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29 de fevereiro de 2008

José Gomes Ferreira


O poeta militante como gostava de se considerar, foi sempre isso mesmo para mim. Penso que li toda a sua obra em prosa e menos da poética. Aliás sou um mau leitor de poesia e não sei entender muito bem porquê.

É uma contradição, provavelmente porque seja contra um certo formalismo que existe na poesia e de que não me consigo libertar, talvez porque ela em muito casos, também se não liberte.

Digo que é uma contradição, porque se existem autores cuja prosa, são nacos de poesia,ele foi José Gomes Ferreira e foi sempre o que me prendeu e apaixonou na sua obra.

Este é um dos homens que não posso deixar de referir nesta evocação que alinhei fazer com a Maria Faia (e com quem mais estiver interessado nisso, obviamente) ao recordar pessoas que marcaram a nossa geração.

Este homem nascido no Porto que nasceu no Porto em 1900, merece nas palavras de Sara Rodrigues o seguinte comentário :

José Gomes Ferreira imortalizou-se no campo da Literatura Portuguesa nas áreas da Poesia e da Prosa. Pertenceu à geração do Novo Cancioneiro, com evidentes influências surrealistas, simbolistas, e sobretudo neo-realistas.

A sua voz de protesto contra o mundo desconcertante, opressor, e simultaneamente monótono, do seu tempo, fez dele um "poeta militante" intemporal, trilhando caminhos já muitas vezes trilhados, mas nunca exactamente os mesmos.


A sua mensagem, sempre actual, é a vivência real de um homem e autor com os cinco sentidos despertos para tudo o que o rodeia, colocando o seu individualismo ao serviço da urgência do social. A sua vasta obra reflecte este seu desejo de mudar esse Mundo, o que acredita fazer com o poder da palavra.


Pequeno e breve comentário, com o qual concordo em absoluto, sendo certo que o serviço da urgência social, justifica a necessidade de o recolocar na minha mesa de cabeceira.

Destaco na sua obra
  • O Mundos dos outros
  • A memória das palavras-o gosto de falar de mim
  • A imitação dos dias.

23 de fevereiro de 2008

Zeca Afonso

Mais uma ano de saudade o 21º, passou pela morte do Zeca.

No aniversário das tua morte, não faltarão homenagens, algumas vindas de muitos daqueles que te consideravam um "comuna mercenário".

Hoje toda a gente te "teve" na juventude, Fazes parte da" boa memória" de toda a gente, Calculo que, até alguns que hoje "comem tudo e não deixam nada", se achem no direito de te recordar.

Os falsos socialista no poder e muitos daqueles que os aplaudem, se devem rever, mascarando as tuas Utopias, nas suas "realidades concretas da Nação", esquecendo-se que a realidade concreta deveria assentar no ataque firme e decidido, á fome, à miséria, á doença, á falta de condições de que padece o nosso pobre povo que, como foi "decretado" ser o mais pobre da UE a 25.

Que vergonha senhores falsos socialistas que nos governam, o que acham que o Zeca cantaria hoje, se fosse vivo ?

Tenha a certeza que o tema central seria o da vossa traição ao Povo.

Em vez desse ataque, chachadas de comboios ultra rápidos, aeroportos e as suas polémicas de milhões,estádios de futebol, e escumalha, muita escumalha no poder para se banquetearem com tudo isso.

Sendo essa a vossa causa, aos menos reneguem-no, olhem pró lado e assobiem para cima, o Zeca não é vosso.


Hoje prefiro não te ouvir Zeca, é que não me apetece chorar.

(Esta evocação enquadra-se perfeitamente na tarefa que com a Maria Faia, estamos tentado levar em frente, referindo pessoas que da nossa geração (minha e dela),ou anterior , que de certo modo duma maneira ou outra nos influenciaram na nossa educação e na que transmitimos aos nossos filhos.)


21 de fevereiro de 2008

Simone de Beauvoir



Simone de Beauvoir aos 50 anos
fotografia tirada do site Simone de Beauvoir



Simone de Beauvoir nasce em Paris a 9 de Janeiro de 1908 e morre a 14 de Abril de 1986.

É filha de um advogado e no seio de uma Burguesia média-alta.
É escritora, Filósofa Existencialista e Feminista.
Foi considerada “a mãe espiritual” da segunda vaga Feminista

Escreveu romances, ensaios, monografias sobre filosofia, política , sociedade, escrevendo, também, bibliografia entre as quais a sua própria.
Corta em definitivo com as suas origens Burguesas e vai viver sozinha.

