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30 de maio de 2008

O almoço cá da gerência (I)

Há quem me chame cota e se mo chamam por alguma razão será.

Uma delas tem que ver com alguns hábitos que cultivo ( já foi pior quando não havia carros com fecho de porta centralizados ao alcance dum clique ), ter o hábito de abrir primeiro as portas, para as senhoras passarem e outros que ainda tento manter, como por exemplo o de considerar que o facto da Minucha vir almoçar comigo, justificava a preocupação de não escolher um sítio qualquer.

Lembrei-me que o Faz figura da Rua do Paraíso em Lisboa, tem mais qualquer coisa que um simples local para comer, tem um vista linda sobre Lisboa.

Não nos conhecíamos pessoalmente, fui um pouco ridículo confesso, provavelmente mais um tique de cota, pois pensei dizer à Minucha num toque de romantismo bacoco, que levaria na mão um livro, dum clássico qualquer do romantismo do sec. XIX. Reconheçamos que é muito mais prático, deixar o nome na recepção, para que me identificassem logo que a Minucha chegasse.

Aguardei alguns minutos, desfrutando a vista sobre Lisboa abraçando a meu Gin Tónico com a certeza que não iria esperar muito tempo, já que embora chegada da Várzea, montada no seu bólide, Jeep qualquer coisa, que ela adora e a sua longa experiência de condução, não me iria dar a habitual seca bem feminina.

Acertei, 5 minutos não é nada, ei-la, acabada de chegar, os dois beijinhos clássicos e o mesmo para beber.

Ainda não tínhamos escolhido o que comer, quando me lembrei de lhe perguntar o óbvio, já que olhava a menú do restaurante.

-Não sei afinal ,se estou ou não em presença duma simples curiosa da culinária ou duma pessoa com canudo e mestrado em gastronomia e pergunto-te não só pelos post frequentes que fazes no Claras com receitas, como no teu blogue, tens bem destacados uns tantos sítios de cozinheiros ou de pessoas altamente conhecedoras de culinária.

- Sabes lindinho, és mais alto do que te imaginava, mas de resto estava perto vá lá saber-se porquê.
Não sei o que consideras canudo em gastronomia, mas sei que cozinho desde os 13 anos, que gosto muito de o fazer, e que não deixo a empregada sequer fazer uma sopa.
Tirando a Nouvelle Cuisine de que não sou admiradora, leio sobre usos e costumes de outros países, invento e isso é o meu maior gozo, e tenho o dom, se assim se lhe posso chamar de conseguir fazer tudo o que como num restaurante de que goste.
Não preciso de receitas, estou indecisa entre o folhado de queijo da serra e o crepe de cogumelos...não, crepe de cogumelos e caril vermelho de gambas, e tu o que vais comer?
Porque tu de culinária pelo o que contas és um bom garfo, e mais nada.

Não me canso de olhar esta vista. Como Lisboa é bonita!.

-Caril nem pensar,detesto isso, bem como picantes dum modo geral, no caso especial do caril essa coisa cheira-me a cavalos.
Prefiro pá de cabrito no forno e se gostares um vinho do Douro da Ferreirinha.
Para mim culinária , são latas de atum e ovo estrelado.
Curiosamente julgava-te mais alta e não te esperava morena, imaginava-te ruiva que é tom das mulheres rabitesas de pêlo na venta, desculpa a expressão é a ideia que talvez tenha resultado dalguns "desencontros ideológicos" mais aguerridos que tivemos em tempos.

Ah! Mas deixa-me dizer-te que quando digo rabitesas é um elogio, detesto dengosas, as yes woman, as adoradoras do marido, que também já o foram do papá e estão prontinhas para ser do patrão, em suma as que adoram o poder. As galinhas que adoram servir.

- Picantes é comigo, gosto imenso e uso-os com frequência.
Nunca fui "yes" do que quer que seja. Não faço parte das galinhas, disso podes ter tu a certeza.
Mas sabes, o poder, porque já o tive quando trabalhava, pode ser sedutor, inebriante e viciante. É necesário estar alerta, para se não cair na tentação do abuso e principalmente saber abrir mão dele, quando é tempo disso.

-Sei que não és galinha, aliás o nosso já "velho" relacionamento, diz-me bem que se tiveres algum defeito e se isso for defeito, estou ainda para saber, é alguma precipitação na contestação algum "vício" de contestar, lendo atravessado, algo que alguém te diz, que tu "queres ler" outra coisa e reages intempestivamente.

Sabes bem que isso se passou connosco algumas vezes. Ora essa reacção é antítese da mulher-galinha que referi.

Olha, a propósito, e já que o nosso almoço está a decorrer como eu esperava, muito interessante, acho melhor gravar este nosso almoço, porque ou fazemos um post interminável o que me parece chato ou gravamos e publicamos em dias seguintes em prestações suaves, que achas ?

Acho interessante essa alusão que fazes às relações de poder, que concordo e vou mais longe, não pode ser É Sedutor, inebriante e viciante, vamos falar disso.

Gostas do vinho ? Acho interessante este Esteva, é um vinho honesto, tem um preço razoável e não deslustra a qualidade Ferreirinha

- Só tu Luisinho para me fazeres rir. Eu acho que tu é que interpretas mal o que eu digo.
Não leio atravessado, tu é que fazes insinuações, não sei de dás por isso, mas que estavam nos lugares em que te contestava estavam.

Não conta só a letra de forma, conta também como se diz.

Sou intempestiva,claro que sou, deveria contar até dez e não consigo sequer lembrar-me de contar (gargalhada).
,
Não, não é vício de contestar. Quando contesto para entrar em discussão, normalmente é com calma, mas claro sou muito mais emocional do que racional.

É defeito sim.

Acho que tens razão. É melhor não fazer posts grandes de mais. Grava lá a conversa.

O poder é isso tudo, e tu também já passaste por ele. Se começamos a falr do Poder, nunca mais acabamos.

Gosto do vinho, claro. O Esteva é sempre bom. Gosto muito de todos os vinhos Ferreirinha e tenho em casa umas preciosidades. Poucas, mas preciosidades.

