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27 de dezembro de 2009

A invasão da União Soviética e o sonso nacional



Casa Comum, 31 de Outubro de 1941

Amiga Severa

Estamos a assistir à internacionalização da guerra europeia, quando a Alemanha Nazi, no dia 22 de junho de 1941 com uma força de 150 divisões do exército iniciou a invasão da União Soviética, rompendo o pacto de não-agressão entre os dois países, assinado em 1939 por Hitler e Stalin e que na altura tanta confusão me fez tendo-lhe chamado na altura uma monstruosidade ideológica.

Numa entrevista, publicada numa revista Estaline justificou-se assim

VEJA - Não terá sido então um erro da parte do senhor colocar a União Soviética em aliança com figuras desse naipe, assinando um pacto de não-agressão com a Alemanha nazista?
Stalin - Claro que não! Um pacto de não-agressão é um pacto de paz entre dois países. Foi exatamente isso que a Alemanha nos propôs em 1939. Acredito que nenhum país pacífico poderia recusar um tratado de paz com um país vizinho, mesmo que esse país seja liderado por monstros e canibais como Hitler e Ribbentrop. Isso, claro, sob a condição indispensável que esse tratado de paz não ameaçasse, direta ou indiretamente, a integridade territorial, a independência e a honra do país amante da paz.

Em dois meses os alemães, chegaram a Moscovo, tendo tomado já considerável parcela do território soviético. Ao sul, toda a Ucrânia e a sua capital, Kiev, e ao norte, Leningrado continua cercada.

No passado dia 2 de Outubro, um grupo sob o comando de Fedor von Bock lançou o seu ataque contra Moscovo, tal ataque recebeu o nome de código Operação Typhoon. Mesmo sofrendo pesadas baixas as forças soviéticas continuaram a lutar, agora sob o comando do general Georgy Zhukov.



Em Portugal faz-se sentir com alguma intensidade o apoio de alguns meios germanófilos e anticomunistas à invasão alemã. A destacar o apoio da Legião Portuguesa, organização declaradamente afecta à causa alemã, esta invasão da União Soviética pelos alemães que provoca uma assunção clara da Legião Portuguesa do seu germanofilismo.

Pela primeira vez, é tornada pública uma posição de claro alinhamento pela luta desenvolvida pelos nazis, através de uma ordem de serviço publicada no dia 10 de Julho de 1941 pela Junta Central da Legião Portuguesa no Diário de Notícias.

Contra Moscovo, vencer (diziam eles) não podem ficar indiferentes à campanha libertadora da opressão vermelha nenhuma nação, nenhum povo, nenhum nacionalismo; contra Moscovo alinharão os que querem a ordem; marcharão as legiões de todo o mundo, os exércitos defensores digníssimos das pátrias. O legionário português como nacionalista e cristão é, acima de tudo, anticomunista.

Depois disto, mesmo assim o Estado Novo, continua oficialmente a proclamar o seu não alinhamento, mas que lata dr. Salazar, a isso chama-se popularmente o estilo dum verdadeiro jesuíta, sonso e matreiro.

Mais importante contudo é a notícia que continua a resistir-se a mais uma onda de repressão a propósito da inopinada decisão do governo de aumentar as propinas, que desencadeou um movimento de revolta na Universidade de Coimbra. Como a repressão e a força, tem o condão de acirrar os ânimos ai está a criação dum vasto movimento de poetas, que se apelidam de o Novo Cancioneiro, titulo geral de obras em que poetas jovens, alguns deles parcialmente ligados à Presença, tem vindo a publicar as suas composições em volumes separados.

O primeiro foi a Terra de Fernando Namora, seguido pelos Poemas de Mário Dionísio, Sol de Agosto de João José Cochofel, Aviso à Navegação de Joaquim Namorado os Poemas de Alvaro Feijó e a Planicie de Manuel da Fonseca.

Tudo isto lhe recomendo minha cara amiga e que não deixe de ler também outro livro chamado Esteiros, o nome de um romance integrado numa estética nova mas que aborda o tema do trabalho infantil (coisa banal em Portugal) na vila de Alhandra, cujo autor é Soeiro Pereira Gomes.

O convite musical para hoje é uma homenagem ao martirizado povo soviético, personalizado por Shostakovich na sua 6ª Sinfonia, estreada há dois anos

2 de dezembro de 2009

Mais uma festa surpresa ao patrão

Casa Comum,30 de Abril de 1941
Cara amiga

Não lhe mandei os parabéns, mas Salazar fez anteontem 52 anos e como sempre a UN e as outras estruturas estatais, organizaram em Lisboa no Terreiro do Paço a habitual manifestação "espontânea" popular que serve simultaneamente para das os parabéns ao chefe e para agradecer o que faz por Portugal. a cantilena habitual.

Desta vez os ingleses deram uma mãozinha para abrilhantar a festa, porque no dia 19 de Abril a Universidade de Oxford decidiu atribuir-lhe o título de Doutor honoris causa, que decorreu na Sala do Senado da Universidade de Coimbra.

Só o facto de estar em guerra pode justificar esta homenagem por parte dos ingleses, a quem convém a manutenção da atitude de neutralidade "activa" por parte de Salazar, pois doutro modo não se pode entender a atribuição desta distinção ao chefe dum governo dum regime tipo fascista.

Enfim coisas que o violento ciclone de 15 de Fevereiro afinal não varreu. os jornais têm ilustrado bem o que foi aquele dia com fotos documentando a fúria do ciclone e os seus estragos que abrangiam praticamente todo o país. Casas derrubadas, paredes rachadas, postes de alta tensão e telefónicos por terra, arvores centenárias arrancadas pela raiz, barcos afundados, automóveis virados, cheias e inundações por todo o lado, comunicações ferroviárias e rodoviárias cortadas , só o Ditador permanece no seu posto.

Hitchcock ganhou o oscar deste ano com o filme Rebecca, com Laurence Olivier e Joan Fontaine




que por acaso era o meu favorito

Os ataques da aviação alemã que se fazem sentir deste Setembro do ano passado, tem sido cada vez mais violentos, mas este do dia 19 de abril parece ter sido o mais intenso muito embora em guerra nunca se possa saber o que nos reserva o dia de amanhã.



O meu convite musical de hoje é para Prokofiev e o seu violino concerto nº2

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