Conhece Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista, em 1929.
Entra no círculo dos seus amigos, e desenvolve com ele uma relação impar para o seu tempo e ainda nos dias de hoje
Tem uma relação amorosa com Sartre que durou até à morte dele, mas sempre vivendo cada um na sua casa.
É uma relação aberta, ou seja, qualquer deles tem relações com terceiros.
Conseguem compatibilizar a sua relação conjunta com as suas liberdades individuais.

Edita o seu primeiro livro
- A Convidada, em 1943, cuja heroína, Françoise, é quase um alter-ego dela.
Em 1944 escreve O Sangue dos Outros. Nestes dois livros expõe a sua concepção da Liberdade de acção e a responsabilidade Individual
Volta a este assunto em 1954, com a Os Mandarins e é-lhe atribuído o Premio Goncourt

Em 1949 escreve O Segundo Sexo I e O Segundo Sexo II, um ensaio.
Mais tarde falarei destes dois livros, por serem tão polémicos ainda hoje em dia. Na altura foram uma revolução.

Escreve uma autobiografia em trilogia:
- Memórias de uma Rapariga Bem Comportada em 1958
- A Força das Coisas em 1963
- Tudo Dito e Feito em 1972

Em 1970 escreve A Velhice, onde, vejam lá, já faz críticas à maneira como a sociedade trata os idosos.

Em 1981 escreve A Cerimónia do Adeus, onde relata os últimos dez anos de vida de Jean-Paul Sartre, que era seu companheiro há mais de cinquenta anos. Uma espécie de diário da longa morte de Sartre

Estes são só alguns dos livros de Simone de Beauvoir, não sei se os mais importantes, mas aqueles que por terem sido mais referenciados, li.



19 de fevereiro de 2008

Boris Vian


De vez em quando lembro-me de Vian, de quem ouvi falar há muitos anos.

Hoje em pesquisas que fiz na internet e a propósito de Serge Reggiani que também cantou Boris Vian, lembrei-me de novo dele do quem era e da sua lenda, que chegou ao Maio de 1968, ele que afinal tinha morrido uns anos antes.

Engenheiro de profissão, mas não militante do trabalho específico, transferiu-se para profissão mais consentânea com o seu modo de ser boémio. tocador de trompete e músico de jazz, mas acima de tudo poeta, surrealista.

Foi "matador" do Colégio dos Patafísicos,a ciência que estuda as soluções imaginárias, que a física e a metafísica as ciências desprezam.

É a antítese da regra é a constituição de um universo complementar constituído por excepções.

Nada afinal assim tão despropositado, para que um português contemporâneo não possa afinal perceber, todo o surrealismo que nos rodeio, neste País de abastança para alguns e de miséria quase indigente para a maioria, com projectos de novo rico e fome na casa de muitos.

Proponho Sócrates para Sátapra dos Patafísicos portugueses.

Tudo foi dito cem vezes

E muito melhor que por mim

Portanto quando escrevo versos
É porque isso me diverte
É porque isso me diverte
É porque isso me diverte
e cago-vos na tromba


(Boris Vian)

Serge Reggiani canta Boris Vian o tema chama-se "Le deserteur", escrito no contexto da guerra de Argélia e que também José Mario Branco cantou na versão portuguesa e num contexto também ele Patafísico e que nós bem conhecemos


16 de fevereiro de 2008

Timor



Como já se notou não percebo nada de política, mas tenho as minhas ideias, e hoje vou-me pôr para aqui a raciocinar alto, o que aliás, me é completamente fundamental.

Não sei se já alguma vez viram, salvo os advogados, que penso também hão-de andar de um lado para o outro a pensar e a discursar, uma pessoa a pensar alto, no fundo a verbalizar o pensamento.

A mim é-me necessário e muitas vezes dou pelos erros, outras é o Funes que me vem ajudar, quando lê e para aí está virado.

Pugnei pela Independência de Timor, apesar de sempre ter pensado que muito possivelmente ficaria a ser um protectorado da Austrália.
Quando vi Xanana Gusmão, depois de ter sido Presidente de Timor, passar a candidato a 1º Ministro, cheirou-me a esturro.
Pensei que haveria alguma história por trás, sem perceber muito bem qual seria e sem me importar muito em me documentar sobre o assunto.
Continuo sem me documentar, por isso é que estou a pensar alto.

Que diabo, ninguém achou estranho que o Major Reinado tivesse sido morto uma hora antes dos atentados?