28 de maio de 2008

ALMOÇO COM A TERESA E COM A SUSANA II


NOTA aos navegantes:
Estamos a escrever uma história ficcionada. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência


- Não foi ele que foi atacá-la..porque eu sei que o Pedro ao contrário do António, nunca foi desses!!! Foi sim...o contrário!!! ELA!!
Falas que não devo dar cabo da minha vida...mas eu já perdi tudo!!! Achas que neste momento tenho mais alguma coisa a perder??? Não me parece...


- Estás a simplificar Susana.
OK. Também acho que os nossos casos são diferentes, quanto mais não seja porque o António não os tem no sítio, além de ser uma pessoa profundamente má, que faz teatro passando-se por um dos mais santos da net.
O Pedro não é assim. Certo
Mas vamos supor que é verdade, que foi ela que se fez ao Pedro e não o Pedro a ela, ou que os dois se fizeram um ao outro ao mesmo tempo, também pode ter acontecido.
Ela a ti nem te conhecia, por isso não foi ela que te fez mal, quando muito foi o Pedro que te magoou.

Sabes Susana, mas dar a volta a um homem que não gosta de nós, é humilhante, como consegues viver com tão pouco? Tu já tinhas tão pouco…tinhas o teu filho, mas como queres que reaja um juiz quando sabe que a mãe por vingança, não deixa o filho ver o pai? Não quiseste saber do bem-estar do miúdo, quiseste vingança e o miúdo que se lixasse.
Mas sabes o que tens ainda a perder, a vida e já o tentaste.

Caramba rapariga! tu ainda és nova, tens a toda a vida pela frente. Porque não dar hipótese a um novo amor que te ame como qualquer mulher merece? Destruir-lhes a vida de que é que te adianta? Ir parar à prisão? É isso que queres?

- Eles não se podem ficar a rir Teresa..não podem!!!
E falas no meu filho???Eu fiz tudo a pensar no bem estar dele!!! Tu acreditas que ele chama mamã àquela gaja??? Nem imaginas o que me passava quando ele me perguntava pela "Mamã"!!! Até o meu filho viraram contra mim!!! Eu fi-lo a pensar nele..e faço-o a pensar nele..porque quando eu vencer esta guerra...(fixa o que eu te digo..EU VOU VENCER)..aí sim...posso viver em paz com o meu filho!!!
E ainda te digo mais...atentei contra a minha vida..porque me senti desesperada...mas já dei a volta por cima!!
Querem guerra...pois vão tê-la..e não fui eu que a comecei...
Falas que me contentava com pouco?? Não..enganas-te...eu contentava-me com a vida que tinha...o homem que amo e um filho dele...e ela tirou-mo!!!
Já vi que não adianta dar-te mais argumentos...pois sem dúvida que não pensamos da mesma forma!!
Baixas-te os braços muito rapidamente Teresa...e a esta hora..estão os dois a rirem-se de ti...e a dizer que foste uma tontinha e uma parvinha...porque caíste na teia!!! Sentes-te bem assim??? Bolas!!! Não sei como consegues...


- Oh Susana, como podes dizer que fizeste tudo a pensar no bem-estar do teu filho? Tu não percebes que deixar de ver o pai durante imensos meses, lhe fez mal?
Caramba, tu és inteligente!
Olha lá, devias era estar contente por a madrasta gostar tanto dele, que até a trata por mamã. Não seria muito pior se o tratasse mal?
Mas vais vencer o quê? o que andas tu a engendrar. Mas quem é que quer guerra. Eles não estão sossegadinhos no seu canto?
Não faças asneiras.
Tu amas um homem que já não te ama, se é que alguma vez amou.

Baixei os braços? Querias que andasse com eles no ar, não? Gargalhada
Oh pá, se o gajo anda com outra é porque não gosta de mim, e ponto final.
Quero lá bem saber de um gajo que não gosta de mim.
Pela tua rica saúde, ele que fique com quem quiser.
Mas passa-te pela ideia que eu queira quem me tratou mal sem nenhuma razão? Um sacana? Um mentiroso?
Tu não estás boa. Eu quero é que ele fique bem longe de mim….e ele também quererá o mesmo, o que é óptimo. Nisso estamos de acordo. Gostava de a avisar, mas é difícil…
Mas deixa que quando ele começar a desligar o telemóvel e a dizer que ficou sem carga, ou sem saldo e tiver o telemóvel desligado uma tarde inteira, ela logo perceberá e começará a desconfiar.
Já viste algum empresário com o telemóvel desligado sem carga, ou sem saldo, uma tarde inteira? Eu nunca.


- Teresa!!! Está visto que não me entendes...e penso que nunca me vais entender, porque como já viste temos maneiras diferentes de pensar!!!

Eu fiz o que fiz...pela minha felicidade..para recuperar tudo o que me tiraram e que é MEU..por direito!!! E voltava a fazer de novo!! Não me arrependo de nada...talvez só me arrependa de ter atentado contra mim própria...mas também me serviu para reflectir e pensar em tudo isto..e cada vez é maior a vontade que tenho em não desistir!!!
Agora..aquilo que acho é que o Pedro sempre me amou...mas ficou enfeitiçado..e eu hei-de quebrar esse feitiço..escreve o que te digo!!

Quanto a ti...talvez tenhas razão no que dizes sobre o teu caso...e com um gajo desses o melhor é a distância!! Quanto a ela..se quer ser parva..problema dela..eu se fosse a ti..mesmo que pudesse não a avisava!!! Mas isso sou eu...sabes como sou!!
Quanto a mim...penso que é melhor pararmos por aqui a conversa...porque como temos pontos de vista diferentes..ainda vamos acabar por nos chatear!!! E era só o que me faltava chatear-me com as amigas por causa daquela...daquela...nem vou dizer o nome!!
Humm..está delicioso este peixinho!!! Não achas???


- Vamos então aproveitar esta vista maravilhosa, e comermos este peixe delicioso.
Zangas é que não. Se um homem não merece que uma mulher se destrua, como tu andas a fazer, merece ainda menos, seja qual for, que amigas se zanguem.
Desde já te aviso, por te saber tão gulosa, que têm uma mousse gelada de avelã que é de comer e chorar por mais.




