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18 de dezembro de 2007

O PINHEIRO MÁGICO

Há muitos anos atrás, junto do braço florestado de um pequeno lago, viveu um castor chamado Jack.Embora não fosse um ser azedo nem maldoso, antes pelo contrário, era humoroso e labutador, o pobre era o mais pobre dos pobres de que havia memória por aquelas paragens.Ele bem tentara este ou aquele empreendimento. Mas era um azarado e as coisas tinham-lhe corrido sempre mal. Ora porque uma doença o impedira de continuar a trabalhar na construção de diques ou o súbito aparecimento de uma inovação tecnológica lhe esmagara a produção de abafos para as tocas, a diluição dos seus sonhos mais bonitos era uma autêntica fatalidade.E no entrementes com a família crescendo que tanto ele como a sua Laurie, a castora mais alegre e jovial da floresta da outra margem, por ignorância provinda de uma educação que as humildes condições das respectivas famílias haviam furtado à escola, não sabiam como contrariar os desígnios mais misteriosos da natureza.Por fim acabaram na captura e carrego de lenha para os mais afortunados.
Contudo, dada a abundância da matéria-prima e da mão-de-obra disponível, mal ganhavam para alimentarem a prole e sabia Deus quantas vezes os pais se deitavam com não mais que uma bolota de véspera para roerem.Num certo ano, o filho mais novo quebrou-lhe o coração quando lhe pediu uma árvore de natal, como uma que vira na casada menina Dorothie, piscando às cores, no outro lado da janela.Nem um centavo tinha depois de ter comprado os alimentos para a parca consoada do dia seguinte.Foi com os olhos húmidos que Jack explicou a impossibilidade de eles imitarem outros castores mais abastados. Nessa noite chorou a sua triste sorte e foi na exaustão dos soluços que ele se deixou dormir abraçado à sua amada como sempre gostava de fazer.E a neve reforçou ainda mais o extenso lençol branco que demarcava os horizontes.De manhã foi o pequeno Jimmy quem primeiro viu o milagre.Junto da palafita da sua tosca habitação estava um pinheiro carregado de pinhas amadurecidas como no mais quente dia de Verão e que tinham a particularidade de ao caírem num solo florido em redor do sítio, serem substituídas de imediato por outras que se desenvolviam em acto contínuo para logo caírem e assim sucessivamente.O fenómeno durou uns poucos dias até que a árvore adormeceu.Era de tal ordem grande a quantidade de pinhões que os nossos amiguinhos logo se atiraram a transformá-los e a vendê-los nos mercados dos homens, obtendo com isso o sustento que lhes permitiu passar a viver com toda a dignidade.E enquanto Jack viveu, todos os anos, o pinheiro acordava e deixava que lhe catassem os frutos.Ainda hoje, os descendentes de Jack têm o hábito de fazerem uma grande árvore de natal em local público e nunca se esquecem de deixarem uma prenda para todos os castorzinhos pobres das redondezas.

3 comentários:

maria faia disse...

Linda a tua história Luís.
só há uma coisita com que não estou de acordo, e que talvez até o tenhas feito por motivos de escrita, mas...

"...obtendo com isso o sustento que lhes permitiu passar a viver com toda a dignidade."

A dignidade, nada tem a ver com a pobreza ou a abastança. Ali em vez de dignidade, para mim, que sou uma chata, ficava melhor conforto.

xistosa, josé torres disse...

Têm sorte os descendentes de Jack,

"têm o hábito de fazerem uma grande árvore de natal em local público e nunca se esquecem de deixarem uma prenda para todos os castorzinhos pobres das redondezas"

vivem num mundo melhor.
Enquanto "neste" mundo, querem-nos obrigar a deixar a tal prenda!

São os artistas sem braços que nos enviam uma data de postais de Natal.
Idem para a UNICEF.
Para a AMI.
Médicos do Mundo e Crianças de Timor.
E mais duas Associações, uma da qual sou sócio há muitos anos.
Outra, de Vila Nova de Gaia, que nem conheço.
Contribuo para a UNICEF com 25 euros anuais ... eu sei que é pouco ... mas não tenho culpa de não ser a Assistência Social.
É por isso que os descendentes de Jack são felizes e vivem com dignidade.
Podem ou não ter conforto - Maria Faia - mas o pundonor, não se mistura com o dinheiro ...
(Penso eu)

maria faia disse...

Completamente de acordo Xistosa.

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