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23 de outubro de 2011

O assassinato de Militão e o afastamento de Ferro

  • Morre, na Penitenciária de Lisboa, Militão Ribeiro, dirigente comunista.
A 2 de Janeiro de 1950, Militão Ribeiro, membro do Comité Central e do Secretariado do PCP, morria na Cadeia Penitenciaria de Lisboa, nove meses depois de ter sido preso pela PIDE conjuntamente com Álvaro Cunhal e Sofia Ferreira, numa casa clandestina, no Luso.

Militão Ribeiro e Álvaro Cunhal foram sujeitos a um regime prisional brutal, um regime de excepção, de arbitrariedade e violência

As consequências para a saúde deles eram inevitáveis. Militão Ribeiro sofria de grave doença do fígado contraída no Campo do Tarrafal, onde passara seis anos. A falta de uma alimentação e medicação adequadas tornaram-se fatais.

Militão descreveu de forma circunstanciada o tratamento brutal que lhe foi infligido, numa carta que fez chegar clandestinamente ao Partido e onde se pode ler: «Tenho sofrido o que um ser humano pode sofrer. Nem sei como tenho tido forças para tanto (…). Desde sempre mantive a disposição de dar a vida pelo Partido em todas as circunstâncias assim como a dou de uma forma horrível e cheia de sofrimento. Mesmo quase já um cadáver ainda fui esbofeteado por um agente. Dores, insónias, fome, agonias, tudo tenho sofrido nestes sete meses».


  • A Índia propõe a integração da "Índia Portuguesa" na União Indiana
No passado dia 27 de Fevereiro, o Governo indiano apresenta ao Governo português uma proposta de negociação para o Estado Português da Índia ser integrado na União Indiana. O Governo recusa, afirmando não ser possível considerar questões de soberania dos seus territórios.

  • António Ferro deixa a direcção do SNI.

António Ferro abraçou a carreira política, tendo dirigido o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) desde a sua criação por Salazar, em 1933, até agora. É sua a formulação doutrinária, a partir de 1932, da chamada Política do Espírito, nome que teve em Portugal a política de fomento cultural e de propaganda do regime.

Depois de em 1933 ter publicado um livro de entrevistas com o ditador (Salazar, o Homem e a Obra), este chamou-o para seu próximo colaborador com as funções simultâneas de chefe da propaganda e de responsável pelo sector cultural.

António Ferro, tal como Gobbels tinha uma percepção clara de como a cultura se poderia transformar num poderoso instrumento de poder ao serviço do Estado, nomeadamente na construção de uma retórica cultural onde os conflitos sociais são harmonizados em torno de grandes desígnios nacionais.

Ao Povo Português é atribuída uma missão divina - propagar e defender os grandes valores da cristandade no mundo. O seu Império é apresentado como o exemplo da obra civilizacional do mundo ocidental. As suas aldeias, constituída por gente trabalhadora, pobre e feliz é apresentada como um exemplo às outras nações civilizadas, onde pululam grandes urbes industrializadas minadas pela desordem e imoralidade.

O discurso da superioridade de modelo de sociedade portuguesa, assente no corporativismo, transformou-se subitamente no discurso das causas do atraso económico do país. Neste contexto, Salazar rapidamente percebeu que tinha que alterar o discurso do regime e mudar os mecanismos de controlo social, mas para isso tinha também que afastar o homem que criara e encarnara o modelo anterior.

António Ferro é compulsivamente afastado do cargo que desempenhou desde 1933.

Fonte:Carlos Fontes-Coisas da cultura

  • Estreia do filme a Cantiga da Rua
  • No passado dia 24 de Fevereiro fui à estreia, no Condes do filme , CANTIGA DA RUA de Henrique Campos, com : Alberto Ribeiro, Deolinda Rodrigues, Costinha, Manuel dos Santos Carvalho, Eunice Muñoz, Luísa Durão, Maria Olguim, Augusto Fraga, Álvaro Pereira entre muitos outros.

  • A Grande Ilusão ou All The King's Men foi o grande vencedor do óscar referente ao ano passado um filme de Director Robert Rossen, com Broderick Crawford (Willie Stark), John Ireland (Jack Burden), Joanne Dru (Anne Stanton), John Derek (Tom Stark).

16 de outubro de 2011

A morte de Soeiro Pereira Gomes

  • Casa Comum, 31 de Dezembro de 1949
  • Notas para o meu diário

  • Em 5 de Dezembro passado, morre na clandestinidade Soeiro Pereira Gomes, membro do Comité Central do PCP

Joaquim Soeiro Pereira Gomes nasceu em 1909 na aldeia de Gestaçô, concelho de Baião, no seio de uma família de pequenos agricultores do Douro. Aprendeu a ler com o pai no Primeiro de Janeiro, ainda antes de entrar na escola primária. Mais tarde vai para a Escola Agrícola de Coimbra, onde tira o curso de regente.

Em 1930, assina um contrato com a Companhia da Catumbela e embarca para Angola. Em 1931, regressa a Portugal insatisfeito com a experiência, quer pelas condições de trabalho quer pelos rigores do clima.

Nesse ano casa com Manuela Câncio Reis, fixa residência em Alhandra e emprega-se no escritório da fábrica Cimento Tejo

No final dos anos 30, Soeiro Pereira Gomes adere ao PCP, ingressa na célula da empresa e pouco depois integra o Comité Local de Alhandra, participando activamente na vasta acção cultural impulsionada pelo Partido em todo o Baixo Ribatejo, em articulação com o trabalho clandestino da organização.

Pioneiro do movimento neo-realista cuja consolidação se acentua a partir de 1939, Soeiro Pereira Gomes colabora nos jornais «Sol Nascente» e «O Diabo». Na sua casa juntam-se, entre outros, Alexandre Cabral, Sidónio Muralha e Alves Redol.