À Cleopatra, Imperatriz do PÁGINAS DA NOSSA VIDA o meu muito obrigado pela participação na personagem da Susana.

26 de maio de 2008

Um desafio cá ao rapaz

A minha querida sócia aqui da Casa, a Minucha que assina o Claras em Castelo, encomendou-me um pastelão. Dela que é especialista em culinário, não se espera outra coisa.

Vai daí, arregimentou-me um trabalhinho, nem mais nem menos que responder a um desafio que lhe fizeram e que ela repassou, que consiste em dizer quais as seis coisas que mais odeio.

Não é nada difícil este desafio porque, para já, proponho aumentar esse número para 12, subscrevendo os 6 que a Minucha indicou e já que somos sócios gerentes activos cá do estabelecimento, basta-me acrescentar a minha parte

Atendendo à minha lesão muscular mais recente, tenho que promover à categoria de catástrofe mundial o torcicolo, ou lá como se chama esta porra que me tem afligido e impedido o alto nível de produção bloguista, nos últimos dias com manifesta pena dos meus 3 ou 4 fãs, que não perdem pitada da minha prosa.

Vamos aos ódios de estimação
  • Tudo o que é escrito, assinado ou vomitado pelo gordo soba madeirense Alberto Jota Jota.
  • A prepotência dos fortes, exercida sobre quem não se pode defender, nomeadamente as crianças e idosos indefesos.
  • A pedofilia associada à incapacidade jurídica de não mandar capar os condenados.
  • A toleima dos que se julgam iluminados e ou os melhores do Mundo, menosprezando os outros, tanto mais, quanto menor for o seu valor real.
  • Os salazarentos que ainda andam por aí, clamando contra o regime, esquecendo-se dos tempos em que também havia fome e não havia sapatos.
  • Os chicos espertos, seja na estrada, seja no emprego, afinal em todos os aspectos da vida onde a rasteirada vale sempre, nem que seja por lentilhas.
A parte difícil é a selecção dos vítimas a chatear e que muito justamente me possam mandar dar uma volta ao bilhar grande, mas que têm a minha admiração porque são 6 blogues muito bem feitos.

24 de maio de 2008

DUAS RECEITAS PARA O XISTOSA


Laranjas em calda e sua casca

Diz lá que não parece nome de Nouvelle Cuisine”? mas não é!


Laranjas – no mínimo uma por pessoa.

Açúcar – a olho

Água – a olho

Juliana de casca de laranja- a olho

Tira-se o vidrado da casca, a duas laranjas, bem lavadas anteriormente. Costumo fazê-lo com um descascador de lâmina fixa. Façam como quiserem.
Ponham num tacho com água, o vidrado da laranja a cozer durante dez minutos, estas laranjas devem ter bastante molho, depois deitem açucar, bastante para fazerem rapidamente um ponto perto do ponto de pérola (106º). Mas logo que comece a ficar ligeiramente pastoso, na colher de pau, está bom. Pode-se juntar licor de laramja, qualquer um, desde que bom. Eu prefiro sem licor.

Enquanto o tacho está ao lume, descascam as laranjas, com faca sem deixarem nenhuma parte branca e cortam ao meio na horizontal. Costumo tirar a parte branca da laranja que está no meio de cada metade e para fazer bonito ponho uma cereja cristalizada. Não fica mal, mas eu nunca como a cereja. Põem-se numa taça funda.

Nada de ideias inteligentes de cortarem às fatias, que depois fica uma porcaria.

Quando o molho está pronto, acabado de sair do lume, deita-se por cima das laranjas. Deixa-se esfriar e ponham ou não no frigorífico, como preferirem.

Ótima , rápida e desenjoativo.

Bolachas recheadas ou uma espécie de Blättertorte

Vai por mim Xistosa, parece mais complicada, mas se a provares nunca mais queres outra coisa. Se faz favor fazes tal e qual eu te digo, mesmo que te avisem que é disparate, porque não há ninguém que faça esta massa melhor do que eu.

Massa

250 gr. de farinha

250gr de manteiga

Uma clara de ovo

6 colheres de sopa de açúcar (não é rasa é cheia)

Meio pacote de daqueles de 250gr de amêndoas, ou avelâs ou nozes ( o que houver em casa), com amêndoas é a melhor forma, mas as outras também são boas


Ralas as amêndoas (no 1,2,3) enquanto derretes a manteiga sem deixar ferver (é aqui que dizem que é asneira, não faças caso)
Juntas à farinha, e à clara e ao açúcar e mexes com os dedos o menos possível, só mesmo para tudo ficar ligado. Deve descansar meia hora no inverno, uma hora no verão, cá fora. Não ponhas no frigorífico (outra asneira, mas não faças caso).

Enquanto espera, abres uma lata das pequenas de ananaz e cortas as rodelas aos bocadinhos. Depois de cortados apertas bem entre as mãos para lhe tirar todo o sumo.

Bates um pacote de natas frescas de 2 dl, com a batedeira e com as varas de bater claras, quando ficarem a começar a ficar presas, pões-lhe dentro Canderel ou parecido. Faço sempre o Chantilly com adoçante. Pões a olho e depois vais experimentando até estar com a doçura que gostas. Cuidado para pores a máquina a trabalhar na velocidade mínima se não o adoçante voa por todos os lados.

Ora agora vamos à parte mais difícil, mas a melhor, o fazer de duas bolachas grandes. Acende o forno a 200º
Vê bem o prato de bolos onde vais colocar e arranja um tabuleiro de alumínio, ou dos pretos mais antigos da mesma largura.

Viras o tabuleiro ao contrário, ficas com o fundo virado para cima. Pões ou cortas uma folha de papel vegetal anti-aderente, por cima. Divides a massa em dois, faz uma bola com cada uma. A massa está mole e pega-se às mãos e a tudo, por isso pões por cima da massa os bocados necessários de papel filme, até abranger a largura do fundo do tabuleiro.Depois com as mãos vais esborrachando a massa até atingir a largura que queres e dás-lhe o formato redondo se o prato for redondo ou a forma que quiseres.

