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5 de julho de 2008

Agitação nas ruas e demasiada calma cá em casa

Gostei de ler o livro de poesia desse jovem vila-condense recém formado em Filologia Românica, chamado Poemas de Deus e do Diabo, que dá pelo nome de José Régio.

Interessante para livro de estreia que reflecte a ansiedade dos tempos que se vivem as dificuldades económicas mas sobretudo a insegurança política.

Os atentados bombistas sucedem-se, com ataques que por vezes são semanais

É a cultura que adocica a alma e torna os momentos de insegurança mais suaves, mas o povo esse não tem alternativas sofre insegurança e tiroteio pelas ruas.

Pus a tocar na grafonola, este magnífico trecho do jovem compositor Villa Lobos, saído no ano passado que dá pelo nome de Choros nº5-Alma Brasileira, de que tenho gostado imenso desde que os começou a publicar em 1920 essa colectânea instrumental chamada Choros.

É assim que me consigo abstrair de toda a agitação política, ainda marcada pelos dois facto mais relevantes as sequelas do caso Alves dos Reis e o fim do monopólio dos tabacos.

No Parlamento ainda em Janeiro, Amâncio de Alpoim, criticou severamente a administração do Banco de Portugal de ser uma caverna de falsificadores e ladrões, mas as opiniões dividem-se aventando as hipóteses possíveis com grande veemência, para uns o caso Alves dos Reis está relacionado com um vasto plano soviético, ou para outros um ferrete de estrangeiros.

A Revolta de Almada, em Fevereiro passado, reflecte a confusão política. A revolta chefiada pelo construtor civil José Martins Júnior, reunindo outubristas, sidonistas, ex-democráticos, formigas pretas e radicais, tentou tomar de assalto o Quartel da Escola Prática de Artilharia em Vendas Novas.

Nada que se pareça contudo, com a revolta militar de 18 de Abril do ano passado, mas parece-me que no meio militar existe uma simpatia crescente por soluções ditatoriais, tipo Primo de Rivera em Espanha ou o exemplo fascista italiano .

O cansaço de sofrer também "empurra" o povo para o apoio a soluções desse tipo, a meu ver contra-natura.

Ouvi dizer que amanhã Afonso Costa, vai presidir à Assembleia Geral da Sociedade das Nações, o que é sempre uma honra para o País, mas o Afonso Costa desde que se exilou em 1918, só ocupa lugares na cena internacional, nunca mais quis ocupar cargo na política nacional, embora muitas vezes tenha sido convidado.

Há políticos assim, muito portuguesismo mas quando chega a hora do prestígio pessoal e do dinheirinho ganho lá por fora não querem outra coisa

Estou ainda a aguardar a chegada da nova governanta beirã, que se chama Maria de Jesus de quem espero, saiba administrar este casarão que embora actualmente sem hóspedes, espero venha a ter em breve alguns inquilinos.

Já pus anúncio no O Século e no Diário de Notícias, com o seguinte teor

Aluga-se Quarto, na Casa Comum, a pessoa interessada, em compartilhar este espaço e com disponibilidade para os serões à conversa, sobre qualquer assunto interessante do nosso tempo,
Esmerado tratamento de roupas, e sistema de refeições caseiras a combinar.

Casa Comum, 7 de Março de 1926

8 comentários:

Anónimo disse...

Nunca a Casa Comum esteve tão bem!!!
Parabéns Luis
Um óptimo projecto.

Beijinho
Minucha

xistosa, josé torres disse...

Não sei se o soar dos passos compassados e o ranger do chão não aproximam a solidão.
Eu não conseguiria sobreviver ...
"rezando" e destilando histórias da História.

Olhe a cozinha ... olhe a cozinha... que não se deve só alimentar a alma dos outros ... e a carqueja já ardeu completamente.
Também o petróleo está no fim do garrafão.
Baixe a mecha da candeia que os olhos habituam-se ao lusco-fusco ... sem problemas.

Uma solidária semana!

Luís Maia disse...

Não digas isso Minucha, sem nenhum intuito de ser bajulador, porque não sou capaz de o ser o melhor da casa fui com os dois.

Agora é uma ideia gira, A minha dificuldade é fazer as pessoas entender que não quero fazer mais um blog de História.

Quem quiser entrar, não precisa de saber de História, aquilo está ali para servir de base e 1926, significa que vem aí o Salazar.
O tema das "benéficas ditaduras" continua actual.

Que impede qualquer pessoa de colaborar ?nada que a imaginação não possa suprir.

Até podemos falar de 2008, desde que se introduza a personagem dum(a) vidente que me vai dizer em 1926 o que vai acontecer aqui hoje


bjs

Luís Maia disse...

Mau caro José

Não se safa do convite que sempre tenho presente fazer-lhe para vir até á Casa.

Não lhe apetece história, mas conhece segredos da cozinha ancestral e ficaria óptimo nos nossos seróes a falar dum pato à antiga, ou um qualquer coisa à Bulhão Pato.

Não quero resumi-lo à cozinha, a sua vasta cultura e experiência não deixaria de fornecer outros sabores a esta casa

Um abraço

xistosa, josé torres disse...

Tenho 3 blogs.
Um, em espanhol, já o desaprendi ... mas como está a 50% da capacidade, vou-lhe indo ...
O "ucometa", quero acabar com ele e juntá-lo ao "inséte", arranjei um escravo, mas que quer libertar-se não me faz o que quero ...
Não tenho tempo.

Para ser franco, vou ser sincero.
Não gosto de sociedades.
Não é o caso ...
Gosto de assumior o que posso fazer e não ter compromissos.
Costumo dizer, mesmo a sério e na "tanga", que nem em mim acredito.
É uma verdade ...
Sempre fui um rebelde e mão quero comprometer-me ... já chegou uma vez e vão quase 35 anos ...
Já não mudo ...
Obrigado pela deferência ... mas acho que os passos compassados e pesados, numa casa antiga, ficam mais soturnos.
Como se eu visse através das vidraças ...

Anónimo disse...

Sempre quero ver o que vai dizer a vidente!!!
risos

sempre quero ver se acerta....

Luís Maia disse...

Meu caro José

Não tem que agradecer é pelo apreço que me merece, que não escapo à tentação de o convidar.

Mas apareça como quiser e sem compromisso

Um abraço

xistosa, josé torres disse...

Aprendi com o caro, Luís Maia, algo.
Devemos voltar ao local do creme.
Mais não seja para comer o bolo!
(não há erros de ortografia, é mesmo assim ...)

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