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24 de junho de 2008

ARROZ DE PATO





Pato mudo



Eu prefiro os patos mudos, mas façam com o pato que mais lhes aprouver.
Peçam para partir o pato em oito bocados.


Num tacho que que tenha tamanho suficiente para fazer o pato e mais tarde o arroz, cá por casa tem de ser grande porque nunca faço com menos de três patos mudos, os maiores, os que têm menos gordura e com a carne mais escura.
Ponham os pedaços de pato a fritar sem nada no tacho, com a pele virada para baixo
Quando virem que os primeiros pedaços já largaram toda a gordura, voltem-nos e deixem fritar, do outro lado e ponham-nos num sítio perto do lume para não arrefecerem muito e vão continuando a fritar os restantes pedaços.


Quando estiverem todos fritos, retirem todos os pedaços e façam na gordura que restou um refogado apurado com duas ou três cebolas bem picadas (as cebolas dependem da quantidade de pato)
Quando o refogado estiver bem apurado, mas não queimado, juntem todos os pedaços de pato no tacho e deixem-nos aquecer.
Depois com um bom cognac ou uma boa aguardente velha portuguesa, reguem os bocados e deitem-lhes fogo.
Deixem arder bem, com uma colher de pau, abram espaços para poder queimar bem.
Vai-se deitando água aos poucos, para estufar o pato e não água em demasia para o cozer.
O pato vai minguando e vai-se acrescentando sempre água aos poucos, para mais tarde se poder vir a fazer o arroz.


Quando o pato está pronto, retira-se do tacho e ainda morno desfia-se. Morno é mais fácil de se lhe tirar a pele.
Normalmente faço esta parte de véspera, para no dia seguinte ser mais fácil retirar o excesso de gordura.
Não a deitem fora, porque a gordura do pato faz magníficas carnes assadas, ou mesmo melhora muito um bom bife, desde que se acrescente à gordura inicial um pouco da de pato.
Faz mal ao colestrol, O.K., mas também não se come todos os dias.
Não se esqueçam do sal e de alguma pimenta moída na ocasião.


Meço o arroz e a água e para ele ficar bem seco, como gosto, pondo o dobro menos uma da medida de arroz.
Já não faço refogado, deixo só o arroz cozer na água. Há quem goste de pôr chouriço a cozinhar ao mesmo tempo que o pato, eu nunca ponho, acho que corta o sabor do marreco.
Quando o arroz está pronto faz-se o que é habitual.
Num tabuleiro de barro, ou num pirex, fazem cama de arroz, espalham bem o pato por cima e cobrem com arroz.
Batam um ovo e pincelem por cima do arroz e enfeitem com rodelas de chouriço.
Levem ao forno até estar dourado e bem quente.


José Quitério, gosta mais de no arroz de pato, pôr o marreco por cima do arroz, desta vez sem ser desfiado, indo assim ao forno.
Eu acho que fica muito seco e José Quitério nunca comeu o meu arroz de pato, se não dava a mão à palmatória.
Acompanhem com uma boa salada.


Era assim que se fazia em casa da minha avó e fica divino, com o arroz bem escurinho, de ter sido estufado o pato, em vez de lhe porem molho de soja para o escurecer.

10 comentários:

xistosa, josé torres disse...

Talvez ...
Até nem sou esquisito e desde que não seja trabalhar ...
Comer morre tudo!
Eu, propriamnente, não sou um indefectível.
O meu filho sim ...
E se o cozinhei mais vezes, foi por ele e os amigos, porque a m/mulher também não é grande apreciadora.
Ovo não, mas queijo ralado, levou muitas vezes em meio tabuleiro.

O chouriço ou salpicão, é para cortar um pouco o próprio sabor do pato, que poucos acham agradável.
Veja se se faz canja de pato.
Fica a saber a penas ...
Mas o chouricito, que era para a merenda, corta-lhe o paladar.
Por isso é que a cozinha é fascinante ...

Como não tenho paciência para desossar o pato e retirar-lhe a gordura, nunca o parto.
Vai inteiro e a gordura dilui-se.
Porque se não se diluir, divide-se o trabalho pelos "batedores de dentes".

Anónimo disse...

Olá Xistosa

Tu não gostas de pato. Pôr queijo no arroz de pato é mesmo para lhe tirar todo o sabor.
Eu acho que pato é bom, gosto de pato assado com molho de azeitonas e gosto do maigret de pato.
O meu arroz é muito bom, mas se o fizeres com o pato inteiro, lá lhe terás de pôr agua suficiente para o cobrir e aí estás a cozer em vez de estares a estufar.