Vai ao forno até ficar dourada escura, quando tirares, deixas A BOLACHA ARREFECER. Só depois a tiras com cuidado com as duas mãos por baixo. Ai se a ASAE sabe que se faz tudo com as mãos, bem lavadas claro.

Repetes a operação com a segunda bola. Não te distraias com o forno, não leva mais de vinte minutos se tanto.
Depois é rechear com o chantilly e ananaz. Também fica muito bem com simples compota de framboesa, da Casa de Mateus.
A segunda bolacha é só pôr por cima. Para ficar linda, salpica-a com açúcar em pó.

Faz só no dia, e não recheies senão no dia. Ao cortar desfaz um pouco, mas não te importes, vais fazer boa figura, garanto-te.

É mais fácil de fazer do que ler.

Experimentem, são ambas deliciosas.


20 de maio de 2008

ALMOÇO COM A TERESA E COM A SUSANA - I

NOTA aos navegantes:
Estamos a escrever uma história ficcionada. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência


Foram só as duas almoçar, porque só as duas tinham o mesmo desgosto, Susana tinha sido deixada pelo marido e Teresa tinha acabado com o namorado.
As duas sentiam-se traídas, mas por razões diferentes, mas seriam, eventualmente, as que poderiam melhor entender o desgosto uma da outra.
Teresa gostava muito do Mestre Zé, o antigo, no Guincho, por isso ter escolhido aquele restaurante. Ficaram numa mesa junto de uma das janelas, onde poderiam ver o mar, na zona mais baixa da sala. Ali estavam, mais á vontade.

O almoço foi um robalo feito no sal, pescado á linha. Apetecia-lhes peixe fresco e sem ser de “aviário”

- Foste mesmo ao fundo Susana, para te ser diagnosticada uma depressão. Olha que apesar de tudo, não há homem nenhum que valha isso. Andas mais calma?

- Eu? Estou calmíssima! Só não vou descansar enquanto não pagarem por tudo o que me fizeram!! Porque a culpa de eu ter ido ao fundo...foi deles. Ponto final.
Quem mas faz..paga-mas!!
Ela é que foi a culpada de tudo...porque eu estava cá sossegada no meu canto...e embora as coisas não andassem bem com o Pedro...eu ia dar-lhe a volta como sempre fiz!!! Estávamos a passar uma má fase..e ela veio intrometer-se!! Portanto..agora sofrem as consequências dos actos que fizeram!!
Achas que não tenho razões para estar como estive??
Tiraram-me tudo...TUDO!! Pois agora quem lhes vai tirar tudo sou eu!! Tenho esse direito!! Não achas que tenho razão??
Que farias se tivesses no meu lugar?? Diz-me Susana!! Que farias se te tirassem o marido...o teu filho..a tua vida??? Ficavas de braços cruzados..só porque não há homem nenhum que mereça uma lágrima sequer das que deitamos???

- Estás cheia de raiva Susana e isso não é bom.
Vejo as coisa de maneira diferente da tua. Não atiro culpas para nenhuma mulher, se houve traição foi o Pedro que traiu, e não outra mulher, seja ela qual for. Mas penso que o amor não é eterno, ou pelo menos poderá não ser e que há coisas que acontecem na vida que ninguém está à espera.
Repara, eu se o António tivesse tido a dignidade de dizer que gostava de outra, teria aceitado.
Mas o que o António fez é que é inadmissível. Inventar que está a morrer, pôr-me a chorar durante dias por ir morrer…programar a doença com semanas de antecedência…não isso não se faz. Depois vir a descobrir, que já em Janeiro não tinha estado doente, descobrir que anda na net, com várias personalidades, ele è fotógrafo, ele é duas mulheres diferentes, que andava com outra, ou outras desde Setembro, isso é que é inadmissível.
O Pedro foi sincero, acabou. Pronto. O António não queria acabar comigo, queria que eu estivesse ali de lado, para as faltas, porque a mulher com quem ele anda, parece que está muitas vezes doente, que tem muitas dores de cabeça, eu sei lá

- Sim...concordo que o António foi um filha da mãe contigo..para não dizer outra coisa!!! Mas repara...aqui a culpa não foi do Pedro!! Foi DELA!! Ela é que é a culpada de tudo!!! Ela é que lhe deu a volta à cabeça...e ela é que me tirou tudo!! Portanto agora chegou a minha vez!!!
Sabes...estes meses que estive internada...nos momentos de lucidez!! Sim...porque me drogaram até mais não...mas tive momentos lúcidos...oh se tive..e aí pensei muito em tudo...e não vou voltar atrás na minha decisão!!! Ela destruiu a minha vida...pois agora vou eu destruir a dela!! Tenho esse direito!!! Não concordo quando dizes que ela não teve nada a ver com isto!! Porque teve!!! Se ela não se tivesse intrometido..nada disto tinha acontecido e eu tenho a certeza que hoje ainda estaria com o Pedro!!
Já viste que ela foi tão esperta que apanhou-o logo engravidando dele???Ela é muito esperta.
Julga-se muito esperta!!!Está tão enganadinha!!!
Agora diz-me...não ficaste nem um pouco com raiva dessa tal??

- Não Susana, não fiquei com nenhuma raiva dela…nem dele, se queres te diga.
Logo que descobri, porque ele quis que eu descobrisse, para mim ficou a ser passado, a única coisa que queria era que me explicasse, porque me tinha feito sofrer, inutilmente, porque ele sabia que bastava dizer-me que tinha acabado….aquilo que sentiu por mim, para já ser passado. Era tão fácil.
Mas ele resolveu ignorar a minha pergunta, e aí sim, deu-me uma raiva, mas a ele e só a ele. Se me tivesse aparecido à frente, acho que o tinha deixado todo arranhado, mas de fúria.
Não, não tive nenhuma raiva dela, tenho é pena, porque sei que vai ser mais uma vítima. Só isso. Gajos destes não mudam. O António gosta de caçar, mas mais uns mesitos, e estará tudo acabado.
Quanto a ti, acho que ela não teve nada a ver com o Pedro ter acabado contigo.
Ao tempo que te andavas a queixar do Pedro. Lembras-te de contares que ele nem queria fazer amor contigo? Porque quiseste viver com um homem que sabias que não te amava? Porquê Susana?
A mim nem que me cobrissem de ouro, eu aceitaria viver com alguém que não gostasse de mim, desde que me apercebesse disso.
O Pedro deveria ter saído há mais tempo de casa, mas isso também são coisas da vida. Olha que ele não foi sacana contigo e o facto de ela estar grávida só poderia influenciar, se ele não tivesse já um filho teu. Mas tinha, e adora-o.
Vê lá o que fazes, não dês cabo da tua vida.

