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17 de novembro de 2007

Luís Maia corpo inteiro


Muito me satisfez o convite que recebi da Administração da Casa Comum, para fazer parte desta família, já que seguia há um tempo com atenção o seu percurso.

Manda a boa educação quando se entra em casa de alguém que nos apresentemos e para o fazer nada melhor que juntar uma fotografia do autor.

Pode não vos parecer normal, mas asseguro que esse aí, sou mesmo eu há uns (muitos !!!) anos atrás, quando não havia fotografias a cores, com excepção das únicas, que em miúdo me lembro de ver, as coloridas pela minha mãe.

No post assinado há dias pela D.Hilda Botelho, referia-se a mim como sendo autor de blogues de História, de Ópera, músicas e outras banalidades.

Na hora de aceitar dei por mim a considerar que realmente não tinha, por entre a minha cáfila de blogues, nenhum. cuja tema principal, fosse a maior das banalidades, eu mesmo, Luís Maia por inteiro.

Decidi por isso mesmo fazê-lo aqui neste colectivo. Razão porque optei pela exibição dessa velha foto, que, para mim, são a recordação do início da minha vida consciente.

Filho de pai amador fotográfico. Esboço afixar um cartaz de Boas Festas, num enorme eucalipto que existia na frente da nossa casa, perdida numas minas da serra de Lousã, para onde meu pai empregado da CUF, havia sido enviado a encarregado.

Reconheço-me hoje ainda, um pouco inocente nesse sorriso de criança, mesmo quando algumas rugas tentam encobri-lo.

Insisto, eu sou ainda o mesmo, ninguém muda, a Vida, as suas amarguras bem como as pequenas vitórias, vão emoldurando outros cenários. Algumas marteladas nos dedos , enquanto pregamos pregos no destino, ajudam-nos a aprender, mas acho que mantenho o sorriso ingénuo, que não quero perder.

A pequena boina e o seu pompom, ao longo da jornada modificou-se, algumas vezes, assumiu formas de barrete santareno, noutras chapéu de palhaço, algumas vezes halo de anjinho, mas também louros de vencedor coroaram a minha fronte, pelo menos atribuídos pelos mais íntimos, que são o importante.

Relembro os ovos crus ainda quentes, que com dois buracos de agulha nas extremidades, me permitia chupar essa baba que hoje reputo de absolutamente nojenta, do ovo de galinha ainda quente.

Talvez porque quem mos dava, se chamava Afonso Henriques o nosso empregado de lavoura, seja a razão porque desde sempre tenha gostado tanto de História.

Menino, relativamente abastado entre filhos de mineiros, que eram os meus companheiros de brincadeiras, também era na casa deles que me sabia bem partilhar o caldo da gente pobre, que trabalhava muito e pobre ficava por destino imposto.

Não tinha idade para politizar a questão, mas admito que a imagem se me tenha grudado nos subterrâneos da memória, para sempre.

Acreditem ninguém muda, sofremos apenas alguns ajustes.

4 comentários:

xistosa, josé torres disse...

Só o tempo dirá se a cura é de primeira, ou se a carne se estragou ...

Vivi perto da serra da Lousã, 11 anos.

A partir daí perdi os amigos ...
Talvez tenha amealhado outros, porque sou folgazão ... mas os verdadeiros, da meninice, foram-se1
Um até já!

Luís Maia disse...

Xistosa

Era demasiado miúdo, 3/6 anos, para ter fixado amigos, depois vieram os anos negros, por razões políticas e saí desse local.

Os amigos que vieram mais tarde pelos 13/ 14, esses mantenho-os ainda hoje, juntando poucos mais mas muito mais recentes e igualmente bons.

A mina que referi fica na estrada Lousã/Castanheira de Pêra e recordo uma pequena aldeia que dali se avistava chamada Roda Fundeira (havia também a Roda Cimeira)

GRaNel disse...

Seja bem vindo Luis. Gostei bastante do seu texto, que só por si mostra que ainda guarda o menino da fotografia.

Luís Maia disse...

Obrigado Granel

quando aparece uma coisinha sua por aqui ?

Esse humor denso e cheio de códigos faz falta

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