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10 de março de 2008

João Sousa Monteiro


É um apaixonado pela Psicanálise e pela Psicologia e sobretudo pelo estudo desta aplicada às crianças e adolescentes na sua odisseia diária: o crescimento

"O desejo de conhecer trás sempre a recordação velada de uma ameaça, esconde sempre o eco de uma condenação. Comer da árvore do conhecimento conduz inevitavelmente à expulsão do paraíso, mas recuar perante o desejo de conhecer conduz inevitavelmente à morte"

João Sousa Monteiro fez um programa no “FM stéreo da Rádio Comercial entre 18 de Maio de 1977 e 29 de Dezembro de 1978” chamado o Homem no Tempo, transmitido duas vezes por semana com suporte áudio (voz de Hitler a discursar, ruídos de aviões, metralhas e explosões, etc).

João Sousa Monteiro, sempre foi incómodo e foi por isso silenciado.

Era inconformista, subversivo e radical. Usava um tom revolucionário pouco habitual porque era contra a formatação do conceito, vulgar e demagógico de “revolucionário”.

"... o sentido ultimo da arte, da filosofia da ciência, da psicanálise e de toda a cultura: ajudar a transformar os "pensamentos impensados " dos outros e de nós próprios, contribuir para que nos outros, e em nós, nasça uma vez, e outra, e outra ainda, o desejo de "criar o mundo", e a capacidade para reconstruirmos, vez após vez, a ilusão de o termos conseguido ...”

“…Um dos tabus sociais de maior importância estratégica para a sobrevivência e bom funcionamento de qualquer sociedade “civilisada” consiste na proibição de pensar.

Sem essa preciosa restrição, imposta sobre cada um de nós com especial vigilância desde o início da nossa existência, nenhuma forma arcaica ou civilizada de organização social poderia provavelmente subsistir

Entreter o “indígena” com toda a espécie de birimbaus civilizados, de comprar-lhe a sua tácita aquiescência de búfalo e vacamente cooperador; distraí-lo a todo o tempo distraí-lo sobretudo de si próprio - de modo que não lhe sobre energia suficiente para perceber, no fundo, o que se passa à sua volta; Meter-lhe sempre à frente dos olhos, um chocalho luminoso – qualquer um dos chocalhos luminosos que a civilização engenhosamente produz – de modo a que não fixe nunca demasiadamente o olhar no mijo moralista em que a Sociedade se apoia, na açorda ideológica que a sustenta; Comprar-lhe assim a sua docilidade postiça é talvez o mais comum e o mais rendoso dos negócios, em que todos, em que todos nós participamos activamente, de formas directas ou indirectas.”

In “Tire a Mãe da Boca” de João Sousa Monteiro.

Conheci João Sousa Monteiro, andaria eu pelos dez anos, era amigo de um dos meus irmãos.
Vivia muito perto de nós, e tinha uma biblioteca fantástica. Íamos os dois, o meu irmão e eu, muitas tardes e noites para casa do João só, simplesmente, para lermos tudo o que era proibido, nessa altura.

Esta é a homenagem que quero aqui fazer, a um amigo, que me ajudou a formar, que me ensinou a pensar, que ajudou a fazer de mim aquilo que sou hoje.

5 comentários:

xistosa, josé torres disse...

"moita carrasco"

maria faia disse...

gargalhada Xistosa


mas nem sei porquê,acho que terias muito a dizer.
No teu blog, dizes o mesmo por outras palavras

Luís Maia disse...

Acho que nunca ouvi falar, mas o que aqui escreve dá pano para mangas.

Imagino bem a recordação fortíssima da tua infância.

Luis Maia

xistosa, josé torres disse...

Nem fazia ideia que alguém se chamava assim ... isto para dizer a verdade nua e crua!

maria faia disse...

Meus queridos Luis e Xistosa

João Sousa Monteiro, é um livre pensador, brilhante.
Penso que a maioria dos portugeses não sabe quem ele é, com excepção, para os fans deste programa de Rádio, que apesar de não ser de massas, como devem calcular, teve importância suficiente para nos idos de de 1978, em plena era pós 25 de Abril, ser silenciado.

Tem mais livros, mas em parcerias com psicólogos.

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