- Olha Teresa...eu acho que os nossos casos são muito diferentes!!! O Pedro sempre foi assim comigo...é feitio dele, não era porque não gostasse de mim...mas eu conseguia sempre dar-lhe a volta e ele sempre foi bom de cama!! Entendes o que quero dizer?? fazíamos pouco...mas quando fazíamos...
Não acho que fosse por não gostar de mim, mas porque ele é mesmo assim!! Agora...estávamos a atravessar uma fase menos boa no casamento....ainda por cima tínhamos sido pais há pouco tempo, eu ainda estava de licença de parto...e logo mais frágil e menos íntimos!!Ela veio atacar precisamente nessa fase...entendes?

Tem continuação na próxima quarta-feira
.


À Cleopatra, Imperatriz do PÁGINAS DA NOSSA VIDA o meu muito obrigado pela participação na personagem da Susana.

16 de maio de 2008

Páginas da nossa vida ao almoço


Ando a prometer-lhes o Tico-Tico,na Av 31 de Janeiro na esquina com a da Igreja, há imenso tempo, onde se come provavelmente o melhor bife de Lisboa, acompanhado por um molho especial de primeira, cavalgado pelo respectivo ovo.

Há muito mais coisas para comer, mas nada melhor que aquele bifinho comido no fim do jogo, eram 10 e meia da noite, a acompanhar a respectiva vitória do Sporting, para aconchegar, antes do regresso a Portimão.

Como lá tinha ido no pasado domingo dia 11, logo me lembrei que o próximo almoço de sexta-feira seria ali, pois a lista é variada, mesmo que não gostem de bife.

Nenhum deles conhecia o Tico-Tico, nem conheciam o jovem amigo, meu vizinho no Alvalade XXI,que levei ao almoço, o Júlio César para os bloguistas mais próximos, nada mais que o Imperador, feliz esposo da sua Cleópatra e futuro pai dum jovem leãozinho que vem a caminho.

-Internet ?! Aqui como o Luís que passa a vida de volta do computador ?- atacou de imediato o Silva- eu também vou nessa, mas não ando por lá a perder tempo, com bloguinhos de merda, a escrever sobre história e a mandar beijinhos em seco a gajas que não conheço de lado de nenhum.

Para mim internet e blogues são terreno para caçar onde pelo menos, já manjei meia dúzia de gajas.

E você como é ? Alinha aqui pelo estilo do tótó Maia, ou anda lá para caçar ?.

-Calma lá ó António
disse eu, não condeno o facto de se andar a caçar na internet, como tu dizes, os métodos que usas é que eu condeno.

-Aqui não há métodos bons nem mau, há gaja no papo, ou tótós a vê-las, passar não acha ó Júlio César ?-interrompeu o Silva
-

Podem-me tratar por JC,é mais fácil para todos.
Mas realmente não posso concordar consigo António,os métodos não são todos iguais,nem as gajas são todas iguais.

Eu sou blogguer há pouco mais de 1 ano,e por incrível que pareça foi através da net que conheci a única mulher que até hoje me deixou ko,e nem andava à caça.Aconteceu naturalmente,nada foi premeditado.

A meu ver, acho que a blogosfera tem de tudo um pouco,sejam homens ou mulheres,e que como tal devem ser tratados de maneira diferente.Não condeno quem ande à caça delas na net,mas não concordo que se tratem todas da mesma maneira.

Há mulheres que não merecem ser tratadas como muitas são,como lixo.

De facto não ando na net à caça de gajas,pois como vos disse,já "cacei" a minha(falo entre aspas),porque até acho que foi ela que me caçou a mim.

Eu prefiro ser tótó e vê-las passar.Estou bem como estou.


Mas ó António,desculpe lá perguntar.Mas você para tratar as mulheres todas da mesma forma,alguma lhe ficou atravessada,não?


-Atravessada não ficou nenhuma- replicou o António- não vou dizer-lhe, que papei tudo o que queria, algumas não quiseram, outras não tiveram oportunidade, que é uma forma de se ser fiel ao marido.

Digo-lhe contudo é que nesta coisa, da luta pela cama, não há regras de bom tom, tudo é válido, cada um jogue como pode e quem for mais forte ganha. Não há mulheres que mereçam mais ou menos do que outras


-Pois eu por mim, já fui casado, divorciei-me e francamente não julgo que o volte a fazer, acho que casar para mim foi uma experiência infeliz, um erro que cometi uma vez e não espero repetir segunda vez-comentou o Carlos Barbosa um pouco extemporaneamente.

-És um descrente nas segundas oportunidades ? Ou talvez consideres que a espécie humana não se fez para ser monogâmica ou heterossexual ?-perguntou o Henrique- Que grande seca estamos a dar aqui ao JC, para primeira vez que aparece.

-Nada de seca.A conversa está bastante interessante e tem pano para mangas,pois todos temos maneiras diferentes de pensar.-disse o JC.

Ja fui casado 4 anos que para mim foi um verdadeiro inferno.Acho que me arrependi logo no dia que casei.Podem rir-se,mas é a mais pura verdade.

Andei 4 anos a ganhar coragem para acabar com aquela farsa,e nunca consegui,por comodismo,por pena,sei lá.

Quatro anos depois apaixonei-me por uma mulher que nunca tinha visto,mas com quem já falava por telefone e net há uns 2 anos.

Um dia decidimos conhecer-nos,porque sabíamos que no fundo já estávamos caídos um pelo outro e no dia que nos vimos pela primeira vez,tive a maior certeza da minha vida.