Beijinho

Luís Maia disse...

As coisas que eles sabem.
depois de vos ler sinto-me na obrigação de nunca mais comer uma coisa que serve nos restaurante a que chamam arroz de pato.

Para brilhar vou passar a perguntar " é marreco" ? terei o cuidado de apontar para o bicho, não vá o empregado pensar que estou a por em causa a sua desenvoltura física.

Deitar fogo ao bicho e depois apaga-lo com agua é forma de estufar ?

Aliás a expressão estufar lida na lista, deixa-me sempre na dúvida sobre o que vou comer, necessitando sempre de fazer uma pergunta técnica à minha mulher, sobre a diferença entre estufado e assado.

Afinal o marreco também têm que ser mudo, mas como é que o cozinheiro sabe que o bicho nunca fez quá-quá ?

O pato do José (salvo seja) tem mão de obra, pró cliente mas parece menos trabalhado que o pato mudo da Minucha, ou então é ele que não revela a receita.

Por mim tanto faz, pois como já disse até um ovo estrelado que fiz uma vez foi pro lixo, pois estava enjoativo por excesso de manteiga.

A minha é uma clássica, tudo simples, abc da cozinha, nada de doces mas faz uma sopas espectaculares , cheias de entulho como eu gosto, nada de cremes aguados.

um abraços aos dois

xistosa, josé torres disse...

Não, não necessito de cobrir o pato com água.
O pato é frito em banha, em lume não muito vivo, para conseguir fritá-lo por todos os lados, daí eu amarrá-lo com linha de culinária, que não o deixa, abrir as asas e as protege e as patas, que não amarro muito apertado, para poder fritar.
Depois, se estufo nos diversos ingredientes, não é cozido.
Eu junto salpicão.
Uma vez, UMA VEZ, flamejei-o com aguardente e como há sempre penugens, que não se conseguem tirar, acentuou-se o sabor "a pato" misturado c/penas. Uma amálgama.

Ao flamejá-lo também lhe dá o toque do conhac ou aguardente ... Modifica-lhe o sabor.

Mas não discuto gostos e a água, como é mais ou menos tudo a olho, deito o dobro do arroz.

Nunca mais ... é frito em banha, que depois não aproveito, estufado e assado, não necessito de gabar-me, mas em Vendas Novas, o dono duma farmácia, nem sei se há mais alguma, Carlos Bom, que já tinha comido, assim cozinhado, (fazia-se em caso dos meus pais e era uma barrigada de fome ... nunca fui amante de pato), pediu á minha irmã e lá fui fritar, estufar e assar 4 assadeiras, com 1 pato cada, em forno de lenha. Esta parte do assar, ficou para a empregada, porque não sei assar em forno a lenha ... Nem paciência.

O queijo, é o meu filho que adora arroz de forno com queijo gratinado.
Se já não estiver muito quente, sai todo como um telhado ...

Nem duvido que o seu arroz fique bom.
Só por curiosidade, poucas pessoas gostam de arroz de sardinhas e cá em casa, todos o comem e lambem-se.

Hoje foi cabrito, (dia de S. João), mas que é borrego, (arranjado por mim, nem vestígios de bedum), muito mais saboroso até que o anho.
Todos têm o seu paladar muito próprio e tradições que seguimos por gostar delas.
É o mundo da gastronomia ...

Anónimo disse...

Ai Luisinho só tu me farias rir com essa do mudo
Pato mudo, é uma raça.
estufar é ao lume, no tacho e a assado é no forno.

beijinho

Anónimo disse...

Olá Xistosa


Nunca comi arroz de sardinhas, mas faço um arroz de enguias que é uma maravilha.
Nunca comeste arroz de enguias....

tens toda a razão, há tradições e gostos diferente, felizmente.
Eu gosto imenso de borrego, o "meu" é que não.
Agora vê lá tu que tenho a mania de que não gosto de pato, e no arroz de pato só quase como o arroz.

beijinho

Luís Maia disse...

Bom meus caros cozinheiros vamos lá falar de carcanhóis.

Quando trabalhava e almoçava fora todos os dias procurava como toda a gente

(quase toda especialmente as que pagam as refeições do seu bolso)


restaurantes em conta nessa altura uma dose de arroz de pato devia rondar para aí os seus 5 euros.

Hoje janto fora ás vezes, como é as vezes tanto faz ou é melhor ou é tasca simpática, que sempre gostei de frequentar.

Admito que o arrozinho de pato, servido naquelas coisas de barro,em dose individual, assim amarelinho por cima, com uma rodelitas de chouriço e o marreco desfiado, custe aí 9 ou 10 euros.

