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31 de dezembro de 2007

Batemo-nos mal

Não, não temos aquilo porque nos batemos, a maior parte das vezes porque nos batemos mal.

Cá venho eu fazer de advogada do diabo, que é aliás um papel que gosto de fazer, que me cai bem.

Se nos comparas aos espanhóis, então é que estamos mal.

Não podes falar de ordenados mínimos ou compará-los, sem comparares as economias de cada um, e principalmente a qualidade de empresários. Ou julgas que os ordenados mínimos caem do céu?

Caso não o saibas, todas as transformações que os espanhóis sofreram desde a Guerra Civil, foram feitas por:
- Franco, com uma muito maior estratégia que alguma vez Salazar teve, (porque Salazar a não teve, coitado, ele também provinciano e mesquinho).
- PSOE com Filipe González, que foi determinante para o desenvolvimento da Espanha com os dinheiros comunitários.
- PP com Aznar, que terá feito algumas asneiras grossas, mas que a nível económico continuou a desenvolver a Espanha.

Por isso falando de Espanha, percebes que nada tem a ver com partidos ou blocos centrais, mas sim com a falta ou não de estratégia, que nós portugueses não temos de todo.

Essa falta de estratégia levou que se não fizessem as reformas, que outros fizeram sem o povo muito sofrer, com os incríveis fundos comunitários, que têm agora de ser feitas e pior do que isso, têm de ser feitas ainda a doer mais e ainda mais profundamente. E contra isto não há argumentos, quer queiras quer não.

O mais grave para mim, é que neste momento, (há tanto tempo já) não há alternativas.

O PP, com Paulo Portas ou outro qualquer dos que por lá andam?

O PCP, com Jerónimo de Sousa, ou qualquer dos outros fundamentalistas?

O BE, com Francisco Louçã, que não tem sequer quadros suficientes para formar governo?

Depois pegas em argumentos falaciosos.

Na educação, Portugal tem gasto per capita, mais que a maior parte dos países que maiores resultados têm obtido na questão da educação. O que está mal na educação não é o dinheiro gasto, mas sim os resultados obtidos, por umas malfadadas reformas que vêm desde o tempo de Roberto Carneiro.

Na saúde, quando se gastava mais, eram ainda piores os cuidados oferecidos. Nos hospitais civis, morre-se normalmente nas urgências, mas também sempre se morreu, à espera de ser atendido. Não é por falta de dinheiro.

Batermo-nos decididamente para votar noutro partido?

Ni hablar!

Para nos batermos é necessário fazê-lo para termos uma outra revolução, antes que a direita o faça, desde que haja no país alguém com um mínimo de estratégia política e económica para o futuro do país, mesmo que isso pressuponha, perder as eleições quatro anos depois.

Ora, quem será neste país que seja um bom estratega e queira ir para o governo?

Mas que fique bem claro, que será a última vez, do meu lado, que vou discutir política neste blog.

28 de dezembro de 2007

Temos aquilo porque nos batemos ?


Não é a primeira vez que me chamam azedo. Nem hoje será a última, por certo, mas a minha última entrada do ano neste blogue que compartilho com outras pessoas, não pode ser diferente, nem deixar de reflectir a imensa azia que todos os dias esta gentinha que (des)governa a nossa terra me provoca.

Este malfadado bloco central, no qual há anos "insistimos" em votar, não deixa antever nada de bom para o ano que se avizinha, quando aumentos de 40% no preço da electricidade, se contrapõe ao parto difícil de 426 € de salário mínimo nacional, quando o salário mínimo espanhol vai para 600 € , o nosso não se aproxima sequer ao dos nossos vizinhos, em 2004.

O ministro da Saúde, o tal que disse que nunca porá os pés num SAP, por não terem qualidade, ufana-se de ter no presente ano poupado 330 milhões de euros nas despesas do seu Ministério.

Quando o povo paga mais impostos são exactamente nos ministérios da Saúde e no da Educação, aqueles que às pessoas mais humildes afecta directamente, que se produzem cortes.

