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29 de junho de 2009

Habemus Papam


Casa Comum, 15 de Março de 1939

Cara amiga


Desde o passado dia 2 que temos um novo Papa. Exactamente no dia em que fez 63 anos Eugénio Pacelli é eleito Papa com o nome de Pio XII. Um romano, como já não acontecia desde o século 18,após a morte de Bento XIII em 1730. É um nobre italiano. muito culto (três licenciaturas), mas de saúde precária, tanto assim que nos tempos de seminário, foi autorizado a pernoitar em casa de seus pais.

De qualquer forma, esta eleição pelos tempo que correm, onde se sentem no ar os ventos da guerra, as suas responsabilidades são acrescidas, porque lhe cumpre a tarefa de a tentar evitar, como se depreende das suas palavras proferida numa mensagem radiofónia, logo no dia seguinte à sua eleição "Nestas ansiosas horas, enquanto muitas dificuldades parecem se opor à realização da verdadeira paz, que é a mais profunda aspiração de todos, levamos nossa suplica a Deus, uma oração especial por todos aqueles que têm a maior honra e o enorme peso de guiar o povo no caminho da prosperidade e do progresso civil".

Será que os srs Hitler e Mussolini ouvirão as suas preces ? O certo é que os sintomas da guerra se intensificam, como se prova pela proclamação recíproca entre os governos francês e britânico , de cooperação em caso de guerra.

O reaccionário Franco, consumou a sua vitória, na sequência da conquista de Barcelona, forçando as forças republicanas a procurar refugio em França, mas a verdade é que o reconhecimento pela França e pela Grã-Bretanha da Junta de Burgos como representante legítima do estado espanhol correspondeu à consolidação da vitória de Francisco Franco. A França acabou por nomear o general Petain como embaixador, no passado dia 2 de Março. é óbvio que a guerra civíl de Espanha acabou neste momento.

E nós por cá ? Apetece perguntar. Minha amiga, nós por cá tudo bem.

Par além da intenção manifestado por Salazar de se manter "rigorosamente neutral", em relação a esses conflitos, há o objectivo de reforçar a imagem de apoio popular, ao regime e à sua política corporativa, promovendo-se no passado dia 26 de Fevereiro no Terreiro do Paço, uma manifestação de associados dos Sindicatos Nacionais, Casas do Povo e dos Pescadores.

Fui á estreia ao Tivoli do filme de "Aldeia da Roupa Branca" de Chianca de Garcia, com Beatriz Costa,Manuel Santos Carvalho, José Amaro, Óscar de Lemos, Elvira Velez entre outros. O sabor do enredo é popular e divertido, mas não deixo de referir que também espelha, o atraso da sociedade portuguesa, é esta mentalidade pacóvia e tacanha que a Salazar, não convém alterar, porque afinal também ele a têm.

O convite musical para hoje é para Mendelssohn para ouvir a sua 2ª Sinfonia.




16 de junho de 2009

Aqui é Portugal

Casa Comum, 31 de Agosto de 1938

Cara amiga

Não costumo iniciar o nosso diálogo, pela música, mas hoje apetece-me fazer uma ronda pela últimas novidades aqui chegadas, como deste magnífico disco de Francisco Canaro, um trecho da Invídia. que por acaso é uma coisa que se cultiva muito por cá



Também me chegou à mão este magnífico J attendrai de Tino Rossi, que acho a minha amiga também gostará



Quanto ao Carmona que desembarcou ontem no Terreiro do Paço de regresso de uma deslocação a Angola e São Tomé e Príncipe, Viajou no paquete Angola, a bordo do qual o general presidente fez um balanço da sua visita. "Agradeço hoje à Providência o ter-me guardado para esta jornada maravilhosa".

Foi jornada da repetição até à exaustão, do slogam Aqui é Portugal, uma "Pátria em tamanho natural, duma Pátria em que se confundem todas as raças e todos os séculos" como se lia na primeira página do Diário de Notícias de hoje.

Como se todos os angolanos não brancos, não soubessem, por sentirem na pele, que isso é mentira. Carmona partiu a 11 de Julho, portanto foi mês e meio do Aqui é Portugal.

Vamos ouvir a fantástica 3ª Sinfonia de Mahler ? É uma boa proposta para estes tempos de Verão

5 de junho de 2009

Mate-se já o enciclopedismo racionalista

Casa Comum, 30 de Junho de 1938

Amiga Severa

Já falamos algumas vezes no caminho político de Salazar e do seu projecto, após a Constituição de 1933 e da criação do Estado Novo, seguindo-se a "estatização" de toda a sociedade, tendo por base a "nova ideologia".

Chegou a vez da educação, nada como começar por mudar o nome passando a chamar Ministério da Educação ao antigo da Instrução Pública, cujo último ministro foi o Eusébio da Encarnação, antes do actual "reformador" António Carneiro Pacheco, que é o grande responsável pela condução política de educação do povo segundo a fórmula “As reformas do ensino, feitas pelo Estado Novo, acabam com o estéril enciclopedismo racionalista, fatal para a saúde moral da criança. Servem de base à preparação de homens robustos no físico e no espírito", dizem eles.

O nosso homem é um antigo talassa, vira casacas e antigo ministro durante o sidonismo, esteve ligado à fundação da Mocidade Portuguesa, que não fique a pensar minha amiga, ser apenas uma coisa de homens, porque o Carneiro Pacheco, já se lembrou de si e desde o ano passado já existe a Mocidade Portuguesa Feminina.

A partir de agora e por decreto salazarista, está iniciada oficialmente a guerra à cultura, cujo fundamento das sociedades livres modernas é exactamente o tal enciclopedismo racionalista, apontado agora a dedo como pernicioso, pelo Estado Novo.

Também em Abril passado, foi reconhecido oficialmente o apoio à Junta de Burgos de Francisco Franco, no discurso de Salazar na sessão solene de encerramento da I legislatura da Assembleia Nacional, o novo "solar dos " Ditadura.

Não sei se vem a propósito, mas em tempo de guerras de fascismos, uns mais violentos, outros igualmente maléficos, mas beatos e dissimulados, penso que vale a pena mostrar este pequeno filme de Walt Disney, estreado este ano e que se chama Ferdinand the bull, uma ficção deliciosa, mas utópica dum Ferdinand, que na realidade teria sido feito em bifes.




A referência musical de hoje é um regresso aos meus favoritos piano concerto, hoje é o 5º de Camille Saint-Saens.


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