir a todos os Papas que fizessem santos, os padres mortos pelos Républicanos na guerra civil espanhola. Nunca o conseguiram.

Porque será que um Papa, talvez dos mais cultos e inteligentes que a Igreja tem tido nestes muitos últimos anos, deu de mão beijada a Espanha aquilo que os seus Bispos nunca tinham conseguido.
Porque será que Bento XVI sentiu necessidade de ter mártires da fé, da era moderna?

Dá que pensar, não?


Adenda: Não gosto de Bento XVI, por razões que não me apetece falar agora.
E antes que o Luis Maia me bata muito, devo declarar que considero igualmente mártires dos seus ideaias, todos os Républicanos mortos, não só durante a guerra civil, mas também todos os que foram mortos por Franco.

3 de janeiro de 2008

2 de Janeiro de 1965

É giro começar o ano com dupla comemoração, por um lado a do início duma nova esperança no ano que agora debuta, por outro no dia de hoje o meu aniversário de casamento, que em ano já muito antigo, marcou o início duma nova vida e de novas responsabilidades.

Hoje com a minha velha companheira de sempre, continuamos a trilhar o caminho do destino, escolhendo as nossas pedras para pisar, às vezes mais desabridamente, não fosse o seu avisado amor, ir-me avisando que os excessos custam caro e os disparates muito mais.

Tínhamos 20 anos vejam lá, na perfeita idade da inocência possível, nos idos de 65.

Serviço militar por cumprir adivinhava dificuldades, naquele tempo agreste da Lisboa triste pela pobreza imposta, onde toda a gente sofria de tudo, de carências várias e da boca fechada, que os heróis de peito aberto eram poucos.

Vieram filhos, mais recentemente um neto, (ainda por cima artista), que nos baba de gozo, mas nos aflige pela incerteza que voltamos a sentir espreitar, no futuro negro que parece querer voltar a remeter os nossos jovens, para os tais tempos , que não queremos ver regressar.

Com a minha namorada os passos continuam certos, quem liga às rugas que nos assolam ? Que importa se o cabelo, quando existe, já se branqueia.

Nada mesmo se a continuo a amar, como naquele sábado, dia 2 de Janeiro de 1965, em que os seus olhos azuis me disseram que sim, que me aceitava para a Vida.

E continuou a cumprir, mesmo quando eu não o mereci.

Temas e Instituições