Dizem que sou louca, só para não dizerem pior, mas a mim que me importa!
Quero ir onde ninguém vai, quero sentir o que ninguém sente, quero aqui ficar, quero ali ir, quero poder me entregar, quero poder desejar, quero escolher.
Dizem que sou ninfomaníaca, porque não sabem o que quer dizer, só para não dizerem pior, que sei bem o que vai naquelas cabeças bem pensantes, mas a mim que me importa!
Quero estar nos braços deste, enquanto me apetecer, ir para os de outro, quando esse apelo sentir.
Quero lá saber o que dizem de mim, quero lá saber o que de mim pensam, por sempre porem rótulos, sem quererem sequer saber a razão da existência, quanto mais do que pensa esta louca, que de louca nada tem.
E é vê-las a cochichar, aos grupinhos, olhos que apontam, olhos que são flechas, fazendo de conta que são amigas, mas se puderem dão cabo de mim. Têm medo que lhes roube os maridos, as pobres coitadas que nem gosto têm.
Mas elas que tanto mal dizem, acabam por fazer pior, à socapa, corpos que se entregam noutros braços que não os dos maridos, sem coragem de o afirmar, para sentirem “poder”, com vontade de manterem o status e eu é que sou a louca, para não dizerem pior.
No meu corpo ondulante quero ser livre, não ter de justificar nem de inventar que com uma amiga estive, enquanto estava em braços que me apertavam com desejo e paixão.
Quero sentir as mãos que escolher, o meu corpo a percorrer, sem ter de pensar em horas, ou no jantar que ficou por fazer, ou de ter para a telepizza telefonar.
E rio para o ar e para o mundo, quero lá saber dos rótulos, e das parvoíces que de mim contam.
Só fico enquanto quiser e enquanto bem me sentir.
Ah! Poder partir ou ficar, poder ir ou vir, é a minha felicidade.
Que ninguém me venha dizer que sou louca, só para não dizerem pior, loucos são os que ficam querendo partir.