Sou forçado a acabar o ano com esta nota de azedume é certo que sim, provavelmente motivado pelas perguntas que um amiga me deixou num mail que me mandou, com os votos de Boas Festas.

Temos da vida o que merecemos? ou temos aquilo porque nos batemos?

perguntava ela.

Realmente não posso esperar nada de bom, da incompetente vaidade que gere a nossa vida, fica contudo a réstia de esperança, que possamos aprender a bater-mo-nos decididamente, pelos nossos interesses, para além da exiguidade da mesa do café, ou das entradas nos blogues.

Proponho para já que cada eleitor, faça o seu próprio programa eleitoral para 2009, baseado no seguinte tema, o que pretendo, faça o partido em que vou votar ?
consultar na altura o programa eleitoral de todos eles e votar no que prometer cumprir as nossas reivindicações.

Como já sei o que está a pensar dizer-me neste momento, acrescento que é fundamental cada um de nós armar-se do espírito decisivo de não perdoar aos partidos mentirosos, votando nos mesmos, na eleição seguinte.

23 de dezembro de 2007

Dá que pensar o Natal


O menino estava em palhas deitado, mas não, não era Jesus.

Era o filho da Vanessa, que tinha sido violada há 10 meses atrás e que não tinha abortado, porque a mãe fora falar com o cura, que tinha ameaçado com a excomunhão.

Agora para ali estava, não queria saber do filho, ela também criança de 14 anos.

As Meninas, todas aquelas Mulheres, de todos aqueles movimentos a favor da Vida e do Não, esquecidas que se tinham comprometido a melhorar o Mundo.
Ainda nem passou um ano, mas a memória é curta e faz jeito quando as opções dão trabalho.

Que fazer daquele pequeno, que poderia ser, mais uma vez Jesus, a ver se tinha valido a pena ter sido crucificado, já nem dizia pela Humanidade, mas pelos que em si acreditavam.

Teria uma certa desilusão, pela certa, porque os vendilhões do templo não acabavam mais. Agora mais ricos, mais gananciosos, mais opulentos e querendo mostrar por ostentação, o dinheiro que conseguiam, de peregrinos e devotos.
Mas o que se regalam a comprar aos vendilhões, eles próprios vendilhões de outra coisa qualquer, também já não acreditariam que Jesus pudesse aparecer.

Hoje, se Jesus aparecesse em palhas deitado, era considerado um miserável, e seriam os católicos os primeiros a gritar Mata! Mata!
Poderia ser considerado um perigoso terrorista.
Seriam os católicos os primeiros a querê-lo, não direi crucificado porque já se não usa, mas condenado à morte.

Dá que pensar!

22 de dezembro de 2007

O fim do sonho de acreditar


Realmente o Natal é uma data especial, tem qualquer coisa, nem que seja o peso da tradição, da nossa educação apostólica romana, que marcou profundamente a minha geração.

Talvez a tendência seja para que gerações futuras, passem a cuidar menos desta data, talvez o consumismo o faça, não sei nem me apetece agora análises profundas sobre essa matéria.

É Natal e pronto, mesmo que se não queira, tenho a certeza que felizes ou mais tristes, todos temos histórias ligadas ao Natal, recordações, umas difusas, outras mais nítidas, mas que ficam dentro de nós para toda a vida. Isso acontece porque é Natal.

Eu tenho muitas ligadas a essa quadra, mas recordo sempre, talvez a mais triste para mim e a que me deu uma das maiores lições da minha vida, hoje já um pouco cheia.

O meu primeiro Natal pobrezinho, do muitos que se seguiriam depois. O Natal da transição duma criança, que em anos anteriores tinha tido tudo e nesse ano pela primeira vez não teve nada.

Não foi porém esse o drama mais importante, ser pobre era a realidade mais ampla dos Natais da maioria das pessoas no tempo de Salazar, eu passei a ser, apenas mais um.

O grande desgosto, foi o facto da minha mãe, ter que me dizer que o Pai Natal não existia. Não foi por eu ter sido especialmente mau, que o Pai Natal não se lembrara de mim, era somente porque éramos pobres.

