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27 de dezembro de 2008

Manifestações orquestradas e novas polícias

Casa Comum, 30 de Setembro de 1931

Minha cara amiga

Primeiro as más notícias.penso que não sabe do falecimento em Abril de Henrique Oswald, o compositor brasileiro, como vc sabe foi um dos compositores mais importantes deste nosso tempo. Soube que ele tinha morrido em Junho, no Rio de Janeiro com 79 anos. Enfim um brasileiro, que matizou a sua obra, entre os coloridos da sua terra e as influência europeias, através dos seus estudos em Florença.

Prometi eu, começar com as más notícias, como se houvesse boas nesta terra. Pelo menos no que toca a novidades da vida política é sempre mais do mesmo.Agora o Salazar inventa truques de maquilhagem, como a dissolução da odiosa Polícia de Informações do Ministério do Interior, passando-a para a PSP, mas também incorpora a polícia Internacional Portuguesa, no Ministério do Interior. Não se espera nada de diferente, já que a esta polícia, que até agora tinha como missão vigiar fronteiras, irá ter por certo nova funções, já que Salazar tem evidentemente duas obsessões a Maçonaria e o Comunismo.

Em Maio no dia 19 o Lopes Mateus do Interior, mandou fechar e selar o edifício do Grémio Lusitano, a sede nacional da Maçonaria. Um dos últimos acto do Mateus, já que acabou por transitar para a Guerra substituindo o Schiappa de Azevedo

Os ataques à maçonaria e à centrais sindicais, não abrandam, quer à de predominância anarquista (CGT), quer a que os comunistas pretendem organizar a Comissão Inter-Sindical, na clandestinidade por forma a poderem substituir os sindicatos entretanto extintos.

Nada disto porém foi feito ao acaso ou de surpresa, a Ditadura preparou bem esse ataques, primeiro organizando uma manifestação espontânea gigantesca em 17 de Maio, de apoio a Salazar e a Carmona. Comboios especiais transportam para Lisboa, os "partidários da Ditadura", para uma concentração em Belém, perante o Carmona, comício no Teatro S.Carlos e no Coliseu ( a ópera buffa portuguesa no seu melhor) e o inevitável discurso do salvador da Pátria, desta vez com o título sublime "O interesse nacional da política da Ditadura". Parece que o Domingos de Oliveira o palhaço chefe do governo também discursou, mas francamente acho que ninguém lhe ligou.

No 28 de maio, mais um aniversário da "revolução nacional", já vai no 5º e mais uma organização da embrionária União Nacional, com a predominância tónica nos adversários habituais.

As manifestações de desagrado e resistência possível, limitou-se a uma bomba em Lisboa no Alto do elevador de Santa Justa e alguns tumultos na Rua do Carmo.

Quero entregar-lhe em mão o 1º número do jornal Avante, do Partido Comunista Português, que vc, muito embora não sendo bolchevique (tal como eu), não deixará de ler com muita atenção, mas com o máximo cuidado, por causa da polícia.

2 comentários:

Táxi Pluvioso disse...

O povo é sereno. Por isso o seu nível de vida é invejado por todos.

Feliz ano novo.

Luís Maia disse...

Obrigado caro Táxi

Mas o povo sereno anda na bolha que vai rebentar, elas rebentam sempre é uma questão de tempo

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