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22 de setembro de 2008

Chegou a ditadura das Finanças

Minha cara Severa

Lamento que vc, não tenha podido acompanhar-me ao Chiado Terrasse quando há dias fui ver o novo filme do Charlie Chaplin, a que chamou o Circo. Recordo ainda como gostou daquele outro que vimos já há um tempo o Garoto.



De facto ese jovem comediante inglês tem imenso talento, muito embora como tantos outros seus colegas me pareça também não querer aderir aos novos tempos do sonoro, neste caso justificado, porque me parece que o seu tipo de trabalho com esta figura de Charlot, só tería a perder "sonorizando" a sua voz.

Era o que precisavam de perceber alguns políticos que por aí andam, mudos, prestavam melhor serviço ao País.

Já sei que você está de partida para a Argentina, para acompanhar a sua amiga Celia de la Serna, que recentemente foi mãe, nos primeiros tempos de vida do filho que me disse chamar-se Ernesto.

O nosso Charlot das finanças, o insignificante beirão, começa a ganhar peso no governo do Vicente de Freitas de tal modo que já se fala numa DITADURA DAS FINANÇAS, tomando conta por dentro da própria estrutura do governo, com o apoio militar pois veja bem que no segundo aniversário do 28 de Maio, os oficiais da guarnição militar de Lisboa, presidida por Domingos de Oliveira vão visitar Salazar agradecendo-lhe a obra feita.

Muito embora em pouco tempo, o homem já se fez uma reforma orçamental (14 de Maio), onde se proíbe a criação de novas despesas sem autorização do ministério das finanças, como disse o Fernando Pessoa aí está a Ditadura das Finanças.

Salazar passa a ter como subsecretário de Estado do Orçamento Guilherme Luiselo Alves Moreira, desde 4 de Maio. O respectivo chefe de gabinete é Antero Leal Marques, antigo funcionário das finanças de Coimbra. Mantém a colaboração activa do director-geral da fazenda e secretário-geral do ministério Alberto Xavier, republicano convicto e antigo chefe de gabinete de Álvaro de Castro, que chegara a estar preso, durante um mês, em 1927. Outro elemento colaborador, proveniente da anterior máquina republicana, é o governador do Banco de Portugal, Inocêncio Camacho.

É esta minha amiga pois a equipe da Ditadura Financeira, com militares a ajudar não me agrada pensar que se vá eternizar.

Ouvi dizer que o Shostakovitch estreou uma ópera chamada o Nariz, enquanto não sabemos nada sobre isso aqui fica a Second Waltz.


Casa Comun, 31 de Maio de 1928

3 comentários:

Táxi Pluvioso disse...

O governador do Banco de Portugal devia chamar-se sempre Inocêncio.

Luís Maia disse...

Pelo menos por alcunha completa

Inocêncio Anjinho Faz Frete

Gabriela Sá disse...

Muito interessante, estes flasbacks históricos...

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