Ela ficou grávida nessa noite,eu saí de casa 2 dias depois de tudo ter acontecido. Entretanto passaram-se outras coisas e em Fevereiro de 2006,cerca de 2 meses depois,embarcamos na nossa maior aventura e fomos viver juntos.

Já passaram 2 anos e a cada dia que passa, estou cada vez mais KO ,dominado,chamem-lhe o que quiserem,mas nunca amei um mulher assim.

Se Deus quiser no próximo mês,ou antes,nunca se sabe,vou ser pai de novo,desta vez um puto que vem a caminho e mais um leãozinho sem sombra de dúvida.lolol


Está tudo esbugalhado a olhar para mim porquê? Não acreditam que alguma vez um homem se apaixone perdidamente assim por uma mulher? Ou é a nossa história de vida que vos deixa de boca aberta?

Foi tudo muito rápido,foi um risco que corremos,mas o que é que na vida, não é um risco?Há riscos que vale a pena correr,não acham?

Falando por mim,e respondendo à pergunta que o Henrique fez ao Carlos,é possível sim,ser-se feliz num segundo casamento,mesmo que o primeiro tenha sido um pesadelo.

Se calhar o António não pensa como eu,esse sorrisinho não engana
Então e vocês? Que me dizem a tudo isto que vos contei?

-Não poderia estar mais de acordo contigo JC, -asseverou o Henrique-eu sei como uma mulher pode transformar a nossa vida e como no meu caso mais de que tudo, a deixou em suspenso, à espera que nos possamos reconciliar eu e ela com a nossa consciência.

-Consciência, consciência, isso é machismo digo-vos eu- atalhou o António Silva- porque machismo é considerar que somos os seres superiores e que elas não têm a capacidade de decidir o que é bom ou mau para si próprio, se querem ou não ir para a cama comigo, sem compromissos de parte a parte.

-Eu concordo com o que JC, nos disse e percebo o que nos quis dizer acerca do "risco" que entendeu correr com a sua Imperatriz- concluiu o Alfredo- afinal que interessam os grandes projectos para o futuro ? o que é importante é o amor que se vive hoje.

-Pois é verdade meus caros como dizia o poeta do amor , Vinicius de Moraes

Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Concluí eu filosoficamente , a título de fecho de almoço, já que alguns de NÓS precisavam de ir trabalhar de tarde, para contribuir para a manutenção da minha reforma.


Todos nos despedimos do JC, com a certeza que um dia destes vamos gostar muito de o voltar a encontrar num outro almoço qualquer por aí.


Nota : Este encontro ao almoço, teve a participação do nosso amigo Júlio César co-autor com a sua Imperatriz, do blogue Páginas da nossa vida, a quem agradecemos (incluo a Minucha) a simpática colaboração, destacada integralmente ao longo do texto, a encarnado.

14 de maio de 2008

ALMOÇO NO VITOR




NOTA aos navegantes:

Estamos a escrever uma história ficcionada. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência

Hoje foram as mulheres, que almoçaram juntas, no Vítor de Alcabideche.

Ao almoço vale sempre a pena lá ir, porque
há “petiscos”, que já desapareceram ao jantar. Todos os seus frequentadores sabem disso.

Pode acontecer haver “jaquimzinhos” chamados folhas de oliveira, fritos divinamente, tem acontecido haver os celebérrimos linguadinhos folha de louro, desaparecidos há uma infinidade de tempo, mas que são vendidos por pescadores, que fogem às malhas das redes e da ASAE. Nunca estão na lista, como é bom de ver, e só falam deles aos clientes habituais, não vá o diabo tecê-las.

Nesse dia havia, e nunca tinha comido, carabineros pequeninos fritos em alho e azeite, em que só cabeça se mantinha, porque é a melhor parte dos carabineros. Não tinham mais de 5cm.

Uma das coisas que é preciso saber no Vítor, é que o arroz só é bom o branco, porque qualquer dos outros, excepção feita, também, ao arroz de pato, vêm empapados, uma lástima. O acompanhamento era arroz de camarão, mas preferimos o arroz branco, pelo que foi dito e porque ligava melhor.

A conversa foi interrompida, quando chegaram os pratos, 3 doses para as cinco chegava perfeitamente, e só se ouvia os "Hum!..." deliciados.

Teresa, que tinha combinado o almoço, e resolvera pôr frente a frente Luísa e Mafalda, que se falaram como se nada se tivesse passado.

Luísa emagrecera e via-se que estava em baixo, ainda não lhe tinha passado a dor de Henrique a ter deixado, Mafalda mexia-se pouco á vontade por estar ali ao lado de Luísa, sabendo que tinha sido por sua causa que Henrique a tinha deixado, Teresa parecia animada, mas via-se que tinha também perdido peso, ela que já era tão magra, Isabel estava radiosa por estar com o seu Alfredo, coisa rara, estava também, por ter vindo a Lisboa com o Luís que não perderia o jogo de domingo do seu clube, a sua mulher.

Mas o ambiente desanuviou-se por todas quererem saber o que o bruto do António Salvador da Silva, O Silva para todas, António para a Teresa, lhe teria feito.
Teresa respondia que eram águas passadas, mas que realmente o contacto com o António tinha sido através da Net, não se tendo apercebido que António SS era o Silva de que elas falavam.

Que ao fim de dois ou três meses de mails trocados, porque ela não entrava em conversas, nem em chats nem em messengers, com desconhecidos, ele ter insistido em a conhecer. Apesar de mais tarde lhe ter dito em várias ocasiões que tinha sido ela a insistir com ele para o conhecer, mas ela sempre repunha a verdade da questão, e ele lá lhe acabava por dar razão.

Numa coisa ele tinha sido franco, sempre lhe tinha dito que não queria viver com ninguém, gostava de viver sozinho, ela também não poderia por isso não ver inconveniente, nem lhe ter passado pela cabeça, que a ele lhe fazia jeito para com outras poder andar.