Tenho ainda hoje a consciência, que o desgosto não foi o não ter tido nenhum brinquedo, foi ter-se-me acabado o sonho de acreditar que o Pai Natal existia.

A todos os que por aqui passarem, em especial ao sócios cá do condomínio, deixo os votos do melhor Natal possível e os desejos que, no Ano que vêm o PODER emende a mão e comece a pensar que é tempo de devolver ao nosso povo, tão desprezado, a dignidade que insistem em tirar-lhe.

Fica também um apontamento dum esboço que fiz, como outros a que chamo de limpeza de pincéis, quando acabo as minhas pintalgadelas a óleo, a este chamei auto-retrato.

20 de dezembro de 2007

Perdizes


Menina, não mexa aí, nas pucarinhas!
Deixa lá Maria, deixa-me ver o que estás a fazer. Cheira tão bem! Deixa-me só cheirar mais de perto.
Sabe bem que a sua avó, não a quer hoje aqui na cozinha.
Está bem, mas como hei-de não vir se o cheiro me chama.
A Menina "há-de só" viver do cheiro. Chega à mesa e não come nada. Não vê como está magrinha?
Nunca tenho fome Maria, mas tu sabes como gostos dos cheiros do que fazes.
Achas que poderia viver de cheiros? Eles enchem-me o coração, a alma, porque não me hão-de também encher e alimentar? Fico tão bem, tão feliz, gosto tanto destes cheiros.
E a Menina a dar-lhe com o cheiro! São perdizes Menina, e sabe bem que se não podem destapar

Ontem sem saber como, só porque vi umas perdizes (de)penduradas….e aí vieram as memórias a uma velocidade de tal maneira surpreendente, que senti aquela tontura como se estivesse a ser puxada para trás.

E vi, mas vi mesmo, como se lá estivesse, as púcaras todas alinhadas em cima do fogão de lenha, todas de barro não vidrado, do tamanho exacto de uma perdiz, com as tampas viradas ao contrário cheias de água e com uma massa feita de farinha com água, a vedá-las, para que nenhum vapor pudesse por ali sair.

Mas antes, lembro-me das seis cebolinhas descascadas, que se punham dentro de cada púcara, com 6 grãos de pimenta preta e 6 grãos de pimenta branca, um cravo de cabeça, um cheiro de noz moscada, um pouco, muito pouco, de sal e duas medidas de azeite e uma de vinagre.

E ficavam ali a fazer até a água que estava dentro da tampa se evaporasse e então sim, então era dado como acabado. Este processo demorava umas três horas bem contadas.

O cheiro, aquele cheiro que eu queria apreciar de mais perto, ainda me vem ao nariz...
e o sabor? aquele sabor, aquele molho de bruxa, esse completamente perdido para os dias de hoje, onde já nem as perdizes são verdadeiras, onde já nem as perdizes aguentam três horas de lume.

