Da esquerda para a direita, de pé: pároco do Coimbrão (não pertencente ao grupo), Teixeira de Vasconcelos, Raul Proença e Câmara Reis; sentados: Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro e Raul Brandão. )
Há muitos anos que sou frequentador do Café do Gelo, no Rossio, o antigo botequim do Gonzaga, como foi chamada quando da sua fundação no século passado e que desde sempre mantêm as suas características do café das elites revolucionárias.
Ontem saí de lá já pela meia-noite, depois de numa tertúlia ter ouvido Aquilino Ribeiro, encantar-nos com a sua verve, contando-nos os projectos da "sua" Seara Nova, que havia ajudado a fundar em 1921, acorrendo à iniciativa de Raúl Proença e outros intelectuais do nosso tempo
O seu objectivo de serem poetas militantes, críticos militantes, economistas e pedagogos militantes e contribuir para quebrar o isolamento da elite intelectual portuguesa, aproximando-a da realidade social, alertava-os para o que consideravam ser o perigo, soprado da Itália de Mussolini, o fascismo.
Entusiasmado Aquilino falou-nos da semana que a Seara Nova estava a organizar para se iniciar na semana que vem a 27 de Março, na luta contra esse movimento fascista que em Portugal era conduzido pelo Centro do Nacionalismo Lusitano
Á saída encontro Rodrigues Loureiro, secretário-geral interino do Partido Comunista Português, após ao afastamento de Carlos Rates, que me informa do início do II Congresso do seu partido, no próximo dia 29 de Maio na Caixa Económica Operária.
Os seus objectivos eram vastos explicou-me, reforçar a organização do partido e promover a sua melhor integração na luta popular. O seu entusiasmo era evidente, por finalmente se ir realizar este Congresso, sucessivamente adiado por decisão da Internacional Comunista que, duvidava da solidez político-ideológica do Partido.
Regressei a casa pensativo, mas por outro lado feliz, porque para além de todas as confusões e tiroteios que diariamente ocorriam pela ruas, tinha em curto espaço de tempo oportunidade de ouvir representantes quer da intelectualidade, quer do movimento popular, que me fazia acreditar que o ideal republicano democrático está vivo.
Aluguei um dos quartos da Casa a uma senhora, que me pareceu de excelente condição e muito asseada, embora na curta conversa que tivemos me tenha parecido pessoa dedicada às letras, também fiquei com a ideia de ser interessada por assuntos doutra transcendência.
Uma coisa temos em comum o gosto pelo fado lisboeta, veio a propósito falar-me dum tal Alfredo Marceneiro de profissão, vencedor dum concurso organizado pelo poeta Botto no Sul-América ali à Rua da Palma.
Já nos prometemos uns serões fadistas cá na Casa com a Severa Mourisca.
Casa Comum, 20 de Março de 1926
Ontem saí de lá já pela meia-noite, depois de numa tertúlia ter ouvido Aquilino Ribeiro, encantar-nos com a sua verve, contando-nos os projectos da "sua" Seara Nova, que havia ajudado a fundar em 1921, acorrendo à iniciativa de Raúl Proença e outros intelectuais do nosso tempo
O seu objectivo de serem poetas militantes, críticos militantes, economistas e pedagogos militantes e contribuir para quebrar o isolamento da elite intelectual portuguesa, aproximando-a da realidade social, alertava-os para o que consideravam ser o perigo, soprado da Itália de Mussolini, o fascismo.
Entusiasmado Aquilino falou-nos da semana que a Seara Nova estava a organizar para se iniciar na semana que vem a 27 de Março, na luta contra esse movimento fascista que em Portugal era conduzido pelo Centro do Nacionalismo Lusitano
Á saída encontro Rodrigues Loureiro, secretário-geral interino do Partido Comunista Português, após ao afastamento de Carlos Rates, que me informa do início do II Congresso do seu partido, no próximo dia 29 de Maio na Caixa Económica Operária.
Os seus objectivos eram vastos explicou-me, reforçar a organização do partido e promover a sua melhor integração na luta popular. O seu entusiasmo era evidente, por finalmente se ir realizar este Congresso, sucessivamente adiado por decisão da Internacional Comunista que, duvidava da solidez político-ideológica do Partido.
Regressei a casa pensativo, mas por outro lado feliz, porque para além de todas as confusões e tiroteios que diariamente ocorriam pela ruas, tinha em curto espaço de tempo oportunidade de ouvir representantes quer da intelectualidade, quer do movimento popular, que me fazia acreditar que o ideal republicano democrático está vivo.
Aluguei um dos quartos da Casa a uma senhora, que me pareceu de excelente condição e muito asseada, embora na curta conversa que tivemos me tenha parecido pessoa dedicada às letras, também fiquei com a ideia de ser interessada por assuntos doutra transcendência.
Uma coisa temos em comum o gosto pelo fado lisboeta, veio a propósito falar-me dum tal Alfredo Marceneiro de profissão, vencedor dum concurso organizado pelo poeta Botto no Sul-América ali à Rua da Palma.
Já nos prometemos uns serões fadistas cá na Casa com a Severa Mourisca.
Casa Comum, 20 de Março de 1926
6 comentários:
Ia jurar que já tinha comentado, mas como estou sempre a asneirar...
Ainda bem que já alugaste um quarto.
mas se faz favor, és capaz de me explicar que raio de critério é este das novas etiquetas, que não percebo népias?
Aluguei um quarto mas tenho mais, sabes que a Casa é muito grande.
Etiquetas ? uma forma de manter esta nova séria à tona de água, ou seja em cima
Etiquetas (segue)
Ficam primeiro por datas depois por pessoas e depois por entidades
Certo ?
Eu vou lendo ...
Penso que as datas de entrada não condizem com as de saída.
Envelhecemos rapidamente ...
Nunca gostei de histórias, desculpe de História ... vou ver até onde "auguento"!
Meu caro José
Não espero que este seja um blogue de história, podem ser apontamentos de coisas da Casa Comum que é esta, que se chama Portugal.
Podem ser apontamento que foram escritos por alguém em tempos idos.
Aqui qualquer coisa cabe, quem manda aqui é a imaginação.
Um abraço
Não ligue ao xistosa- josé torres.
Alguém lhe há-de perdoar.
Nem que seja a história a absolvê-lo!
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