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29 de outubro de 2008

Pessoa em flagrante delitro

Casa Comum, 28 de Fevereiro de 1929

Amigos comuns já nos têm acusado de estarmos sempre a falar de mortos e de pessimismo em relação ao futuro de Portugal, se neste caso, nada posso fazer, porque os factos não nos deixam ter esperança, já no que à necrofilia permito-me contesta-los, nem sempre assim é, como é o caso de hoje venho falar-lhe de vida, que é sinónimo de juventude.

Assim me foi descrita, a presença dum jovem e promissor maestro alemão de 28 anos, que se estreou há dias em Salzburgo, e parece vir a ser um promissor maestro, vá registando, chama-se Herbert von Karajan.

Interessante também meu caro, foi o negócio entre os fascistas do Mussolini e a Santa Sé, assinado no dia 11. Aquilo se por um lado vem concluir a velha querela do poder temporal do Papa, limitando-o à zona do Vaticano e do castelo Gandolfo, mas abdicando de outros territórios, a troco uma indemnização financeira pelas perdas territoriais durante o movimento de unificação da Itália (Para ajuda das alminhas claro), concedendo o Estado fascista italiano, inúmeras vantagens ao clero, mas duas eu saliento a abolição do divórcio, e a mais importante que foi a compra do do silêncio político da Igreja Católica.

Ficou determinado que o papa deveria jurar neutralidade eterna em termos políticos, concederam-lhe a hipótese de poder actuar como mediador em assuntos internacionais, mas só quando fosse solicitado.

Foi assim que o Tratado de Latrão fechou a boca a Pio XI e sabe-se lá a quantos mais que se lhe seguirão.

O meu amigo deve ter lido a entrevista do Salazar, ao Diário de Notícias de há uma semana por considerar que um dos vícios dos portugueses é pensar que o Estado deve ser o protector da sua incapacidade e o banqueiro inesgotável da sua penúria.

Naturalmente que estou pronta a reconhecer, que existe no povo português a tendência, para esperar, que sempre apareça um Sebastião, para o aparar e proteger, isso obviamente que pode se considerado um defeito, mas não pode deixar de se atender às realidades concretas, de cada povo.

Para se ser ambicioso, ter espírito de iniciativa, criatividade, enfim todos os requisitos, para que um povo se liberte, siga o seu caminho, sem esperar as migalhas que possam cair da mesa do poder, é preciso muito mais do que ser
miseravelmente pobre, analfabeto e doente, como é esta gente que se arrasta pelas ruas de Lisboa ou pelos campos, sem o mínimo de condições para se poder superar, sem o amparo Estatal, se Salazar se demitir dessa função, pode equilibrar as finanças acabar com o deficit público, mas condena o seu povo, à morte lenta pela via do sofrimento

Referiu ainda o homem que para alguns, o Estado é o inimigo que não é crime defraudar

Terá razão por certo, mas também lhe digo, meu amigo, que nesse caso mais uma vez as responsabilidades cabem inteirinhas ao Estado e em especial ao próprio, não é então ele o Ministro das Finanças a quem compete (ou deveria competir), que cuide das Finanças Públicas ?, organize-se e veja antes de mais quem nos defrauda a todos.

Deixo-lhe esta foto que o Fernando Pessoa me entregou e que foi tirada há dias na adega do Abel Pereira da Fonseca e como o próprio disse "fui apanhado em flagrante de litro"


2 comentários:

Táxi Pluvioso disse...

Como os tempos mudaram. Agora pedem-nos o litro de volta...

Luís Maia disse...

Temos que o dar não é ?

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