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31 de outubro de 2009

Arbeit macht frei


Casa Comum, 15 de Junho de 1940

Cara amiga

Arbeit macht frei, é o letreiro que se pode ler à porta de Auschwitz inaugurado em 20 de Maio de 1940, a partir de barracas de tijolo do exército polaco, para abrigar prisioneiros, que dizem vai ser utilizado para internar membros da resistência e intelectuais polacos. Dizem-me que campos de concentração de prisioneiros é normal de tempo de guerra e que as tropas aliadas também os têm. Não nego que seja verdade, mas a ambos exijo, que os prisioneiros sejam tratados com a dignidade que a convenção de Genebra impõe. Certo que já vamos na terceira,esta assinada em 1929 e que proclama
  • a obrigação de tratar os prisioneiros humanamente, sendo a tortura e quaisquer actos de pressão física ou psicológica proibidos.
  • obrigações sanitárias, seja ao nível da higiene ou da alimentação.
  • o respeito pela religião dos prisioneiros.
Espero que neste caso os alemães também respeitem essa convenção, mas não deixo de ficar apreensivo, com o letreiro da porta de entrada, lembrando que em exagero, cargas de trabalho desumanas, não são formas de educação, mas actos puros de tortura.

Paris foi bombardeada e na sequência do avanço alemão, a noticia alarmante que ontem Paris, foi tomada pelas tropas nazis que ali entraram em triunfo.O centro da Europa, a capital cultural dos homens livres foi assaltada pelas forças da opressão.



Derrotado e completamente aniquilado o exército aliado, foi pungentemente retirado em Dunquerque, entre os dias 28 de Maio e 4 de Junho, fortemente castigado pela tropas alemãs, conseguiram, apesar de tudo resgatar 120.000 homens em 5 dias.



Por cá tudo é paz e tranquilidade, tempo de festejos, para comemorar os 800 da fundação de Portugal e dos 260 da Restauração. Assim acontecerá a 23 de Junho próximo, quando Salazar e o Ministro das Obras Públicas Duarte Pacheco. cortarem a fita. Inúmeros pavilhões temáticos, dizem, abarcando as colónias e a presença dum Pavilhão do Brasil, único país estrangeiro convidado.

Até estou a pensar convidar a minha amiga a que visitemos a Exposição do Mundo Português, em conjunto. Dir-me-á depois se aceita.

Por hoje fiquemos-nos pela 1ª Sinfonia de Schubert.

22 de outubro de 2009

Concordata em tempo guerra

Casa Comum, 30 de Maio de 1940

Amiga Severa

Concordatas já aconteceram muitas o longo da História, pelo menos há 8 séculos desde a Concordata de Worms. Duma forma geral, acontecem para repor direitos dos católicos e da Igreja, em Estados, onde a Santa Sé se julga lesada.

Assim acontecia por cá desde 1910, quando a República foi implantada, cujos dirigentes adoptaram uma série de medidas anti-clericais, como por exemplo a Lei da Separação do Estado da Igreja, de 20 de Abril, de 1911 a proibição do culto público e a nacionalização dos bens da Igreja.

Admito que tenham sido cometidos alguns excessos, que sempre podem acontecer, quando se tira a tampa numa sociedade que vive séculos sobre pressão. As relações com a Santa Sé tinham sido então suspensas, por aquela entidade, até à queda da República, concretamente até ao dia 6 de Julho de 1928, quando os dirigentes da Ditadura militar decretaram a reposição da paz entre o Estado e a Igreja Católica

Com a subida de Salazar ao poder e a implantação do Estado Novo, iniciou-se um processo negocial que culminou com a assinatura de uma Concordata entre Portugal e a Santa Sé, no dia 7 de Maio de 1940, que viria oficializar as relações entre as duas partes.

Pois é assim cara amiga, tudo se conjuga, para o regresso da Santa Sé e tal como no reinado de D.Maria I, retomaram por certo todos os seus privilégios, até porque embora a Constituição de 1933 consagre o princípio da liberdade de culto e de religião, não deixe de afirmar que a Igreja Católica é a religião da Nação portuguesa, por isso só ela que tem o direito de ensinar nas escolas públicas.

Já sabemos o que isto quer dizer em linguagem Salazar-Cerejeira.

O avanço alemão na Europa continua a processar-se a passos largos. Em França depois da tomada de Amiens no dia 20 passado, avançam em direcção a Dunquerque, empurrando as tropas inglesas para o Atlântico.A Holanda já se rendeu, durou 10 dias a sua resistência e a Bélgica fez o mesmo ante-ontem.

Em Londres correm rumores de que pode haver um Golpe de Estado em Portugal, para derrubar Salazar e colocar no poder um governo favorável à Alemanha e à Italia. Francamente não percebo a intenção deste rumor. como se começam a preparar na Grã Bretanha planos para a tomada das ilhas dos Açores, e de Cabo Verde, talvez o mesmo se justifique para forçar a intenção britânica de intervenção em Portugal.

Você conhece a minha paixão pelos Piano concertos, razão porque o meu convite de hoje é para ouvirmos o único de Alexander Scriabin, esse magnífico compositor russo, de origem aristocrática, que muito embora tenha escrito muitas peças para piano, este foi o seu único concerto para piano e orquestra.