Atrevo-me a perguntar-lhes quanto custaria o vosso marreco servido no vosso restaurante ?

um abraço cá do batedor do dente

Anónimo disse...

Olha meu querido

estive um dia quase para abrir um restaurante, sempre foi o meu sonho
mas com o tipo de cozinha que faço e sem abrir mão da qualidade com que como na minha casa, teria sempre de ser um restaurante caro.
A verdade é que fazendo para muitas pessoas sai mais barato do que fazer para 14.
O que sei é que prefiro pagar a qualidade, do que comer mais barato abastardado.
E digo-te mais, tinha a mania de comprar livros de cozinha e um dia chateei-me de vez e nunca mais comprei, porque as receitas eu sabias fazer quase todas, e o que lá vinha eram sempre as receitas abastardadas.
Como a maior parte dos blogs de cozinha que por aí abundam.
São uma dor de alma.
Percebo que queiram ensinar a fazer barato, mas para isso têm de avisar que há receita original e dá-la também
Mas também gosto de comer em tascas e já fiz post sobre elas, mas aí como a comida honesta e nunca arroz de pato.
como a boa carne grelhada e peixe de aviário, mas fresco, ou uma boa feijoada, ou um bom cozido, mas nunca arroz de pato.
Entendes?
Há pratos que para serem bem feitos são caros, e eu gosto de comer bem feito.
É essa a arte da cozinha. FAZER BEM FEITO

beijinho

xistosa, josé torres disse...

Hoje ao passar, verifiquei que havia uma pergunta.
Foi um semi milagre, porque não retorno aos locais onde já estive.
Só sou fiel à praia para onde caminho há cerca de 2o e poucos anos ...
Por sinal, o meu sonho foi um restaurante ...
Até tive um bar de praia, na margem do Douro, em que só pagava a água, por ficar em Gondomar.
Luz e instalações, eram-me cedidas gratuitamente.
Só que como fica mesmo à beira da água, (era um edifício das antigas captações da cidade do Porto - Zebreiros), não havia segurança nenhuma, como não há.
Quem ficou com aquilo, já lhe esventraram o cilindro eléctrico, (termoacumulador), para lhe roubar o cobre.
Depois apareceram-me umas instalações perto do "Drágom".
Além de ser anti-portista, mas ferrenho, tinha que fazer uma sociedade.
Um restaurante só com um prato diário.
Uma especialidade internacional ou não, por dia e trabalhar de 2ª a 6ª.
Nada de bifes, nem bitoques, nem lamechices.
Um prato bem confeccionado e farto, com bons vinhos e boas "entradas".
Mas o sonho já se foi ...
Achei piada a Minucha dizer que comprou livros de culinária ...
eu também ... dá muito jeito estar a dessossar, por ex. o pato e como seguramos o livro, para verificar a receita?
É por isso que não sei fazer doces e não tenho paciência de estar a ler, pesar e medir ...
Ou é tiro e queda, ou então não faço!

Um patito "feio", com 3 quilos, na "Makro" e congelado, são por volta dos 7,5 euros.
Junte-lhe o trabalho, arroz, luz, despesas com pessoal, renda e lucro e o bicho que encolhe ... e para quantos dá?
Se forem da raça dum carnívoro que eu conheço, mas que agora está em Manchester, papa-o todo, que o arroz é só o queijo gratinado, com os bagos que ficam colados.
Pode preparar uma nota de 50 euros, dependendo do restaurante e do vinho.
INTÉ!!!
Bem uma dose de "paella", "fabricada pelo "eu", sem mão d'obra e outros encargos, de instalações e gás, fica por 15/20 euros.
Depois há o vinho, pão e uma coisa que normalmente me esqueço de frisar, o limão, que espremido por cima do arroz, dá um toque diferente.
Num restaurante, teria que cortar em algumas coisas ... mas se aplicar o factor 4, dependendo do tipo de restaurante, (2 é para uma tasquinha que sirva benzinho), será uma refeição para custar por volta dos 50 euros.
Mas quem comer uma vez, nunca mais esquece ...
Bom apetite, que estou à espera da m/metade, para almoçar

Luís Maia disse...

Meus amigos

Os vosso restaurantes de sonho são doutra galáxia.

Deve comer-se maravilhosamente em vossa casa ter a honra de ser vosso amigo e lamber os queixos com patos mudos de sonha e outras iguarias.

É pá o gajo do restaurante e o surrabeco do arrozinho de pato, com a sua rodelinha de chouriço, na frigideira de barro, tudo a 9 euros, ganhou a minha admiração.

Não sei é se vou gostar daquilo

Um abraço

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