Ingenuidades de uma mulher que acreditava que ele tinha encontrado o seu amor verdadeiro, que nunca assim tinha amado…..lobos, a quem lhes dá gozo a caça, vestidos com peles de cordeiros, que sacrificam no altar do desejo, mulheres, até entre as várias com quem andam, aparecer uma novidade, que dura até aparecer mais uma caçada, e como apesar de tudo, embora maníacos, não dão conta do recado, lá terão de desistir de alguma.

O pior é a maneira que arranjam para a descartar e pior ainda, pensarem que só eles são os inteligentes.

Mas que essa conversa poderia continuar noutra altura, que agora gostava de saber como se sentia Isabel com o seu Alfredo.
Isabel sorriu feliz, e só disse que depois de tanta parvoíce é que dava valor ao homem, que por um pouco, um tanto, ia perdendo.

E a conversa generalizou-se, que isto de mulheres quando estão sozinhas, além de falar de homens, dos “seus” homens, têm sempre tanto para dizer.


10 de maio de 2008

Há vida para além das gajas ?


Desta vez vieram eles a Portimão.

Também mereço que venham almoçar comigo, já que amanhã vou eu com eles para Lisboa. Imperiosas acções leoninas, exigem a minha presença no domingo lá em cima na capital.


Aqui, é imprescindível leva-los ao Pipo, o melhor restaurante em termos de qualidade, cá da cidade onde o mestre Albano, dá cartas na cozinha.

Quem sabe o que é bom, aprecia com certeza, sardinhas albardadas com arroz de ligueirão e todos fomos nisso menos o Barbosa, que é parvo e vem ao Algarve comer bife.


O Henrique continua nas nuvens, por um lado atravessando o deserto da sua solidão momentânea já que a sua relação com a Mafalda, por decisão de ambos, estava suspensa, por outro lado a leveza de se sentir verdadeiro e de bem consigo próprio.

Constatamos que, passados tantos anos de amizade, neste momento só o Alfredo, tinha mulher a quem justificar esta escapada a Portimão, todos os outros estavam por um motivo ou outro libertos de compromissos, verdadeiramente eu não conto porque estou a jogar em casa.

-Outro dia referiste uma tal Teresa, julguei que estivesse a viver com ela-indaguei o Silva, sob pena de "arquivar" o pseudónimo de inocente.


-A Teresa ? Não, não vivo com ela, nem com nenhuma. Não me apetece prender-me a ninguém, levar com a sogra, mais a família toda, os almoços ao domingo e as porras das tias abelhudas a meter o nariz, na nossa vida, eh pá já tive disso mas curei-me, nada de prisões que gajas agora é mato-disse o Silva


-Sempre foi, porque é que é melhor agora ?- questionou o Barbosa, enquanto molhava o pãozinho no ovo estrelado, que cavalgara o seu bife da vazia.


-É a internet malta, a internet é uma mina-brilharam os olhinhos do Silva-é tiro e queda, rebéu béu pardais ao ninho e pimba, cama com elas.


-Já ouvi falar chama-se sexo virtual-arriscou o Alfredo, que em termos tecnológicos é verdadeiramente rombo.


-Qual virtual qual quê. Tens é que atacar mansinho-disse o Silva- vais metendo umas buchas nos comentários, dos blogues das gajas, coisa boa moralista e "santificada", tipo anjinho bom, sacas um ou outro poema que vais pescando, em blogues doutros tótos e frases de gajo certinho.
Depois passas a incompreendido e solitário, podes sempre carregar as tintas com uma doençazita ou tua ou de alguém próximo, que as gajas deitam-se logo no primeiro encontro.

-Eh pá tu fazes cada coisa. é preciso ter lata, mas usas o teu nome nesses comentários ?-insistiu o Barbosa.


-Não é preciso, sabes que me chamo António de Salvador Silva, basta por António de S.S e pronto dá para tudo-ripostou o Silva- depois de as ter comido, quero lá saber que fiquem a saber o meu nome.


-Falando em comer, já estamos na sobremessa e ainda não falámos doutra coisa, só gajas, porra,-disse eu-estou como outro que diz "há mais vida para além das gajas".
Um deste dias proibi-mo-nos de falar de gajas num almoço, só para experimentar a sensação.


-Eh pá quando for assim avisa, que é para eu não vir, já não falamos de futebol nem de política, para não nos chatearmos, vocês de carros não percebem nada, então falamos de quê ?-indagou o António com alguma apreensão.


Fez-se um silencio pesado, acho que não quisemos admitir as nossas limitações.

7 de maio de 2008

TERESA E MAFALDA CONVERSAM




Foram almoçar as duas ao Restaurante Monte Mar, no Guincho, as duas com problemas amorosos.
Enquanto comiam de entrada, as mais maravilhosas Amêijoas à Pescador, a Mafalda perguntou-lhe, como ia ela passando após a ruptura com o Silva

- Silva, Silva, porque é que o continuam a tratar por Silva? O homem chama-se António! Disse Teresa. Por acaso até estou muito bem.
Tu é que me pareces estar em baixo, Mafalda. Mas queria fazer-te uma pergunta. Gostavas que te avisassem se o Henrique andasse a trair-te, ou não ligavas nenhuma?

- espera lá, o Henrique nunca me poderia trair, porque por enquanto não temos nada um com o outro.

- não fujas à pergunta. Gostavas ou não? Fazias caso, ou não? Deixavas-te convencer por ele, ou não? Insistiu Teresa

- depende. Gostava que me avisassem, disso não tenho dúvidas, nas não sei como
reagiria quando o confrontasse. Há homens que podem ser muito convincentes.
- então ponho a questão de uma outra maneira. Se lesses o que uma outra mulher escreveu sobre ele, acrescentando que tudo poderia provar o que farias?

- assim é mais fácil responder. Depois do choque inicial, confrontá-lo-ia, mesmo que me deixasse convencer, mas depois iria de certeza tentar obter mais pormenores.
Faria os possíveis por conseguir mais pormenores. Sabes, no fundo nunca ficamos 100% seguras, quando nos deixamos levar.
Há sempre qualquer coisinha que nos faz desconfiar. Mas porque fazes essas perguntas todas?
- porque sei que o António, enquanto andou comigo o fez também com outra e sei quem ela é. Entrei em contacto com ela. Descobri depois de ele ter arranjado aquela história ignóbil, que afinal andou com duas e resolvi avisá-la, só para não vir a ter o mesmo final que eu tive.