Entretanto, o regime salarazista tudo fazia para impedir o conhecimento dos crimes do holocausto nazi, as tabernas, os cafés e outros lugares públicos estavam proibidos de ligar os aparelhos de rádio à BBC à hora das emissões em língua portuguesa. Por isso, Soeiro Pereira Gomes, residente numa pequena moradia de um só piso, abria a janela da sala em que tinha a telefonia para que muitos populares pudessem escutar disfarçadamente as informações de Londres sobre a evolução da II Guerra Mundial.

Em 1944, Soeiro começa a escrever «Engrenagem», livro que não terá tempo de concluir, dado o rumo que a sua vida tomaria a partir de então.

Nas greves de 8 e 9 de Maio desse ano, Soeiro encontrava-se no seio dos trabalhadores em luta, como membro do Comité Regional da Greve do Baixo Ribatejo. A Pide teve conhecimento prévio do movimento grevista e começa a preparar uma cilada a Soeiro. Este vence a situação, mergulhando na clandestinidade na tarde de 11 de Maio de 1944.

Acabada a II Guerra Mundial, o PCP realiza o seu IV Congresso na Lousã, em Julho de 1946, sendo Soeiro Pereira Gomes eleito para o Comité Central. Em Agosto elabora um «esboço sobre a maneira como utilizar as praças de jornas ou praças de trabalho no Movimento de Unidade Camponesa para o derrubamento do fascismo» e, pouco depois, é destacado para o Sector de Lisboa, onde se torna membro da Comissão Executiva do Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista (MUNAF), ao mesmo tempo que acompanha a actividade dos camaradas que actuavam no Movimento de Unidade Democrática (MUD).

Soeiro era elemento de ligação do Partido com o Conselho Nacional de Unidade Anti-Fascista quando adoece gravemente. Ainda participa no início da campanha presidencial de Norton de Matos em 1949, mas a doença progride minando-lhe a resistência física.

  • A 17 de Dezembro foram presos de vários elementos do MND na sequência do protesto contra a prisão de José Morgado

José Morgado participou na candidatura presidencial do general Norton de Matos e no Movimento Nacional Democrático. Nesta época foi preso diversas vezes, por razões políticas

. Foram presos vários membros da Comissão Central do MND, em 17 de Dezembro , por protestarem contra a prisão de , José Morgado, ocorrida em Castelo Branco a 5 de Novembro. passado

A Polícia política prende uma série de elementos do MND, na sequência desse protesto

Os dirigentes do Movimento Nacional Democrático, presos foram Rui Luís Gomes, Virgínia Moura, Albertino Macedo, Areosa Feio, José Pinto Gonçalves, José Alberto Rodrigues, Maria Lamas. Foram libertados a 24 de Dezembro, após terem prestado caução.

  • No passado dia 2 de Novembro Filmes Albuquerque que o produziu apresentou no Trindade no Porto, A CANÇÃO DO CIGANO de Henrique Campos; com interlúdio musical com Alberto Ribeiro.




  • Minerva Filmes estreou, no Tivoli, VENDAVAL MARAVILHOSO de Leitão de Barros.

5 de outubro de 2011

O encontro dos ditadores

  • Casa Comum, 01 de Outubro de 1949
  • notas para o meu diário

  • Proclamação da República Popular da China por Mao Tse Tung
Pondo fim à guerra civil o Partido Comunista chinês tomou o controle da China continental e o Kuomintang (KMT) recuou para a ilha de Formosa . No passado dia 1 de Outubro, Mao Tse-tung proclamou a República Popular da China, declarando que o "povo chinês se pôs de pé".


  • As Repúblicas alemãs
Após a Segunda Guerra Mundial, os líderes dos Estados Unidos, Reino Unido e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) encontraram-se na Conferência de Potsdam.

Decidiram temporariamente dividir a Alemanha em quatro zonas de ocupação,Francesa no sudoeste, Britânica no noroeste, Americana no sul, e Soviética no leste. Em 1949 os três primeiros sectores federalistas, foram agrupados formando a Alemanha Ocidental

No lado controlado pela URSS foi proclamada em Berlim Oriental no dia 7 de Outubro baptizada como República Democrática Alemã.

  • Primeira visita oficial do generalíssimo Franco a Portugal. 22 de outubro

A de 22 Outubro, o chefe de Estado espanhol, Francisco Franco, visitou Portugal. No acervo documental da Direcção-Geral da Contabilidade Pública, na série "Despesas com Visitas Presidenciais", podemos verificar quais as despesas extraordinárias pagas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros aquando da visita do ditador espanhol

Soube que a Pastelaria Marques cobrou 163.250$00 por uma ceia para 2000 pessoas e de um banquete para 155 pessoas; a Garrafeira Internacional Lda., pelo fornecimento de 480 garrafas de espumante Raposeira, cobrou 26.400$00; a Real Vinícola do Norte recebeu 18.707$00 pelo fornecimento de vinhos, espumantes e licores, a Gráfica Ajudense cobrou 100$00 pelas 3.800 senhas em cartolina para o bengaleiro do Palácio da Ajuda, a ornamentação de flores e verduras custou 14.975$00; o Comando-Geral da Legião Portuguesa recebeu 18.200$00 para o «pagamento de diversos serviços de informações»; ao Comando da Polícia de Viação e Trânsito foi paga a quantia de 19.893$60 referente a ajudas de custo ao pessoal e 1.596 litros de gasolina; a Electro Portugal cobrou 120$70 para custear o material para instalação de uma antena no Arco da Rua Augusta.

Dinheiro mal gasto digo eu.

Temas e Instituições