16 de outubro de 2009

O Portugal dos pequenitos


Casa Comum, 30 de Abril de 1940

Cara amiga Severa

Numa época de guerra intensa, Portugal busca o acto piedoso duma beatificação, a de D. Nuno Álvares Pereira, que Cerejeira intenta em Roma conseguir, neste ano em que se comemora os 300 anos da Restauração.

O plano é ambicioso e visa trazer Pio XII a Portugal, para presidir pessoalmente a esse acto. Que excelente propaganda para o regime, uma visita Papal, em plena guerra.


Cerejeira completa o projecto, organizando um plano de oração nacional, para promover a obtenção de milagres que pudessem ser atribuídos ao Condestável. Consta-se que os bispos reunidos em Fátima, também em voto secreto, prometeram que, caso Portugal não entre na Segunda Guerra Mundial, seria construído um santuário.

Fico por saber se se tratam de questões de Fé.


Quase pronto para ser inaugurado, ouvi dizer que em Junho próximo, será um parque temático, projectado pelo arquitecto Cassiano Branco e construído por iniciativa do Professor Bissaia Barreto, chamado Portugal dos Pequenitos, em Coimbra cuja construção se iniciou em 1938, e que apresenta construções em escala reduzida representando monumentos e outros elementos sobre a arquitectura e a História de Portugal.

Pois é assim que vamos por cá andando, entre preces, orações promessas e obras de propaganda, como esta que acabei de referir e a do Mundo Português, que chegará em breve, enquanto as carências e privações há muito aqui já chegaram e ao que parece para ficar.

Escrevo-lhe hoje, no dia seguinte à estreia do João Ratão, um novo filme de Brun do Canto, que revela sempre os mesmos tiques e as mesma situações do pobrezinho e feliz, que ao gosto de Salazar e seu apaniguados, enfeita o nosso panorama "cultural".



Os lamentáveis reflexos do pacto germano-soviético, veio alimentar os antigos desejos expansionistas sobre a Finlândia, com a justificação da defesa de Leninegrado Começou com uma ofensiva soviética em 30 de Novembro de 1939, três meses depois da invasão alemã da Polónia e o início da II Guerra Mundial, e terminou em 13 de Março de 1940 com o Tratado de Paz de Moscovo. A Liga das Nações, considerado o ataque ilegal, acabou por expulsar a União Soviética daquela Liga.

O convite final de hoje é para que revisitemos Brahms para ouvir o seu Piano trio nº1, tenhamos sempre a música como contra-ponto às amarguras da vida.

5 de outubro de 2009

Quase tudo o vento levou



Casa Comum, 20 de Dezembro de 1939
Cara amiga


Podíamos minha cara amiga, estar hoje a festejar com champagne, num jantar que teria todo o gosto em a convidar, no Tavares Rico, para juntos festejar a morte de Hitler, no caso do plano Valquíria ter sido bem sucedido.

Gizado por alguns militares que, descontentes com a política de Hitler se uniram para tentar matá-lo.
Quem liderava o plano era o Coronel Claus Von Stauffenberg. que pretendia levar para uma reunião de costume, onde se fazia a análise da situação da guerra, duas bombas inglesas numa maleta.

Tentaria ficar o mais próximo possível de Hitler e depois de acionadas as bombas, teriam cerca de 15 minutos para saír do local, antes da explosão.

Se o plano desse certo, a informação da morte de Hitler deveria ser passada para Berlin, para que o QG fosse isolado.

Uma antecipação ao horário da reunião, perturbou a armação do duplo engenho explosivo o que acabou fazendo com que ele não tivesse tempo de armar a segunda bomba, que ao explodir e porque a mudança de local dum bunker, para uma sala aberta, alterou as condições de impacto, não tenha obtido o efeito pretendido, causar a morte do ditador, que acabou por escapar apenas com ferimentos ligeiros.

Adiemos pois a comemoração, enquanto infelizmente a guerra continua.

Em primeira mão lhe falo dum filme de Vitor Fleming, que me contaram estreou há dias em Atlanta e se aguarda a estreia em Lisboa com muita expectativa.

As filmagens principais começaram em 26 de Janeiro de 1939 e terminaram 5 meses depois, em 27 de Junho. Este filme é, talvez, o melhor exemplo de como o cinema é um processo colectivo, já que teve vários realizadores. George Cukor foi o primeiro a trabalhar no filme, mas foi substituído após três semanas de filmagens porque Clark Gable não estava satisfeito com o seu trabalho. Cukor foi substituido por Victor Fleming, que realizou 45% do filme e é creditado como realizador na ficha técnica (Cukor continuou a trabalhar no filme como “tutor” de Leigh e de Havilland). A meio das filmagens Fleming teve um esgotamento e foi substituido, durante duas semanas, por Sam Wood.


Hoje vamos ouvir Shosyakovitch na sinfonia nº12 em ré menor, se calhar um bocado bolchevista para o seu gosto, mas paciência, espero que o seu gosto pela música se consiga abstrair de certos aspectos laterais.

A música de Wagner será eterna, mesmo sendo a preferida de Hitler

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