- estás-me a dizer que ela não ligou nenhuma? Deixou-se levar pelo Silva, ou António como tu lhe chamas
- como eu lhe chamo não, é o nome do homem. Calcula que acreditou que eram invejas. Mas quem é que tem inveja, depois de saber que quem namorou é um filho da mãe, não me dirás?
Porque será que as mulheres só pensam mal das outras em vez de pensarem que deveriam saber com quem andam. Dava dinheiro para que me tivessem avisado que ele andava com outra. Teria acabado no mesmo instante

- nós avisámos-te Teresa, dissemos que o tipo era um porco.
- isso não quer dizer nada. Não sabes que todas pensamos que connosco não são?
- se calhar ela pensa a mesma coisa

- ela não pode pensar isso, porque lhe dei factos concretos, que poderia provar se ela quisesse saber a verdade, em como ele andou comigo e com ela ao mesmo tempo. Não estou a falar de coisas abstratas, estou a falar em concreto.
Se quisesse poderia sempre namorar com ele, desde que assumisse, que queria, nem que fosse por pouco tempo, amar e sentir-se amada. Agora invejas? Céus! continua a haver cada mulherzinha.
Agora fala-me de ti

- Há pouco para dizer. Gosto do Henrique, há anos, mas não sou capaz de dizer ao meu marido que nunca gostei dele. Não sei o que hei de fazer e se queres que te diga, honestamente tenho medo do que poderá ser a vivência com o Rodrigo.
Sabes o que gostava? Era de poder falar com a mulher dele a fundo para saber como foi a vida dos dois, gostava de saber porque deixou de gostar dela, mas como vês não o posso fazer.
Dou-te razão, deveríamos sempre saber os dois lados da história e não só o que eles contam, porque simplesmente cada um terá a sua verdade.
Nós só ouvimos a que nos interessa, e o que lhes interessa a eles, o que é pior.

3 de maio de 2008

Mãe há só uma

O Carlos Barbosa marcou o restaurante, era a vez dele. Escolheu o O Raposo, ali na Rua Passos Manuel em Lisboa.

Uma boa escolha, com muito boa confecção, aquilo que se convencionou, chamar um restaurante de comida caseira. Não sabendo muito bem com definir isso, agrada-nos a ideia, que a comida seja feito na altura, isso percebe-se na qualidade.

Entrámos desfalcados para o almoço, devido à falta do Henrique que me comunicou a ausência, ao que parece por "um motivo de força maior", chamado Mafalda, com quem se iria encontrar este fim de semana.

-Isto está ficar complicado, por causa das gajas, estou a ver que um dia destes, acabamos com os almoços- disse o Silva- Ou é o Henrique com a tal tipa, que era mulher do amigo, ou aqui o Alfredo, com o seu velho problema dos encontros e desencontro, com a mulher que ora fica, ora vai.

E foi neste tom de desabafo que iniciámos o almoço. Não deixo de reconhecer que ele tem alguma razão, realmente as mulheres são demasiado importantes nas nossas vidas, para que possamos ignorar a influência, que exercem na qualidade da nossa disposição.

Em boa verdade não acontece com todos, afinal o Silva, aparentemente escapava a essa influência, porque só se lhe descortina o lado fácil do relacionamento, nos últimos anos mais acentuadamente, porque ele costumava desabafar " isto agora com a internet gajas é sempre a aviar".


O Alfredo disse-lhe que o mal dele era o não ter encontrado ainda a "tal gaja", a especial a que nos preenche os dias e não nos deixa dormir de noite, mas o Silva é um irredutível, para ele gaja é sinónimo de "descartável".

O Alfredo já não o ouviou, porque nos estava a dar o exemplo, do que tinha acabado de afirmar. Lembrando aquela segunda feira, há uns dias atrás, quando fora de novo almoçar com a Isabel.

Tínha chegado uma hora antes do combinado, mantendo-se nas redondezas, enquanto imaginava o que iria ser a conversa. provavelmente não passaria dum tema, sobre a filha, algum problema surgido eventualmente mais grave. Tentava-disse-nos- não acreditar, que por momentos, no dia em que o convidara par almoçar, o olhar da Isabel, estava mais terno, quase tão maravilhosamente intenso, como no tempo em que ela o havia amado.

Certo que ela já havia deixado o tal Afonso havia um ano, embora soubesse que eles eram colegas de emprego, tinha certeza que já não tinham qualquer tipo de relacionamento, "sei que a Isabel, pode não ser mulher de um homem só, mas é com certeza só dum homem de cada vez, não é mulher para viver em mentiras"-disse-nos convistamente.

Acreditem que sentia por esse almoço, a mesma ansiedade que tivera, quando jantamos a primeira vez juntos quando nos conhecemos.

-Eh pá é o que eu te digo, as gajas são todas iguais, só estão bem é com ele entalado- disse o Silva- a gaja já não tem o outro, sabe que tu é sum tanso, que gosta dela e pimba, ataca ali.

-Parece que não é bem assim, afinal foi ela que acabou com o tal Afonso-disse o Carlos Barbosa, que normalmente ouve mais do que fala.

-Estavas lá para saber ? Se calhar levou com os pés do gajo e agora está à procura do quentinho outra vez. Havia de ser comigo, havia-concluiu o Silva.

Como tinha acabado a história, já sabíamos, porque o Alfredo e a Isabel estão de novo juntos, mas para amenizar o ambiente acabei por perguntar

-Bom se calhar nesse dia nem chegaram a almoçar ?

O Alfredo riu-se de orelha a orelha, os seus olhos brilharam intensamente de tal forma que todos nós percebemos a resposta.

Fizemos depois projectos para o próximo dia das Mães no próximo domingo, todos nós tínhamos ideias para um pequena lembrança e grande beijo de Amor.

Este desejo que os homens, mesmo grandes e crescidos, nunca perdem de quererem ser, de vez em quando, os meninos de sua mãe.

Até o Silva acha, que a sua mãe é a única que nasceu diferente das outras mulheres.

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