18 de dezembro de 2007

O PINHEIRO MÁGICO

Há muitos anos atrás, junto do braço florestado de um pequeno lago, viveu um castor chamado Jack.Embora não fosse um ser azedo nem maldoso, antes pelo contrário, era humoroso e labutador, o pobre era o mais pobre dos pobres de que havia memória por aquelas paragens.Ele bem tentara este ou aquele empreendimento. Mas era um azarado e as coisas tinham-lhe corrido sempre mal. Ora porque uma doença o impedira de continuar a trabalhar na construção de diques ou o súbito aparecimento de uma inovação tecnológica lhe esmagara a produção de abafos para as tocas, a diluição dos seus sonhos mais bonitos era uma autêntica fatalidade.E no entrementes com a família crescendo que tanto ele como a sua Laurie, a castora mais alegre e jovial da floresta da outra margem, por ignorância provinda de uma educação que as humildes condições das respectivas famílias haviam furtado à escola, não sabiam como contrariar os desígnios mais misteriosos da natureza.Por fim acabaram na captura e carrego de lenha para os mais afortunados.
Contudo, dada a abundância da matéria-prima e da mão-de-obra disponível, mal ganhavam para alimentarem a prole e sabia Deus quantas vezes os pais se deitavam com não mais que uma bolota de véspera para roerem.Num certo ano, o filho mais novo quebrou-lhe o coração quando lhe pediu uma árvore de natal, como uma que vira na casada menina Dorothie, piscando às cores, no outro lado da janela.Nem um centavo tinha depois de ter comprado os alimentos para a parca consoada do dia seguinte.Foi com os olhos húmidos que Jack explicou a impossibilidade de eles imitarem outros castores mais abastados. Nessa noite chorou a sua triste sorte e foi na exaustão dos soluços que ele se deixou dormir abraçado à sua amada como sempre gostava de fazer.E a neve reforçou ainda mais o extenso lençol branco que demarcava os horizontes.De manhã foi o pequeno Jimmy quem primeiro viu o milagre.Junto da palafita da sua tosca habitação estava um pinheiro carregado de pinhas amadurecidas como no mais quente dia de Verão e que tinham a particularidade de ao caírem num solo florido em redor do sítio, serem substituídas de imediato por outras que se desenvolviam em acto contínuo para logo caírem e assim sucessivamente.O fenómeno durou uns poucos dias até que a árvore adormeceu.Era de tal ordem grande a quantidade de pinhões que os nossos amiguinhos logo se atiraram a transformá-los e a vendê-los nos mercados dos homens, obtendo com isso o sustento que lhes permitiu passar a viver com toda a dignidade.E enquanto Jack viveu, todos os anos, o pinheiro acordava e deixava que lhe catassem os frutos.Ainda hoje, os descendentes de Jack têm o hábito de fazerem uma grande árvore de natal em local público e nunca se esquecem de deixarem uma prenda para todos os castorzinhos pobres das redondezas.

16 de dezembro de 2007

Ó gente da nossa terra

A fadista Mariza há dias numa entrevista ao DN, disse que " Dou a cara porque tenho muito orgulho no meu País" a propósito da campanha de promoção da imagem externa de Portugal, em que colaborou e que se iniciou no passado dia 10 de Dezembro.

Não sei porque razão, ninguém lhe perguntou porque tem orgulho no seu País, provavelmente porque ninguém a quis atrapalhar com perguntas objectivas e de resposta difícil.

Ela acha que a imagem que temos lá fora é o de um País acolhedor, com bom clima (não somos responsáveis) e boa gastronomia e muitos dos estrangeiros com quem fala gostariam de viver aqui.

Eu no lugar dos estrangeiros reformados, também era capaz de gostar, desde que fossem respeitadas as seguintes condições.
  1. Não receber a reforma paga pela Caixa Nacional de Pensões, mas igual á que eles recebem e paga em libras ou em "euros alemães", que como se sabe não são iguais aos nossos.
  2. Evitar ao máximo ter que ser assistido, antes de morrer, pela INEM ou pelo Serviço Nacional de Saúde.
  3. Não ser obrigado a ouvir as aldrabices do primeiro Sousa e do chefe Silva.
  4. Estar à vontade para ser adepto do maior clube do Mundo, sem cair no ridículo
Até o Frank Gehry é um apaixonado por Portugal, diz ela, e adorava fazer um projecto aqui.
Nós já sabemos isso, até sabemos que ele já recebeu uns dinheiritos por um projecto que nunca fará, o do Parque Mayer.

Autêntica maravilha essa a de ganhar dinheiro sem fazer népia, assim qualquer um se apaixona. Fica a minha promessa de me apaixonar pelo Sahara se os 10 países que o possuem se cotizarem para me pagar 2 milhões e meio de euros por uma maquete,como o do projecto que já foi enterrado pelo António Costa.

14 de dezembro de 2007

Uma no cravo outro na ferradura


Há empregados que não se sabem defender dos patrões.
Há outros que pensam que sabem e são os modernos escravos.

Há patrões, para mim a maior parte dos patrões nacionais, que são tão maus, tão chicos espertos, que acabam sempre a lixar os empregados, mas que mais tarde ou mais cedo são também lixados por estes.

