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4 de abril de 2023

Mate-se já o enciclopedismo racionalista

 

Mate-se já o enciclopedismo racionalista

Casa Comum, 30 de Junho de 1938

Amiga Severa

Já falamos algumas vezes no caminho político de Salazar e do seu projecto, após a Constituição de 1933 e da criação do Estado Novo, seguindo-se a "estatização" de toda a sociedade, tendo por base a "nova ideologia".

Chegou a vez da educação, nada como começar por mudar o nome passando a chamar Ministério da Educação ao antigo da Instrução Pública, cujo último ministro foi o Eusébio da Encarnação, antes do actual "reformador" António Carneiro Pacheco, que é o grande responsável pela condução política de educação do povo segundo a fórmula “As reformas do ensino, feitas pelo Estado Novo, acabam com o estéril enciclopedismo racionalista, fatal para a saúde moral da criança. Servem de base à preparação de homens robustos no físico e no espírito", dizem eles.

O nosso homem é um antigo talassa, vira casacas e antigo ministro durante o sidonismo, esteve ligado à fundação da Mocidade Portuguesa, que não fique a pensar minha amiga, ser apenas uma coisa de homens, porque o Carneiro Pacheco, já se lembrou de si e desde o ano passado já existe a Mocidade Portuguesa Feminina.

A partir de agora e por decreto salazarista, está iniciada oficialmente a guerra à cultura, cujo fundamento das sociedades livres modernas é exactamente o tal enciclopedismo racionalista, apontado agora a dedo como pernicioso, pelo Estado Novo.

Também em Abril passado, foi reconhecido oficialmente o apoio à Junta de Burgos de Francisco Franco, no discurso de Salazar na sessão solene de encerramento da I legislatura da Assembleia Nacional, o novo "solar dos " Ditadura.



A referência musical de hoje é um regresso aos meus favoritos piano concerto, hoje é o 5º de Camille Saint-Saens.

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