Que dizer das Forças das Nações Unidas, terem deixado entrar na cidade um pequeno grupo de revoltosos para atacarem o Presidente da República e o Primeiro-ministro?

Que dizer das forças Australianas não terem ido socorrer Ramos Horta?
Foi preciso ser a GNR (da qual fiquei verdadeiramente orgulhosa) socorrer Ramos Horta meia-hora depois de ter sido baleado?
Mas que estavam os australianos à espera? Que ele morresse?

Porque foi a só GNR, mais uma vez, à casa cercada de Xanana Gusmão, para de lá tirar a sua mulher e filhos?

Mas a quem interessa tudo isto?

Li agora uma notícia da RTP:

"……O relatório preliminar pede à PGR a emissão de quatro mandatos de captura que permitirão dar início a uma operação que deverá ser desencadeada pelas forças de segurança, incluindo a Polícia das Nações Unidas e a Polícia Nacional e que levará à prisão dos suspeitos…."

Mas estarão as Nações Unidas a brincar connosco e com os Timorenses?

UMA OPERAÇÃO QUE DEVERÁ SER DESENCADEADA PELAS FORÇAS DE SEGURANÇA, INCLUINDO A POLÍCIA DAS NAÇÕES UNIDAS E A POLÍCIA NACIONAL E QUE LEVARÁ À PRISÃO DOS SUSPEITOS

Mas estão todos doidos?
A polícia das Nações Unidas, a mesma polícia que não socorreu Ramos Horta e nem tentou salvar a mulher e os filhos de Xanana Gusmão, é que vai desencadear a operação para levar à prisão os suspeitos?

Mas o que é que se passa na cabeça daquela gente?
Mas não verão que não têm nenhuma moral, nem honestidade para fazerem o que quer que seja?

Mas não perceberão que são eles próprios os primeiros suspeitos?

São perguntas a mais sem nenhuma resposta.
São por enquanto os meus pensamentos, que se estão a inclinar forte e perigosamente para a culpabilidade da Austrália.

12 de fevereiro de 2008

DO PÃO E DO SOFRIMENTO


Q
uando os falcões roubaram o território aos patos e os obrigaram a viver numa pequena reserva sem as mínimas condições para uma vida decente, um vasto lamaçal enxameado de sujas clareiras e charcos mal cheirosos que, à primeira vista, mais não tinham para oferecer além do desconforto e as privações de um local onde nem os pauzinhos para os ninhos escapavam ao apodrecimento, quando as primeiras colunas daqueles patos desgraçados, arrebanhados à força, tiveram oportunidade de travarem impressões com aquele cativeiro de amargura e infortúnio, logo houve quem grasnasse que dali ninguém haveria de sair com vida.
Graças a Deus que tudo isso se passou há muito e, hoje em dia, só os mais velhos mesmo muito velhos é que ainda guardam na memória as histórias que lhes contaram aqueles que viveram o profundo desespero daqueles momentos.
Na verdade, quando os anciãos que encabeçavam os agrupamentos deram entrada nos domínios que os falcões lhes impunham como nova morada, a sensação que mais abundava naquelas almas era de uma estranheza que sustia as lágrimas mas, simultaneamente, também ofuscava a capacidade de discernimento relativamente a quaisqueres possibilidades de sobrevivência.
Como o poeta Gabriel haveria de cantar mais tarde, aquilo foi uma autêntica marcha da apatia.
Assim, não será de espantar que as primeiras vozes que se fizeram ouvir foram muito naturalmente as da fatalidade e da resignação. Patos e patas desfaleceram perante a incerteza quanto ao que fazer e logo entre eles correu o rumor de estarem a sofrer aquilo que consideravam um castigo divino.
Daí ao pranto miudinho e mudo de quem espera o vazio foi um movimento tão pequenino como lógico.
O velho Cassiel, o maior mergulhador de outras juventudes, chegou a grasnar que as nuvens deixariam de ter a companhia das asas dos patos.
Mas, nisto de multidões, há sempre quem pense de modo diferente e nunca desista de procurar o remédio para aquilo que está mal.
Foi o caso de Rafael, um pato de meia-idade que se juntou a uma série de outros indomados; por seu impulso, conjuntamente deram corpo à cata de uma solução.
O prodígio foi que depois de muito matutarem e palmilharem, lá houve alguém que soube descobrir o encanto de um trecho de salgueiros e arbustos numa ilhota orlada de juncos e dessa esperança se fez a discussão que iluminou os espíritos que acabaram por desencadear todo o rebuliço das mãos à obra para uma terra melhor.
Antes de mais, havia que formar um governo justo e capaz de trabalhar em prol de políticas benéficas para as diversas maiorias e minorias e, acima de tudo, era necessário dar trabalho às famílias para que todos pudessem ter pão e agasalho. Depois se esperaria que o labor de muitos conseguisse aumentar a riqueza que, a partir daí, a tempestade teria passado e, no horizonte, se fixaria a confiança de quem sabe o lugar que vai alcançar.
Foram anos de árdua lufa-lufa geral e dos pântanos se fizeram rias, aqui e ali com boas reservas de alimento, das ilhotas e das clareiras se fizeram sítios de aprazível hospitalidade e, com base num comércio sabiamente concretizado, conseguiram construir um país que rapidamente se passou a orgulhar de vender os seus encantos ao turismo sazonal de outras aves.
É claro que Rafael que, actualmente, Deus há muito já guarda em sua companhia, foi o primeiro Presidente daquela pátria arrancada à desgraça e às muitas lágrimas e suor do sofrimento e o povo, reconhecendo-lhe méritos e sabedoria, elegeu-o ainda mais duas vezes para aquele mais alto cargo.
E ainda hoje ele é recordado pela energia que das suas palavras saía e as forças que o seu exemplo incentivava.
A diferença está em que os patinhos que, nos dias que correm, nos bancos de escola, lhe estudam a vida e a obra, fazem-no com a barriguinha farta e com límpidos laguinhos para que depois se possam deixar sonhar com as suas brincadeiras.