Este é um exemplo paradigmático de patrão e respectivos empregados:

Quem ouve estes empregados, nem lhe passa pela cabeça que podem fazer parte dos modernos escravos, no entanto assim é e no pior sentido.

Estes empregados, refilões que exigem, por exemplo, um pequeno frigorífico para as suas bebidas (águas e coca colas) e para os seus iogurtes, nos respectivos stands de feiras, são os mesmos que se levantam às quatro da manhã para estarem em Lisboa às cinco e meia da matina, carregarem o furgão com cinquenta quadros, 35 dos quais grandes, enormes formatos, que pesam imenso (desta vez têm-me a mim para os ajudar) arrumá-los com cuidado, deixá-los bem amarrados sem baterem uns nos outros, garanto-vos que é preciso arte, e partirem por volta das sete menos um quarto para o seu destino em Espanha.

Chegados lá, cinco horas depois, numa viagem onde o nevoeiro cerrado imperou, procura-se o local da exposição e descarregam-se os quadros.
Se achei difícil o carregamento, o descarregamento é uma enormidade.
O sítio das descargas é longe do stand, os quadros levados ao colo um a um, unicamente por dois, o outro tem de ficar no furgão.
Demora-se a descarregar um tempo infinito, digo eu que tomei o pequeno-almoço às quatro e um quarto da manhã, e são já quase duas da tarde, das nossas horas e eu sem comer nada.

O grave é que a exposição inaugura às 19h deles e já só há 4 horas para ir pôr as malas ao hotel, ir almoçar, desembrulhar os quadros, escolher os que ficam dentro do stand e em que parede, o que foi uma carga de trabalhos, porque foram para lá sem fazer a mínima ideia do tamanho das paredes, nem do stand, nem de nada, além do medo de que, no final de tudo, o patrão não gostasse da disposição dada.

Resumindo: eram sete menos um quarto quando tudo foi dado por concluído.
As pessoas de todas as outras galerias estavam frescas, bem arranjadas, bem pintadas, cheias de glamour.

Nós estávamos de jeans, sujas de pó por todo o lado, pinturas népias, olheiras até ao chão, ar mortiço, glamour nem sombra.

É na inauguração que vão os melhores coleccionadores, os representantes dos museus, o presidente da feira….

Este patrão, para poupar 45 € por quarto, por dia (miserável, que até para ir para a banheira se tinha de passar por cima da sanita, mas muito limpinho) para dois empregados, tinha-os obrigado, obriga-os todos os anos, a fazer este forcing. Qualquer deles está na casa dos cinquenta e bastantes.
Nem lhes vou contar a vinda para Portugal, por tão constrangedora.

Julgam que se recusam a fazê-lo? Julgam que refilam? Julgam que têm ajudas de custo?
Paga-lhes o quarto e as refeições, mas nem sequer as gorjetas lhe cobram.

No entanto, dizem mal do patrão para quem os queira ouvir; tanto ao comissário da feira de arte, como a um grande coleccionador e cliente desse mesmo patrão, esquecendo-se que se piorarem a imagem da Galeria, talvez vendam menos, que se denegrirem o patrão, talvez o cliente não volte e que se fizerem isto amiúde, talvez os empregos possam ser postos em causa.

E fiquei sem saber qual preferir, ou de qual tomar partido.

12 de dezembro de 2007

Venha lá a minha côngrua ó gulosos


(padre Avelino o gestor sacramental)

Quem não paga não tem sacramento, diz o pároco Avelino Castro cioso da sua côngrua, que segundo ele não vem.

Eles (os paroquianos) querem é mama, terá pensado em bom português, ter-se-ão habituado mal ao longo de 50 anos a fazer o que lhes apetecia, ou seja a não pagar, usufruindo dos serviços canónicos, completamente á borla.


Perfeito idiota, pensará o padre Avelino, uma tal Cristo que andou aí pela Terra há 2.000 anos, calcorreando tudo quanto era sítio, em tournés imensas, sem nunca ter cobrado o cachet devido ás multidões que o seguiam.

