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20 de março de 2008

Revisitar Albert Camus

Não tenho aqui à mão, muitos dos meus livros, ficaram por Lisboa, na minha casa-mãe, mas por onde, agora pouco paro, rumei a Sul, ficando-me por Portimão e a Lisboa, subo de passagem, às vezes ida e volta no mesmo dia.

Não quero esquecer-me de trazer alguns dos livros de Camus, que por lá tenho e que subitamente me apeteceu reler. Camus foi a minha inebriante descoberta juvenil, num tempo de mentes fechadas, era uma janela, um rasgo na mediocridade e se há dias falei de Gomes Ferreira, como um dos símbolos da minha formação, não poderia deixar de mencionar Camus, no mesmo plano.

Importa também tentar encontrar as razões porque me apetece tanto, retornar ás referências intelectuais da minha juventude, não é por certo por saudosismo, que sei não comportar, mas talvez porque algo na "paisagem portuguesa" de agora, me sugere cinzentísmo, nuvens negras que no meu subconsciente se avolumam.

Coloco a possibilidade, de argumentar legítima defesa, ou é impressão minha ? Embora tema que ninguém consiga convencer-me que se lê nos rostos, nas caras e nas palavras da nossa gente, promessas de esperança em dias melhores.

Há algo de muito medíocre e cinzento nos tempos em que vivemos.

Pode parecer paradoxal eu estar a sugerir-me Camus em acto de defesa pessoal. Ele não era exactamente o homem da mensagem da esperança na espécie humana.Pelo menos para quem o leia desprevenidamente a atitude existencialista não parte dessas premissas para a condição humana, contudo a mensagens final encaixava perfeitamente na ideia que só na solidariedade humana se pode encontrar a solução para o absurdo dos dias que se "vivem".

Preciso de reler o Homem revoltado.

4 comentários:

Lyra disse...

"Não desejo mais ser feliz e sim apenas estar consciente"
- Albert Camus -

Revisitá-lo é redescobrirmo-nos...

Luís Maia disse...

Obrigado Lyra

pela sua atenção em deixar aqui uma nota

Também fui "descobrir" o seu espaço e lhe digo que gosto sempre quando "cheiro" a loucura e o gosto pela utopia.

Luís Maia

Lyra disse...

Obrigada pela simpatia!

Também já me "rebolei" pelos seus blogs e só quero acrescentar que este é, decididamente, o que mais gosto!

Cá voltarei com toda a certeza!

xistosa, josé torres disse...

Não sei se foi exactamente assim que discursou: (quando recebeu o Nobel)

«não posso hoje pôr-me ao serviço daqueles que fazem a história; tenho antes de servir aqueles que a sofrem»

Guardamos sempre uns resquícios de alguns autores.
O "Homem revoltado", li-o mais do que uma vez; se sobrasse tempo voltaria a relê-lo.

Mas concordo plenamente com o cinzentismo ... e não digo mais.

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