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19 de novembro de 2008

O duplo ministro

Casa Comum, 31 de Janeiro de 1930

Há muito tempo que não lhe escrevo e muito embora nas questões políticas seja o meu amigo o mais erudito e eu mais para as artes, também não fico indiferente aos aspectos políticos.
Destaco a morte do Primo de Rivera, em Paris, no passado dia 16 de Março. Afinal o ditador espanhol, grande "farol inspirador" dos nossos governantes actuais e dos mentores do golpe original do 28 de Maio.

Contudo caiu em desgraça junto do rei e abandonado pelos altos comandos militares e pelo rei, apresentou a sua demissão e exilou-se em Paris, não sem antes recomendar a Afonso XIII alguns nomes de militares que poderiam suceder-lhe à frente do governo, entre eles o do general Dámaso Berenguer, o senhor que se segue.

Por cá continua a saga dos militares, meu caro amigo, aí está o general Domingos de Oliveira, um "velho talassa", ligado ao movimento da espadas, que levou o Pimenta de Castro ao poder em 1915. Enfim os governos e os ministros vão e vêm, mas o Finanças de Santa Comba, permanece, cada vez mais poderoso, embora com novas companhias, que duvido não seja ele a escolher.

Aliás os poderes do ministro Salazar, ficam mais que reforçados, já que ocupa a pasta das Colónias em acumulação. Curiosamente na sequência um conflito, em que o próprio Salazar, era interveniente, por causa da concessão dum crédito a Angola, que opunha as Finanças ao governador do Banco de Angola, Cunha Leal e que tinha estado na origem da queda do governo anterior.

Naturalmente que após a tomada de posse do novo governo, Salazar duplamente ministro, começa por demitir Cunha Leal, "deixando" que o Conselho de Administração, daquele banco, nomeie Mendes Cabeçadas para o substituir.

Hoje fica uma sugestão de zarzuela, já que falámos de Espanha, por razões bem menos felizes, fica um apontamento da La picola molinera, de Pablo Luna, estreada em 1928

4 comentários:

Táxi Pluvioso disse...

Não era má ideia o nosso ministro das Finanças actual acumular também a pasta dos Colonizados. bfds

Luís Maia disse...

O diziam que não havia era pasta para nada, mas afinal vai aparecendo, para quem é mais carenciado, os banqueiros

Táxi Pluvioso disse...

Claro, um país que não toma conta dos seus ricos é um país subdsenvolvido.

Luís Maia disse...

Claro que é verdade, por mais voltas que queiram dar ao caso BPP e por mais que insistam em dizer que é para nos salvar e à imagem de Portugal.

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