Maus exemplos, pensará com os botões da sua camisa, comprada em saldo aposto, já que as batinas estão caras e os proventos reduzidos.

Por essas e por outras é que o pessoal se habituou a não pagar e agora é o que se vê, acham demais o pagamento dum dia de salário mensal para a manutenção dos sacramentais serviços.
Multa de 50 € ano aos relapsos, por cada ano em falta e não se pense que a côngrua é singela.

Numa família, devem pagar todos, mulher, filhos e cabeça de casal, desde que estejam empregados.

Fórmula Teixeira dos Santos em pleno, só me escapou a informação, se estão também previstas penhoras aos não cumpridores.


Reformados também pagam, dado que o padre Avelino, não deixa de notar que se recebem 200 ou 300 € por mês de pensão, terão igualmente arcaboiço financeiro para o pagamentozinho da ordem, (
desta nem o Teixeira dos Santos se lembrou... por enquanto).

Para os incumpridores, não haverá missa de sufrágio, um dos serviços do "pacote Avelino", eles que procurem outro padre diz o gestor paroquial, limitando-se num esforço de boa vontade a alugar a igreja, para o serviço fúnebre e quem quiser que procure outro padre-saloio, que ainda ache que o serviço de Deus está primeiro, que o pagamento da côngrua.

Bem reclamam os paroquianos daquelas freguesias de Barcelos, que o pároco Avelino, não é o dono das Igrejas, que pretende alugar, ameaçam até mudar de Igreja, para outras da vizinhança, caso o gestor Avelino não mude de estratégia comercial.

Vá lá padre Avelino, lance lá uma promoção de Natal, até o merceeiro Belmiro sabe que é preciso cativar a clientela, por causa da concorrência.

10 de dezembro de 2007

As Fugas ao Fisco


Estive na estranja por uns dias, desta vez como freelancer.

Fui acompanhar uma pequena empresa; pequena em número de empregados e em facturação, mas uma média empresa se tudo fosse facturado, o que não é o caso. Possivelmente nem sequer metade das vendas serão facturadas.

A Fiscalidade portuguesa anda esquecida de uma fatia importante do mercado de arte, se é que não anda totalmente esquecida desse mercado, deixando-os pensar as melhores maneiras para fugir ao fisco, pensando em que advogados os defenderão melhor, quem serão os melhores contabilistas, os mais ardilosos, organizando-se.
Ora neste fuga, como é evidente, deixam de se pagar o IRC e pelo menos o IVA.

Não sei qual o estatuto fiscal dos pintores ou escultores, mas estes, como as Galerias não facturam aos clientes, por sua vez, também não facturam às Galerias.
O mercado da arte vive de pinturas e esculturas que não existem, nem perante o fisco, nem perante a legalidade, fazendo-se imensas falcatruas.

Não sei como estará o mercado dos leilões, mas consta que há imensas peças que se vendem antes e depois do leilão, sobre as quais deixam de incidir os normais impostos.

Para mim, isto é tanto mais imoral, quanto o acesso da arte é só para os mais ricos, para coleccionadores, e dentro destes estão tanto particulares, como museus, como instituições bancárias e empresas.

Não me venham falar da crise. No mercado de arte crise é uma palavra desconhecida.
Quando um cliente se queixa do preço da peça de arte que quer aquirir, o primeiro desconto é retirar o IVA, se "chorar" mais um pouco, lá lhe fazem mais 10% de desconto.
Porque será que as maiores feiras de Arte são nos finais de ano, ou nos princípios dos mesmos, sempre antes do fecho do ano fiscal?

Qualquer artista que está a começar tem peças vendidas a 2.000 €.
Com facilidade, em qualquer artista mais conhecido, os preços atingem os 30.000 €, em peças ditas de pequeno formato, chegando as de médio formato a atingir os 60.000 €.
No final do ano é ver, as profissões liberais e não só a comprar quadros e esculturas!
Qualidade de vida fiscal, é o que existe neste mercado!