10 de fevereiro de 2008

An Affair to Remember


Hoje num filme que vi na TV, alguém disse sobre o filme An Affair to Remember (O grande amor da minha vida), que era um filme para miúdas.

Tenho esse filme de 1958 bem presente como uma daqueles que eu considero um dos filmes da minha vida.

Recordo-o perfeitamente, interpretado por uma das minhas actrizes favoritas Deborah Kerr , falecida salvo erro o ano passado.

Recordo esse filme que vi na minha adolescência e que me marcou profundamente, de tal modo que dei por mim durante muito anos a pensar que o amor deveria ser assim, profundo, quiça definitivo, e desinteressado.

Sem por em causa, ainda hoje nenhuma destas particularidades a vida ensinou-me ao longo dos anos por experiências, nalguns casos vividas, noutros como mera testemunha, que deve também acrescentar-se uma outra condição, fundamental para que seja duradouro, a dessimulação de se ser absolutamente dependente de alguém por amor.

Parece um paradoxo, quase como se eu estivesse a dizer, que só se deve amar alguém a conta gotas e em dose moderada. Não, deve amar-se intensa e profundamente, é bom que assim seja, mas deverá sempre guardar-se uma parte dele,só para nós, como se fosse um acto íntimo.

É que já ninguém gosta de ser adorado, talvez só no tempo da Deborah Kerr .

Eis a cena final


6 de fevereiro de 2008

Eleições Americanas II



No começo estive sempre por Hillary Clinton.

Por ser Mulher, evidentemente,
por ser Democrata, mais evidente ainda,
por ser competente, evidência ainda maior.

Mas entretanto apareceu Barak Obama, negro, o que apesar de tudo pesava bastante, mas não o suficiente para me passar pela ideia mudar.

Mas ouvi, no youtube, o seu discurso de vitória no Iowa, uma maravilha, dei uma volta de 180º.
Passei-me em definitivo para Barak Obama.
Quando o acabei de ouvir, o que pensei de imediato foi:

Ganha, se não o matarem primeiro.

Todos falam em Martin Luther King, é evidente que lembra, que vai buscar os ritmos e algumas palavras-chave.
Mas quem ele faz lembrar, de onde são as ideias, tudo o que ele propõe, é Robert Kennedy.
Mataram Bob Kennedy, exactamente pelas ideias e pelas políticas propostas.

O que não desculpo a Hillary Clinton, são as lágrimas frente às câmaras, mesmo se reais fossem.
O que não desculpo a Hillary Clinton, é fazer chantagem, tentando mostrar uma fragilidade de mulherzinha, quando o não é. Se o fosse, jamais me teria tido do seu lado.

Entretanto Bush põe, mais uma vez, a sua máquina a trabalhar, e vem falar do perigo dos terroristas, porque o que não há dúvida é que mais do que se saber quem foram os terroristas é fazer com que todo o povo americano, e europeu, ande cheio de medo dos terroristas.

