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31 de maio de 2009

O prisioneiro pessoal do sr.Adolfo




Casa Comum, 31 de Maio de 1938
Cara amiga

Fazendo de André Gide, poderei perguntar-lhe "Quem é este novo Jean Paul ?", referindo um novo nome das letras francesa que dá pelo nome de Sartre, o tal Jean Paul, a propósito dum livro seu chamado a Náusea, onde nos fala de Antoine Roquentin, um historiador letrado e viajado, que chega à cidade de Bouville, (em tradução livre a cidade da lama), para escrever uma biografia e acaba por fazer uma análise violenta à nossa sociedade burguesa, a mim a si e a todos nós.

Diga-se em rodapé muito mais critica à sociedade dele a francesa, que à nossa, essencialmente pacóvia e retrógrada do Portugal de hoje
.

Este homem a continuar assim, vai por certo, sacudir o pensamento moderno, para já não falar, da sua própria vida privada e do seu casamento com Simone de Beauvoir, a quem ela trata por "meu pequeno ser", aludindo a pequena estatura física de Sartre.

Fala-se que ambos vivem a sua relação, sem partilharem o mesmo tecto, sendo ambos livres para outros amores. Tudo no pressuposto da liberdade.

Liberdade que os novos poderes emergentes na Europa próxima, detestam, isto a propósito do julgamento de Martin Niemöller na Alemanha de Hitler.

Trata-se dum pastor luterano, que se atreveu a contestar
a tirania do Adolfo, muito embora tenha em 1924 votado no partido hitleriano, após a subida destes ao poder, em 1933, Niemöller – então pároco em Berlim-Dahlem – entrou em conflito crescente com o novo governo.

Numa recepção na Chancelaria em Berlim, ele contestou o ditador pessoalmente. Segurando a sua mão fortemente disse-lhe: 'Sr. Chanceler, o senhor disse que devemos deixar em suas mãos o povo alemão, mas a responsabilidade pelo nosso povo foi posta na nossa consciência por alguém inteiramente diferente'.

Em Fevereiro deste ano. começou o seu julgamento diante do Tribunal Especial II em Berlim-Moabit, pondo fim a um longo processo de perseguições que culminaram com a sua prisão.

Segundo a acusação, Martin Niemöller teria criticado as medidas do governo nas suas pregações "de maneira ameaçadora para a paz pública", teria feito "declarações hostis e provocadoras" sobre alguns ministros do Reich e, com isto, transgredido o "parágrafo do Chanceler" e a "lei da perfídia".

A sentença foi de sete meses de prisão, bem como 2 mil marcos de multa.
Os juízes consideraram a pena como cumprida, em função do longo tempo de prisão preventiva. Niemöller deveria assim ter deixado a sala do tribunal como homem livre.

Para Hitler, no entanto, a sentença pareceu muito suave. Ele enviou o pastor como seu "
prisioneiro pessoal", para a prisão, até que lhe apeteça liberta-lo.

Todos os dias temos que falar em liberdade, ou melhor dizendo, na falta dela, muito embora por cá tudo aparente tranquilidade e paz, sob a benção do senhor da Calçada.

A festa do trabalho "nacionalizado e institucionalizada" a 1 de Maio, este ano foi em Viana do Castelo, o desfile naútico do Dia da Marinha foi no dia 5 e o acampamento nacional da Mocidade Portuguesa, são os eventos políticos do mês de Maio.

Por mim prefiro, fazer-lhe o convite para ouvirmos a 6ª Sinfonia de Mahler.

2 comentários:

xistosa, josé torres disse...

Prefiro uma sinfonia, à bestialidade humana.

Apesar de ser atribuída a diversas personalidades é de Martin Niemöller:

Quando os nazis levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista.
Quando ...

Luís Filipe Maia disse...

Essa frase reflecte a falta de solidariedade e o egoísmo de todos nós.

nem todos o reconhecem, não é ?

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