3 de dezembro de 2007

ESTAVA UM LINDO DIA DE SOL

Estava um dia um homem cavando lentamente, mais olhando o céu que o rego que pretendia abrir, de tal forma que aquilo que deveria ser um pequenino canal por onde a água haveria de brilhar para dourar a terra quando o calor o consentisse, de tão mal feito e com tão pouco carinho, mais parecia o caminho para uma daquelas escorrências com que a Terra por vezes castiga os mortais.
Nem mesmo cantava enquanto erguia o pau com tão pouca convicção que, dir-se-ia, tanto ele como o ferro mais pareciam estar em exercício de alguma forma de dança do que nas duras artes do ganha-pão. E o rosto, os olhos, até o cansaço que revelava nada mais indicavam que a resignação de um destino, nada mais que a resignação de um destino.
Nisto passou um ancião que, depois das saudações e das adivinhações sobre as vontades das nuvens, lhe censurou a pouca disponibilidade que revelava para o trabalho, como quem tivesse esquecido os bons ensinamentos sobre a forma de obter o sustento. Logo ele que tinha bom corpo para a faina.
Mas o ancião que, por ser homem de Fé, tinha por princípio a procura de ser justo, depois de escutar as razões do distraído, fez-lhe as despedidas de acordo com o bonito dos costumes e propôs-se-lhe para falar com outros iguais a ele, igualmente tratados daquela maneira, para que todos juntos se apresentassem a quem lhes assegurava os salários, fazendo-lhe ver de sua justiça que o vigor da enxada dependia à anteriori da riqueza dos alimentos que com ela conseguiam para si e as bocas que tinham para alimentar.
Como esta pequena história acabou não vamos agora dizer, até porque alhures continua, mesmo contra a nossa vontade.
Mas aqueles que a ouvem que lição devem tirar?
Pois muito bem menino Yoshua, quem não manduca não consegue trabucar.

Exijo uma estrela vermelha no boné de Funes

No meu blogue favorito, como já várias vezes tenho afirmado, que se chama funes el memorioso, por acaso também colaborador aqui da Casa, foi publicado um interessante e muito actual post, a que o seu autor chamou Nota importante, que me inspirou para esta intervenção.

A partir duma nota declarativa de desapego democrático e suas consequências nos processos eleitorais, porque segundo o autor, o voto de cada um dos eleitores não pode ser equalizado porque os cidadãos o não são. Em suma o voto dum analfabeto não pode valer o mesmo do que o duma pessoa instruída, o de uma pessoa abastada não pode valer o mesmo que o de um esfomeado, o de um inteligente o mesmo do que o dum estúpido.

Acho interessante a discussão deste ponto de vista, apenas no plano das ideias diga-se de passagem, onde todas as teses por mais inconcebíveis que o sejam, não devem deixar de ser consideradas. Lembro-me como achava idiota no meu tempo de estudante, ter de considerar como objecto de estudo o paradoxo de Zenão.

A aparentemente perigosa ideia explicitada pelo seu autor, levar-me-ia afinal a concluir em limite, que afinal o brilhante Funes, não passaria dum mero divulgador das ideias comunistas, ou do sistema eleitoral cubano.

A isto eu chamarei o meu paradoxo de Funes.


Explicando melhor, se os pressupostos para que o sistema eleitoral, um cidadão um voto possa ser considerado aceitável para Funes, nada melhor do que acabar com a propriedade privada e com a possibilidade de alguém enriquecer, ou então, optimizando, num País só de esfomeados a eleição já pode ser considerada aceitável.

Como por outro lado ao que parece e segundo constatei quando lá estive e ouço várias pessoas repetirem, Cuba é um país de gente culta, o que corresponde ao parâmetros eleitorais Funeanos, a uma excelente intervenção popular superior.

O facto de não haver muitas opções de escolha eleitoral, dizem, também não deverá ser factor de exclusão para Funes, sabendo-se que propostas emanadas só por super-inteligentes, são indiscutíveis, segundo se depreende da sua teorização.

Talvez os inteligentes não sejam muitos, mas pode sempre arranjar-se um lugarzinho, no Comité Central, para um brilhante advogado desiludido com o seu bastonário e com o seu País.

Temas e Instituições