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11 de maio de 2009

Nódoa de sangue a alastrar no céu

Casa Comum, 10 de Fevereiro de 1938

Cara amiga

Não sei se soube mas no passado dia 25 de Janeiro a nossa gente lisboeta entrou em perfeita em histeria por causa duma aurora boreal, cujo aspecto avermelhado alastrava pelo céu, prenunciando para alguns o fim do Mundo.

A particularidade nacional, que se traduz, na necessidade, mesmo enfrentando todos os perigos, de ver melhor, essa obsessão de ver tudo fez com que, segundo relata o Diário de Notícias, "À porta da igreja da Estrela esteve para ser preso um indivíduo que pretendia arrombar a porta que dá para o zimbório, a fim de observar lá do alto o que se passava nas regiões celestes. O guarda e o sacristão tiveram de chamar a polícia, pois é proibida a subida ao zimbório depois do pôr do sol."

Ao que parece lá para a Meia Laranja muita gente se juntou mesmo em trajos sumários "aguardando com ansiedade o fim do mundo, de que supunham anúncio infalível aquela mancha vermelha, que se alastrara no céu estrelado como uma grande nódoa de sangue"

Foi assim que a "sarapanta", como chamam os pescadores do bacalhau à aurora boreal, habituados que estão a vê-la por terras da Terra Nova e Groenândia, semeou o pânico por todo o lado.

Não fossem os zunzuns que a contestação provocada em alguns sectores das Forças Armadas, pelas "reformas" introduzidas pela acção de Oliveira Salazar, poderia conduzir a um golpe militar contra o Estado Nove e ficaríamos a pensar que o facto da PSP, a GNR e Legião Portuguesa, terem sido colocadas em estado de alerta e poderíamos ser levados a concluir, que o objectivo fosse prender a D.Aurora Boreal.

Fui à estreia de mais um filme português, a Rosa do Adro de Chianca de Garcia, sempre com a esperança que comecemos a deixar de gatinhar e iniciemos o caminhar, no sentido de fazer melhor cinema. Fui ao Trindade no passado dia 3, e vi por lá gente habitual nesta coisas.

O filme contava com a linda e talentosa Maria Lalande(Rosa), o Tomás de Macedo(António) e o Oliveira Martins (Fernando), entre outros.




Também assistimos nos nossos dias, a uma crescente onda de nacionalismo na América Latina. Na Bolívia o ano passado um governo militar confiscou as propriedades da Standard Oil e no México os trabalhadores do petróleo pressionam o governo do presidente Cardenas também para a nacionalização.

Deixo-lhe a interpretação da Lucha Reys essa notável cantora mexicana, como exemplo, da tomada de consciência que os povos da América do Sul, estão atingindo no sentido de sacudir a pressão das forças imperialistas.

3 comentários:

xistosa, josé torres disse...

Só vim espiar, mas deparei-me com uma curiosidade.
Tomás de Macedo foi colega e desportista com o meu pai.
Parece que jogou andebol de 11 e outras modalidades pelo Sporting.
Tenho uma fotografia em que se vê perfeitamente um abraço dele ao meu pai que jogava pelo Belenenses, no final dum jogo de andebol de 11.
Não havia rivalidades como as com o Benfica
Estudaram juntos.
Lembro-me do meu pai ter ido ao funeral dele.

Ainda não estou operacional a 100%, mas o vício é mesmo isso, o hábito de proceder mal, ou será bem?
Espero regressar brevemente.
(gostei da Lucha Reys. O que se aprende e aprreende por aqui).
Até já!

Luís Filipe Maia disse...

Meu caro José Torres

Confirmo em absoluto que pelo menos andebol ele jogou no Sporting.

Lembro-me de o ver era eu miúdo e ele tinha figura de galã, pelo que não surpreende ele ter sido convidado para o cinema.

Rivalidades com o Benfica, sempre foram difíceis de colocar no campo do ideal desportivo. Há uma atitude permanente de petulância que não favorece.

Por aqui são notas dispersas dum tempo, que achei importante recordar, mal é quando começarmos a perceber que essas notas vão rondando as nossas memórias.

Não tarda nada estou a nascer

Um abraço e as suas melhoras

Táxi Pluvioso disse...

Até numa situação de fim do mundo os portugueses ficam a ver. É um povo contemplativo.

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