A Carlyle, uma das grandes empresas americanas, cujos donos são a família Bush , a família de Bin Laden e os príncipes Sauditas, tem ganho fortunas e quando digo fortunas estou a falar de num só dia terem ganho doze mil milhões de dólares, com as guerras tanto do Afeganistão, já praticamente perdida, como com a guerra do Iraque e não quererem que acabem.

Barak Obama ganhou em South Caroline, o que apesar das campanhas a favor de Hllary, não é de estranhar.

Espero que 40 anos depois de Bob Kennedy se consigam implementar as suas ideias através de Barak Obama.

Espero que a América tenha o bom senso de votar na mudança, na lufada de ar fresco que Barak Obama simboliza.

É bom que tenhamos a ideia que pior que Bush, nunca haverá nem para a América, nem para o Mundo.

Miguel Sousa Tavares dizia, com graça, que deveríamos todos votar nas eleições americanas; estou de acordo com ele, apesar de pensar que se não for Barak a ganhar, a América e o seu poderio acabarão mais depressa do que se está a prever e já não serão suficientemente importantes, para querermos votar nas suas eleições

Voto em Barak Obama, com toda a convicção.

3 de fevereiro de 2008

Eleições Americanas I

Ando há muito tempo para falar das eleições americanas.

Mas antes disso, para fundamentar as minhas posteriores afirmações, gostava de recordar o atentado de 11 de Setembro de 2001.

Recordar o que vi, recordar o que pensei e afirmei várias vezes, recordar o que reformulei depois de ter visto o documentário do Michael Moore Fahrenheit 9/11.
Recordar que vi, quantos de nós não teremos visto, em directo o embate do segundo avião já não sei em qual das Torres Gémeas, o que para o caso é indiferente.

Lembro-me que pensei e disse para o meu marido, com ar de espanto: o avião não explode!
Ainda discutimos por ele achar normal, argumentando eu que o depósito estava cheio, que o avião deveria explodir, que não se percebia como tinha feito tão poucos estragos.

Longe, estava tão longe da hipótese levantada por Michael Moore.

Recordo o espanto por ter sido, a segunda Torre a ser atingida, a que tinha menos estragos, a primeira a ruir. Recordo o choque de não se verem bocados grandes de escombros, a saltar, de só se ver pó e papeis pelos ares e os escombros aos bocadinhos.
Eu só perguntava como se tinha desintegrado, e recordo bem ter usado a palavra desintegrado.

Recordo Bush sem ser capaz de dizer coisa com coisa, fazendo figura de ainda mais parvo, do que já era.
Enfim. Depois vieram as explicações políticas.

Contra tudo e contra todos, quase queimada em fogueira, mesmo pelos amigos, disse sempre que a América com a política externa que mantinha, só tinha feito inimigos.
Que fazer inimigos, tem um preço alto que mais cedo ou mais tarde é cobrado.
Estive tão à beira da fogueira que deixei de dar a minha opinião, mas só de a dar, porque sempre a mantive.

Antes de ver o tal documentário do Michael Moore, soube do escândalo que tinha feito na USA; de que tinha sido proibido em vários Estados Americanos…mas ninguém o desmentia.

Aí, insinuou-se a dúvida. Se, pelo que se ouvia dizer, era tão fácil desmentir os factos por ele narrados e mostrados, porque não havia ninguém na USA que o fizesse, quando Michael Moore atacava as mais altas esferas americanas?

Depois vi o documentário Fahrenheit 9/11, que tem um ritmo impressionante, que dá informação baseada em investigação séria, mas tanta e tão compacta informação, que mal saiu em DVD o comprei.
Acho que o vi na mesma noite três vezes seguidas. Que andei para trás e para a frente tantas vezes que ainda eram seis da manhã, olhos inflamados, quando me fui deitar.

Aquilo era sério, muito sério.
E reformulei.

O atentado foi feito com conhecimento das mais altas esferas americanas.
Elas, as mais altas esferas, estiveram envolvidas no atentado.

A guerra do Iraque, uma farsa. Sempre estive contra ela e fazia-me impressão porque havia tantas pessoas que não conseguiam ver o que eu via. Não quereriam ver?
Agradeci na altura, e ainda hoje o faço, a Jorge Sampaio, por não ter deixado que fossem tropas nossas para o Iraque, tal como Durão Barroso queria, que se teve de contentar em mandar a polícia.

Não está feita ainda a história do mandato de Jorge Sampaio, mas penso há muito tempo, que foi o melhor Presidente, o melhor político que Portugal teve, de há muitos, mas mesmo muitos anos para cá.

Temas e Instituições