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4 de junho de 2008

O almoço cá da gerência(II)

Bom também é verdade que existem alguns vinhos Alentejanos de qualidade, mas para mim e para a esmagadora maioria dos meus amigos, actualmente a preferência é clara, pelo Douro.

Estávamos a falar de poder e da minha afirmação complementar da tua, que o poder É sedutor e inebriante e que obviamente vicia.

Também acho que o comportamento do poderosos é inversamente proporcional, à origem e à educação, no fundo ao "berço" de cada um, se me permites que use esse termo.

Uma coisa nunca me esqueci, quando estive na guerra colonial (eu fui sempre um militar de cidade), alguns pretos (não uso expressões ofensivas tipo "de cor" ou "negros") me dizerem que eram, mais mal tratados, por alguns soldados do exército português, exactamente os oriundos do campesinato, do que pelos oficiais.

Como é obvio o ditado "não sirvas a quem serviu e não peças a quem já pediu" está certo, concordas ?

- Sempre gostei muito dos vinhos do Douro.
Claro que o Alentejo também têm muito bons vinhos, principalmente os da Fundação Eugénio de Almeida, os meus preferidos.Mas os vinhos Alentejanos estiveram na moda, o que os inflacionou.

Depois há pessoas que nada percebem de vinhos e que partem do princípio errado, que se é caro é bom. Não é só nos vinhos que isto acontece.

Uso muito esse ditado, Luís; mas no que se refere ao Poder, não estou 100% de acordo com ele, melhor dizendo, acho que esse ditado se refere mais ao poderzinho, por exemplo na arrogância e estupidez da maior parte da polícia, GNR, PSP.

Quando falo em Poder, nas empresas por exemplo, assisti a muitos abusos e das pessoas de quem menos se esperava.
O "paternalismo" dos empresários, que tanto foi criticado, nunca era abusador e foi substituído pelo Poder sem escrúpulos, por ser económico e financeiro.

-Ah é verdade já me esquecia da policia, PSP e GNR os teus ódios de estimação, tenho uma ideia dum post teu no Claras, que relata uma aventura com a GNR, que é simplesmente delicioso.

Eu sei que sou polémico quando digo isto, mas a verdade é que por natureza nós somos sempre contra o poder, sobretudo esse poderzinho das pessoas, que exercem essa autoridade mais próxima dos cidadãos.

Clamamos contra a insegurança dos nossos dias, refilamos contra a falta de esquadras e já agora de polícias dentro delas, mas quando ela actua junto de nós, volta-mo-nos contra eles, lamuriamos pelo perdão se estacionamos em cima do passeio, ou se excedemos o limite de velocidade, o polícia é um malandro, que nos persegue e não nos trata com o devido respeito.

Por outro lado, muitas das pessoas da nossa geração ainda veneram o poder, sobretudo o poder político. Consideram por exemplo, que quando no parlamento o Louçã , chama mentiroso ao Sócrates, isso é condenável porque o Sócrates é primeiro ministro e não se chama mentiroso ao primeiro-ministro, mesmo que o seja.

Que queres dizer com isso do poder "paternalista" e penso que te referes ao "antigamente" da velha senhora, nunca ser abusador ?

Para já acho a expressão "nunca" sempre excessiva e pouco rigorosa, mas qual é o sentido que dás à palavra "abusadora", não levavam empregaditas para a cama era ?

Não, estás enganado, até me dou muito bem com a polícia, mas tenho assistido a cenas com o "meu", que não têm sido agradáveis.

Normalmente os polícias tratam melhor as mulheres, e as polícias tratam melhor os homens.

Só não me safei da multa do telemóvel e foi por pouco!
Ainda estou à espera que digam se me tiram a carta ou não.

A mim não me incomoda nada os insultos que se chamam dentro do Parlamento. Estão entre iguais, e se querem que seja essa a linguagem, a mim é-me indiferente, embora ache que não dignifica nem quem chama, nem quem é chamado.

Em vez de mentiroso, pode-se dizer "o senhor está a faltar á verdade".

Se o Sócrates ou outro qualquer for estúpido, não se lhe pode chamar estúpido, ou então estás a defender a maneira do Jardim falar contra a oposição.

Ou bem que chamam todos, ou bem que não chama nenhum.

Claro que tens razão, 'nunca' é sempre exagero, mas tens de aprender que sou sempre exagerada na minha maneira de falar (gargalhada) outro defeito! mas vais ter de habituar.

Mais uma vez generalizei. Mas repara :

Os latifundiários alentejanos, não eram paternalistas e abusavam do poder, do pagar mal, da fome dos trabalhadores

Mas houve empresas, cujos patrões fizeram casas para os empregados, creches, e pagavam acima da média e eram considerados paternalistas e esses não abusavam dos trabalhadores, como massa de assalariados.

No entanto no que se refere a levar as empregadas para a cama, só se não pudessem (sorriso trocista), mas também aconteceu numa geração onde culturalmente, era aceitável fazê-lo e todas as acções se devem ver nos seus contextos culturais.

Mas a verdade é que não eram pressionadas, ou pelo menos não estavam em risco e tiravam, também, dividendos disso.

Cuidado, desta vez não estou a generalizar, estou a falar de casos pontuais que conheci bem e estou a falar da geração dos nossos avós, e não da dos nossos pais.

-Bom vamos lá a ver, reconheço que esse rótulo do paternalismo, existiu muito como te lembras num certo período do pos-25 de Abril, proveniente do reconhecido exagero na linguagem política que existiu na altura, mas é verdade que existiram pessoas que foram isso, para além da condição acessória de patrões, lembro o Nabeiro em Campo Maior e esse, se teve problemas depois do 25 de Abril, não foi com os trabalhadores mas com o governo e administração fiscal. Porque no que ele tinha ninguém se atreveu a tocar-lhe.

Reconhece que esses "paternalistas" que falas foram uma minoria.

A mesma minoria que hoje existirá e os tempos são outros. A maioria dos patrões está-se nas tintas para que se não possa viver com menos de 400 euros por mês. Pagam o que a lei manda e mais nada.

Espera lá que já continuo a responder-te, mas está na hora da sobremesa, imagino que te fiques pela fruta, já que sei não seres gulosa, mas olha que eu não perdoo uma mousse de chocolate que vi no escaparate, quando entrei.

Não sei se foram uma minoria, Luís.

O grande patronato, não abusou muito, nem tinha os lucros fabulosos que têm agora os empresários e os banqueiros.

Vou-te falar de 3 famílias: António Champallimaud, Jorge de Mello e os Espirito Santos.

Nunca pagaram mal. Fizeram as grandes indústrias e os grandes bancos, mas deram emprego a milhares, e não eram mal pagos.

Não queria falar da minha família, que era uma pequena empresa no 25 de Abril. Mas devo dizer-te que nunca houve uma greve na Crisal, Cristais de Alcobaça, nem mesmo depois dos sindicatos estabelecerem os ordenados para os vidreiros. Os seus ordenados eram superiores aos estabelecidos.

As casas dos operários, feitas pelo meu Avô, foram vendidas aos filhos destes, por dez tostões, e só por ter de haver um preço numa venda.

Parece-me que o abuso é muito maior nos tempos de hoje.
Agora é que só se pensa em dinheiro, em lucro e mais nada.

Não meu querido, nem fruta, fico-me pelo café

(continuará para a 3ª parte)

1 comentário:

Táxi Pluvioso disse...

Em vez do vinho, a Coca-Cola é uma bebida neutra.

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